ESG: conceito indispensável para pavimentar o caminho da mineração do futuro
24/06/21
Um dos protagonistas da economia brasileira, a mineração passa por uma ampla transformação em seus processos produtivos, em sua governança e em seu patamar de sustentabilidade. O reforço das práticas de ESG (sigla em inglês para ações relacionadas ao meio ambiente, à responsabilidade social e à governança) para pavimentar o futuro dessa indústria foi tema de debate nesta 4ª feira (23/6) no 2º encontro online do Lab de Comunicação para Mineração da Associação Brasileira de Comunicação Empresarial (Aberje).
“Praticamente todas as ações que o setor mineral tem tomado desde 2015, quando houve o rompimento da barragem de rejeitos em Mariana (MG), têm dado ênfase aos componentes proteção ao meio ambiente, responsabilidade social com relacionamento mais aberto e transparente com as pessoas e aprimoramento da governança. E, obviamente, o setor tem se dedicado incessantemente a melhorar a segurança operacional, afirmou o diretor-presidente do Instituto Brasileiro de Mineração (IBRAM), Flávio Ottoni Penido, em sua fala na abertura do encontro virtual.
Segundo ele, o IBRAM está à frente de um profundo processo de transformação do setor mineral brasileiro desde então. “As empresas brasileiras buscam estar plenamente aderentes à corrente internacional que baliza investimentos e comportamentos corporativos mundo afora. Entendem que o Brasil e os brasileiros precisam contar com uma mineração cada vez mais moderna, sustentável e parceira do desenvolvimento socioeconômico, afinal, este é seu maior propósito”, declarou.
O encontro, que contou com a participação de mais de 180 pessoas, foi moderado pela diretora de Relações Governamentais e Responsabilidade Social da Kinross, Ana Cunha. Segundo ela, os profissionais de comunicação têm exercido um papel estratégico nas companhias para melhorar a reputação, peça fundamental para os negócios. “A narrativa eficiente tem um propósito de transmitir com clareza as ações sustentáveis e sociais das empresas”, analisa.
Heiko Hosomi Spitzeck, diretor do Núcleo de Sustentabilidade da Fundação Dom Cabral, trouxe a perspectiva da Academia sobre o tema para a discussão. Segundo ele, o debate é relativamente novo para alguns, mas essas questões sempre foram debatidas nas salas de aula. “O mais importante é a empresa pensar sobre as questões envolvendo ESG não apenas para basear suas estratégias e investimentos, porém, entender que são práticas que vão agregar valor ao seu negócio”, afirma.
Matheus Lombardi, sócio e Head de Relações Públicas XP Inc, mostrou que esses conceitos são fundamentais para o mercado financeiro. Segundo ele, isso é uma resposta às demandas da sociedade. “Se a gente for olhar para o mercado internacional como funciona ESG e como as pessoas investem, inclusive as novas gerações, elas já consideram fundamental investir em empresas que seguem critérios ESG. Nos Estados Unidos, por exemplo, metade das pessoas investe em empresas que seguem essas boas práticas”. Ele acredita que as organizações que não seguirem essa linha não vão conseguir financiamentos aos mesmo custos de outras que aplicam os conceitos e, talvez, não consigam competir e até sobreviver no mercado.
Olinta Cardoso, gerente executiva de Responsabilidade Social da Petrobras, trouxe para o debate que um desafio para a indústria da mineração é a transição das empresas para a inovação, pois se trata de um setor muito tradicional. “A consciência de mudança já chegou, porém, a mudança não é tão simples. O que faz a diferença são as pessoas e as lideranças. Há um processo de mudança cultural em curso. Empresas são feitas de pessoas. Se tivermos uma sociedade mais comprometida, teremos consequentemente setores mais comprometidos. O mundo sustentável vai além das práticas das empresas, é uma ação conjunta”, analisa.
Todos os debatedores foram enfáticos em dizer que o papel do comunicador é fundamental na transformação das empresas em relação aos conceitos de ESG e também na reputação dela diante da sociedade.