Especialistas debatem sobre o número de mulheres na alta gestão da mineração
19/03/24
De acordo com dados do movimento Women in Mining (WIM Brasil), em 2023, 21% do corpo funcional do setor mineral era composto por mulheres, 4 pontos percentuais a mais do que no ano anterior. As painelistas Camila Silva, cofundadora e vice-presidente da Coletivo Quantos; Carine Giesbrecht, analista de Desenvolvimento Humano Organizacional na Samarco e Rosane Santos, diretora de ESG, Meio Ambiente e Relação com Comunidades da BAMIN debateram ações para potencializar a carreira da mulher para ocupar posições executivas na categoria, com moderação de Patrícia Procópio, presidente do WiM Brasil e diretora na Hexagon na 3ª edição do Diversibram: Diversidade e Inclusão da Mineração do Brasil, promovido pelo IBRAM.
Patrícia avalia que apesar do aumento da participação, o número de desligamentos também está crescendo. “Passamos para 32%, expressando um aumento em 16 pontos percentuais em relação a 2022. Não estamos conseguindo retê-las e isso nos leva a refletir: será que estamos dando o acolhimento necessário?”, questiona. Para Carine, além da presença delas dentro das mineradoras, é importante analisar também a ocupação em cargos de liderança, bem como a atuação de mulheres que também fazem parte de outros grupos sub-representados. “Indicadores do IBGE apontam que 37,4% dos cargos gerenciais são ocupados por mulheres. No nosso setor, a participação feminina na Média Gestão Corporativa está em 33% e na Alta Gestão Corporativa em 24%. Ao analisar os dados mais profundamente percebemos ainda sub-representação a mulheres pretas, negras, LGBTQIAP+ ou com deficiência na alta gestão”, diz.
A representante do Coletivo Quantos explica que os dados demonstram avanços, mas o processo ainda é lento. “Nós, mulheres negras, lidamos, ao mesmo tempo, com as questões de gênero e de raça. Os desafios atingem proporções ainda maiores. Precisamos pensar em possibilidades reais de mudanças e perceber que não se trata somente das executivas na mineração, mas sim, de todo o percurso do trajeto nas carreiras – como acesso à educação formal, inserção no mercado de trabalho na área de formação, condições de trabalho e respeito às individualidades”, afirma Camila. “Identifiquem nas suas respectivas áreas quais são os reais bloqueadores que impedem que as mulheres negras caminhem para as posições de alta liderança. Nós precisamos de oportunidades reais”, acrescenta.
Já a diretora de ESG, Meio Ambiente e Relação com Comunidades da BAMIN ressalta a importância da representatividade. “Na discussão sobre diversidade e inclusão, os desafios estão para todos os setores e as organizações são recortes da sociedade. Na minha opinião, a mineração ainda apresenta forte resistência e para a mulher ainda é difícil acessar os cargos de entrada. Para se ter uma ideia, em algumas das operações de mineradoras, ainda se fala em oferecer ou não banheiros femininos e ao olhar para o lado, eu não enxergo outras mulheres pretas. Há que se fazer uma transformação muito profunda e olhar para inclusão e diversidade para além das metas e das cotas, entendendo essa necessidade como um tema de justiça social”, acredita.