Especialistas apostam que a China manterá forte expansão
27/02/08
A China, país cuja economia cresceu 11,4% em 2007, deverá manter o ritmo de crescimento neste ano apesar de a crise de crédito imobiliário de alto risco (subprime) nos Estados Unidos ameaçar contaminar outras economias do globo. Com isso, a forte demanda por commodities da China continuará aquecida, apostam os economistas.`Mesmo em um cenário muito pessimista, acredito que a China deverá crescer 9%`, disse o conselheiro estratégico para temas de China da Universidade de Columbia, Trevor Houser.A mesma opinião é compartilhada pelo diretor de pesquisa e análise da consultoria Eurasia Group, Harry Harding. `A inflação é um fator preocupante, mas a taxa atual é relativamente baixa se comparada com a média das demais economias emergentes`, comentou. A taxa de inflação na China encerrou dezembro de 2007 na casa de 6,5%, mas em janeiro, a escalada de preços continuou e o Índice de Preços ao Consumidor (IPC) subiu para 7%.Harding destacou que o forte crescimento chinês é resultado das reformas políticas e econômicas realizadas no país asiático desde 1978. O vicepresidente de assuntos acadêmicos do Levin Graduate Institute of International Relations and Commerce, da Universidade Estadual de Nova York, Cao Cong, destacou ainda que, `um das principais alavancas dessa evolução acelerada na economia foi o fato de o governo chinês elencar a educação e os investimentos em pesquisa e desenvolvimento como prioridades ao longo desse período.O bom desempenho da economia chinesa, aliás, abre oportunidades para o Brasil, de acordo com especialistas no mercado chinês, especialmente no setor de energia renovável e de minério, segmento onde o País poderá contribuir para que o país asiático consiga reduzir o índice de emissões de gases poluentes. `A principal matriz energética da China é o carvão. No Brasil é a água e nisso ele leva vantagem`, lembrou o diretor da `Asia Society?s Center` sobre EUAChina, de Nova York, Orville Schell.`O governo chinês tem consciência da importância da questão das mudanças climáticas e tem se preocupado em buscar alternativas de produção menos poluentes, ao contrário do governo dos EUA`, acrescentou.Schell, Harding, Houser e Cao Cong participaram ontem, em São Paulo, do seminário `China: desafios e oportunidades`, organizado pela Federação das Indústrias do Estado de São Paulo (Fiesp). O evento foi realizado com o objetivo de analisar o forte crescimento econômico da China e buscar discutir as oportunidades de integração entre os dois países.China é um fator novo no cenário global e hoje é o segundo maior parceiro comercial brasileiro, ultrapassando a Argentina, e ficando atrás somente dos Estados Unidos, lembrou o presidente do Conselho Superior de Comércio Exterior da entidade patronal, Rubens Barbosa. `Agora é o momento de tentar fazer com que a China retribua o reconhecimento de economia de mercado feito pelo Brasil`, disse o exembaixador.Brasília reconheceu Pequim como economia de mercado em novembro de 2004. `Hoje há uma frustração por parte do Brasil porque os investimentos prometidos não foram realizados pelos chineses`, comentou Barbosa durante a abertura do seminário na sede da Fiesp. Segundo ele, o objetivo do evento é criar uma agenda positiva entre os dois países com o objetivo de reduzir o déficit comercial brasileiro com a China. Hoje o Brasil exporta US$ 9 bilhões e importa de US$ 12 bilhões a US$ 13 bilhões, acrescentou.`Precisamos acelerar a cooperação em áreas complementares para que o Brasil volte a registrar superávit com a China`, afirmou Barbosa para uma platéia com cerca de 950 inscritos.
Gazeta Mercantil