Equipe mineira busca recursos para participar de olimpíada da mineração
02/02/17
Pelo quarto ano consecutivo, uma equipe de estudantes de engenharia da mineração foi selecionada para sair do Sul de Minas e representar o Brasil em uma olimpíada curiosa de extração de minérios por métodos antigos. Mas a participação na 39ª edição dos Jogos Internacionais de Mineração, o Mining Games, pode não acontecer este ano. Com a crise, o grupo não consegue patrocínios de empresas privadas e nem apoio financeiro da Universidade Federal de Alfenas (Unifal), onde estudam, que também teve cortes de orçamento. Correndo contra o tempo, eles abriram uma ?vaquinha? na internet para tentar arrecadar dinheiro para a viagem.O Internacional Mining Games, ou olimpíadas de mineração, teve sua origem em 1978. A competição consiste em sete provas que relembram como era a mineração antes das tecnologias, mais precisamente em 1972.O estudante do 7º período do curso de engenharia de minas da Unifal, André Costa Lopes, de 23 anos, acredita que o conhecimento dos métodos antigos utilizados na competição ajuda a desenvolver novas tecnologias cada vez mais eficientes.?É importante saber como era difícil antigamente e então dar valor nas facilidades da atualidade. Foi através do conhecimento antigo que as chegamos às máquinas que temos hoje e que facilitam nosso trabalho. Uma é a evolução da outra, as novas tecnologias são necessárias para tornar o processo cada vez mais rápido, seguro e eficiente, e os jogos nos dão essa possibilidade de conhecer de onde tudo começou.?A Universidade Federal de Alfenas foi a única representante do Brasil em dois anos dos três em que a equipe participou dos jogos representando o Sul de Minas Gerais. Além da Unifal, alunos da Universidade de São Paulo (USP) participarão pela primeira vez este ano do campeonato que acontecerá entre os dias 22 e 26 de março.A equipe da Unifal surgiu em 2012 e é composta por 10 alunos do curso de engenharia de minas do campus de Poços de Caldas (MG). No último ano, ficou em 17º lugar na classificação geral e trouxe uma medalha de bronze após representar o Brasil na competição. ?Nos dois primeiros anos nós focamos em pesquisas, e em 2014, fomos para a primeira competição. No ano passado conseguimos uma medalha na prova de topografia?, conta o capitão do time, Henrique Lima, de 30 anos.Provas Mining GamesDurante a competição, a equipe precisa realizar todas as sete provas utilizando técnicas antigas no menor tempo possível. No ?Mucking?, os participantes devem encher um carrinho de minério de duas toneladas e transportá-lo entre dois pontos no menor tempo possível. No Hand Steeling, os integrantes devem perfurar o mais profundo possível um bloco de concreto utilizando um martelo 3?? e 4?? e uma talhadeira.Já a Swede Saw exige que a equipe serre uma seção de madeira no menor tempo possível, seguindo uma determinada técnica e normas. No Gold Panning, os integrantes devem procurar um determinado minério em uma bateia cheia de material indesejado, como areia e lama. Ganha a equipe que também tiver o menor tempo na soma final. No Track Stand, o objetivo é adicionar uma seção de trilho, dormentes, conectando placas e parafusos no menor tempo possível e depois desmontá-la.Na prova Surveying, dois competidores de cada time recebem um ponto de partida e devem informar as coordenadas de um ponto final desconhecido, utilizando como equipamento de posicionamento um teodolito rústico. A equipe vencedora é determinada pela precisão da identificação das coordenadas do ponto desconhecido. E no Jackleg Drilling, vence o time que perfurou com maior profundidade um bloco de concreto com um martelo pneumático.?Tudo é baseado em técnicas antigas. A bateia relembra os mineradores que iam procurar ouro, metais pesados em riachos. A serra é porque eles utilizavam muita madeira para fazer as estruturas e também os trilhos e os dormentes manualmente, para depois encher o carrinho de minério e transportá-lo. Perfurar a rocha para colocar explosivos também era manual.Topografia era importante para a população se localizar ou então, fazer uma planta do local que vai trabalhar?, explica Lopes.Mineração brasileiraAlém das participações no Mining Games, a equipe da Unifal desenvolve um projeto social para estudantes de ensino médio com o objetivo de apresentar o curso e auxiliar os estudantes a escolherem o futuro de suas vidas ? e quem sabe, na área da mineração.No ?Mineração em Campo?, os universitários oferecem um dia no centro de treinamento e fazem palestras sobre as experiências dos estudantes universitários nos Jogos Internacionais de Mineração, demonstrações e exposições das provas, passeio pelo campus com brindes.?Nosso principal objetivo é trazer a cultura de mineração para o Brasil?, afirma Lopes.Segundo último levantamento do Instituto Brasileiro de Mineração (Ibram), feito em 2014, a mineração é responsável por quase 5% do PIB brasileiro e é capaz de oferecer produtos utilizados em indústrias metalúrgicas, fertilizantes, siderúrgicas e, principalmente, as petroquímicas.Todos os anos os capitães de equipe se reúnem durante o Mining Games para escolher o país que sediará a competição em dois anos. Pela primeira vez, a equipe da Unifal tentará fazer do Brasil a sede dos jogos em 2019. ?Nossa equipe é tradicional nos jogos e estamos crescendo a cada ano. Nosso sonho é trazer para Poços de Caldas a 41ª edição do Mining Games, pela tradição e estrutura que podemos oferecer?, conta o capitão do time.
G1