16/07/18

Secretário de Geologia, Mineração e Transformação Mineral do Ministério de Minas e Energia, Vicente Lôbo – crédito: divulgação

Em uma série de entrevistas exclusivas realizadas pelo Portal da Mineração, o Secretário de Geologia, Mineração e Transformação Mineral do Ministério de Minas e Energia, Vicente Lôbo, explica que para o desenvolvimento do setor é fundamental que o Brasil tenha uma visão de médio e longo prazo e uma maior interlocução com a sociedade. Confira:

Portal da Mineração – Recente publicação do WMC aponta como os grandes países mineradores do mundo China, Estados Unidos, Canadá e Austrália. Porque a mineração no Brasil não é tão desenvolvida quanto em outros países mineradores? Como chegar a esse patamar?

Vicente Lôbo – Quando perdemos a aula, não tiramos dez na prova. A mineração brasileira “perdeu a aula” nos últimos 30 anos. Ela ficou acadêmica, regulatória e discutindo o que não tem que ser discutido. Ela deixou de crescer.

O Brasil tem uma visão que espera resultados imediatos. Para desenvolver políticas de qualquer setor é fundamental que ter política de médio e longo prazo. A mineração tem que mudar.

Nos últimos anos deixamos de ter interlocução com a sociedade e política. Acredito que o Brasil está preparado para se tornar uma potência dos grandes países mineradores mundiais. As questões que dificultavam estão basicamente pacificadas. Não é que estão resolvidas, nunca estará tudo resolvido. Mas criou-se um elemento chave para poder ser um aporte do futuro. A parte regulatória está resolvida, a Agência tem um papel importantíssimo e cabe ao setor mineral cobrar a edificação da ANM com pessoas sérias e comprometidas.

Vejo um futuro muito promissor. Somos um país continental e temos uma vocação de geologia extraordinária… Se considerarmos o mapeamento geofísico do Brasil veremos que temos oportunidades impressionantes. Precisamos de uma política de fomento ao setor, com interlocução com investidores internacionais, estabilidade política e regulatória, comprometimento com o aproveitamento de matéria prima…

É necessário também fomentar as universidades e investir em tecnologia. Os agentes de desenvolvimento estão desaparelhados e adormecidos. Sem a visão de processos não vamos fazer uma política de médio e longo prazo. O setor, a academia e a indústria têm um papel fundamental para a criação de um programa de desenvolvimento de tecnologia mineral no Brasil. O setor tem que ter uma visão holística para poder crescer.

É preciso definir um programa, criar perspectivas, unir todos os atores, ter uma integração com a sociedade e agentes para trabalhar nesse sentido. Perdemos para nós mesmos nos últimos anos, mas isso não pode acontecer no futuro.

Temos conhecimento e profissionais maravilhosos, que me arrisco a dizer que são os melhores do mundo. Precisamos entender essa mecânica, fazer workshops, juntar profissionais, academia, empresas (pequenas, médias e grandes) e o braço tecnológico. Sou muito otimista. Vejo muito potencial para o País.