Estatal chinesa quer comprar minas da Rio Tinto no Canadá
19/06/13
A mineradora estatal China Minmetals disse ontem que poderá fazer uma oferta de compra pelas operações canadenses de minério de ferro da Rio Tinto, avaliadas em US$ 4 bilhões, num sinal de que a China não perdeu o apetite por esse tipo de ativo apesar da desaceleração econômica.
A Minmetals, um dos veículos preferidos do governo chinês para negócios internacionais na área de mineração, está interessada na Iron Ore Co. of Canada, da Rio Tinto, e está “observando” os acontecimentos, disse ontem seu presidente-assistente Wang Jionghui nos bastidores de uma conferência setorial. Uma postura mais ativa na direção de uma proposta vai “depender de vários fatores, como parceiros”, disse ele.
“Já investimos nessa região antes e estamos familiarizados com ela”, disse Wang, que foi cuidadoso ao caracterizar o interesse da Minmetals como provisório, acrescentando que os ativos da companhia anglo-australiana são apenas alguns dos muitos que a Minmetals está analisando. A Rio Tinto não quis comentar o assunto.
Se a proposta da Minmetals se materializar, será mais uma da série de aquisições de companhias canadenses pelos chineses, cuja maior foi a da produtora de petróleo e gás Nexen pela Cnooc em fevereiro, por US$ 15,1 bilhões. Uma aquisição pela Minmetals também contribuiria para quase uma década de aquisições de ativos de mineração no Canadá pelos chineses. O país é o sétimo maior fornecedor de minério para a China, maior produtora de aço do mundo.
Uma proposta da Minmetals poderá desencadear uma batalha em várias frentes pela participação da Rio Tinto na maior produtora de minério do Canadá. A companhia de commodities suíça Glencore GLEN.LN -1.14% Xstrata e as firmas de private equity americanas Blackstone e Apollo Global Management APO +0.12% estão interessadas nos ativos, segundo pessoas a par dos acontecimentos.
A Minmetals é a primeira mineradora chinesa a confirmar interesse nos ativos. As siderúrgicas chinesas citadas por analistas como potenciais interessadas, indicaram ontem não estar preparadas para tentar comprar a participação. Um porta-voz da Baosteel, a terceira maior companhia siderúrgica chinesa em termos de produção, disse que “não adotou nenhuma medida” no sentido de comprar qualquer ativo da Rio Tinto. A Wuhan Iron & Steel, a quarta maior siderúrgica chinesa, disse que não pretende fazer uma proposta. A Hebei Iron & Steel, a segunda maior, não quis comentar.
A Minmetals não é estranha no Canadá. Sua unidade Minmetals Resources1208.HK +1.01% comprou a Anvil Mining, baseada em Montreal e que concentra suas operações no Congo, em 2011 por US$ 1,3 bilhão. A Minmetals também operou a mina de antimônio Beaver Brooke, em Newfoundland, por três anos, até janeiro deste ano.
A companhia chinesa também teve seus percalços na América do Norte. Em 2011, ela retirou uma proposta de US$ 6,6 bilhões pela mineradora de ouro e cobre Equinox Minerals, depois de ser superada pela Barrick Gold do Canadá.
A presença chinesa nas minas canadenses data de 2005 e em 2011 havia feito 14 aquisições no setor avaliadas em US$ 1,5 bilhão, segundo a Dealogic. Os acordos sino-canadenses no setor em 2011 incluíam joint venture de US$ 40 milhões entre aCentury Iron Mines FER.T -1.05% e a Wisco International Resources Development & Investment, uma unidade da Wuhan Iron & Steel Group. Naquele ano, uma unidade da Wuhan comprou o projeto de exploração de ferro Lac Otelnuk da Adriana Resources por 120 milhões de dólares canadenses (US$ 118 milhões).
O interesse da Minmetals na unidade da Rio Tinto ocorre mesmo com a aparente redução do apetite chinês por ativos globais de mineração e metalurgia. O ritmo das aquisições chinesas diminuiu desde 2011, em meio à queda da demanda mundial por aço, segundo a Dealogic. Os preços do minério de ferro caíram 27% em relação ao pico registrado em fevereiro, para cerca de US$ 116 a tonelada métrica nesta semana, segundo o índice The Steel Index.
Mas a demanda por aço não deverá entrar em colapso. As importações de minério pela China continuaram altas nos últimos meses, após atingirem o recorde de 744 milhões de toneladas em 2012.
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The Wall Street Journal