Energias do Brasil e Eike Batista acertam parceria
25/07/07
António Martins da Costa, o presidente da holding Energias do Brasil, companhia controlada pela energética portuguesa EDP, passou boa parte do dia de ontem em meio a reuniões com os conselheiros de administração. E além da aprovação das contas do segundo trimestre de 2007, o encontro tinha outras responsabilidades pela frente. Precisava ratificar um acordo que já vinha sendo costurado há alguns dias: a formação de uma sociedade com o empresário brasileiro Eike Batista. E foi o que aconteceu. Segundo a parceria firmada, Batista, por meio da sua MPX Mineração e Energia, virou sócio da Energias do Brasil em dois projetos de usinas térmicas a carvão. Com capacidade conjunta de 1,050 mil megawatts (MW), os empreendimentos demandarão investimentos de US$ 1,9 bilhão e deverão ser negociados no leilão de energia nova A-5 do governo federal, que ainda não tem data. A denominação A-5 significa que um projeto negociado no pregão tem cinco anos para entregar seu primeiro megawatt. No acordo, portanto, ficou estabelecido que a MPX terá 50% dos 1,050 mil MW, cabendo a outra metade à filial da EDP. “É uma parceria que nos complementa bem”, diz Martins da Costa ao Valor. Complementa porque, na verdade, o acordo está fundamentado em dois projetos que já tem algum tempo de estrada. Em outras palavras, a Energias do Brasil entrou com os direitos de implantação de uma térmica a carvão mineral no distrito industrial de São Luís (MA), adquirida junto à Diferencial Energia Empreendimentos e Participações em abril deste ano, e a MPX colocou à mesa o seu projeto localizado em Pecém, no Estado do Ceará. A térmica maranhense tem capacidade de 350 MW, enquanto que a empreitada cearense possui 700 MW. O acordo prevê também que a MPX vai desembolsar R$ 2,5 milhões pelos direitos da térmica maranhense e mais R$ 7,5 milhões na venda da energia do empreendimento. E esses valores equivalem, respectivamente, à metade do valor gasto pela Energias do Brasil quando adquiriu a usina junto à Diferencial. Por outro lado, a filial do grupo EDP também gastará algo. Pagará à MPX R$ 5 milhões à vista pelos direitos do projeto de Pecém e mais R$ 15 milhões na venda da energia dessa usina. “O Eike Batista tinha 100% da usina do Ceará e nós tínhamos 100% do empreendimento do Maranhão. E como a MPX precisa de grande quantidade de energia e a Energias do Brasil atua no setor, há grande sinergia”, conta Martins da Costa. Além disso, o carvão que será utilizado em ambos os projetos será trazido do exterior, o que alavanca a importância da Energias do Brasil. Isso, porque a sua controladora é grande compradora desse insumo no mundo, já que possui usinas térmicas na Espanha e também em Portugal. O fechamento da parceria mostra que a Energias do Brasil, que atua na área de distribuição, geração e comercialização desse insumo, está realmente disposta a apostar na produção de energia no país. Tanto é assim que seus indicadores financeiros deram um salto significativo no último trimestre, após a decisão de ampliar a geração. Um bom exemplo é o lucro antes de juros, impostos, depreciações e amortizações (lajida). No segundo trimestre deste ano, o lajida da Energias do Brasil alcançou R$ 311,6 milhões, o que significou um acréscimo de 91,6% em relação ao mesmo indicador verificado entre abril e junho do ano passado. O lucro líquido da holding também não ficou atrás e deu um salto. Subiu de R$ 26,069 milhões no segundo trimestre de 2006 para R$ 112,88 milhões em igual período deste ano, o que significou uma alta de 333%. Já o faturamento líquido da empresa somou R$ 1,15 bilhão no segundo trimestre deste ano, alta de 27,3% em relação ao registrado entre abril e junho de 2006. “Tivemos um desempenho melhor em algumas das nossas áreas de distribuição. Mas a geração do insumo saltou de 540 MW no ano passado para mais de mil neste ano”, resume Martins da Costa.
Valor Econômico