Empresas globais com marketing e público local
23/10/08
SÃO PAULO – O marketing global não existe. A afirmação é do americano Richard Monturo, um expert em marketing cultural e propaganda que participou esta terça-feira (21) do evento New Brand Communication, em São Paulo. Monturo é um estudioso dos BRIC (Brasil, Rússia, Índia e China). Para ele, as empresas precisam aprender a trabalhar melhor com equipes e realidades locais. E combinar o passado do país, respeitando a cultura local, com o novo. Como exemplo desastroso citou a construção de grandes shoppings em Bangalore, na Índia. ?As pessoas lá tem o hábito de fazerem suas compras nas ruas. Entender esse tipo de comportamento, e respeitá-lo, é essencial para o futuro?, disse.A dica de Monturo para quem vai se aventurar num novo país, com o objetivo de conhecer o consumidor de lá e vender pra ele, é imersão total, mas ?fingir ser de Marte para perceber as diferenças?. Monturo diz que, quando chega num lugar novo, só lê ? e vê – as notícias locais. ?É preciso pensar que você só é interessante se for interessado no seu público?, afirmou. Para isso, as empresas têm de ter em seu quadro pessoas com ?talentos múltiplos? ? e saber treiná-los.Marcas para exportarNo Brasil, Monturo também observou hábitos e marcas. Para ele, algumas empresas nascidas aqui têm muitas chances de se tornarem globais, principalmente se optarem por crescerem em países em desenvolvimento. Citou as Lojas Americanas, que ?está onde você precisa?, a inovadora marca carioca de roupa Osklen, a empresa aérea Gol e o guaraná Antártica. O exercício também foi feito na China, Índia e Rússia. Novos mercados, como os países árabes, com consumidores islâmicos, podem ser os próximos objetos de estudo de Monturo.Ascensão socialO Brasil também é fonte de estudo para a londrina TWRAmericas, do pesquisador Tim Lucas. Com a ajuda de psicólogos e antropólogos, Lucas tem feito um trabalho nas classes de menor poder aquisitivo, mas que estão ascendendo socialmente por conta da melhora na economia brasileira, constada nos últimos anos. Uma primeira constatação é que as famílias estão menores e talvez por isso comprem bens mais caros, como um tênis de R$ 600, como declarou um dos entrevistados numa pesquisa qualitativa feita recentemente. O personagem era morador do Jardim Iguatemi, periferia de São Paulo.Blogs, Orkut e MSN também fazem parte da realidade da classe C paulista. Mas todo cuidado é pouco para tentar atingi-los por esses meios. Eles são antenados, aceitam a propaganda se ela for explícita ou espontânea (comentar sobre um filme bom e indicar aos amigos, por exemplo). Se a tentativa for fazer algo velado, nas entrelinhas, a empresa, com certeza, terá problemas com esses consumidores. De acordo com Lucas, esses jovens, com essa nova realidade econômica, com certeza se comportarão de forma diferente na hora de comprar algo. É bom ficar de olho neles.Licitações bilionáriasUma pesquisa divulgada pela organização da Big 5 Show, feira do ramo de construção que vai ocorrer em novembro, em Dubai, mostra que, apesar da crise financeira internacional, existem atualmente 250 projetos em fase de licitação na região do Golfo Arábico, que juntos representam um total de US$ 120 bilhões.De acordo com o levantamento feito pela empresa Proleads, o custo individual desses empreendimentos varia de US$ 12 milhões a US$ 13,6 bilhões, sendo que 135 deles estão concentrados na Arábia Saudita e nos Emirados Árabes Unidos. Os 10 maiores projetos somam um total de US$ 64,3 bilhões.A Big 5 é a principal feira do setor de construção do Oriente Médio e conta com um estande organizado pela Câmara de Comércio Árabe Brasileira e Agência Brasileira de Promoção das Exportações e Investimentos (APEX). Nesta edição 37 empresas do Brasil vão expor e outras tantas vão enviar representantes para visitar a mostra.Rei do cobreO Pará produzirá 700 mil toneladas de cobre por ano em 2012, de acordo com estudos do Instituto Brasileiro de Mineração (Ibram). Esta posição elevará o Brasil à categoria de oitavo produtor mundial deste minério, logo atrás da Rússia (com 730 toneladas por ano).Até lá, o cobre avança também no mercado mundial, respondendo por uma fatia generosa das exportações na Amazônia Legal. ?De janeiro a agosto de 2008, a exportação de cobre da Amazônia atingiu US$ 515 milhões. Pará e Mato Grosso são os estados exportadores de cobre da Amazônia Legal?, completa André Reis, coordenador do Ibram da Amazônia. O cobre exportado pela Amazônia, em especial pelo Pará, destina-se à Alemanha, Coréia do Sul, Suécia, Índia e China, maiores mercados consumidores no exterior.As variações deste e outros bens minerais no mercado mundial serão discutidas no I Congresso de Mineração da Amazônia, que será realizado pelo Ibram, com apoio do Governo do Estado e da Federação das Indústrias do Pará (Fiepa), de 10 a 13 de novembro, em Belém.Quarta posiçãoDe acordo com o Ibram, no ranking dos minérios mais extraídos na Amazônia, atualmente, o cobre ocupa a quarta posição (11,3%), atrás do ferro (35,2%), alumina (17,6%) e alumínio (15,1%). O Pará é o estado da região amazônica que mais produz este minério. Desde 2007, mantém produção em torno de 120 mil toneladas, o que corresponde a US$ 900 milhões.Entre os atuais investimentos voltados para este minério no Pará, destaque para a implantação do projeto Sossego (na região de Carajás), que envolve US$ 400 milhões. Os demais somarão algo em torno de US$ 2,5 milhões. Hoje, o cobre é extraído apenas em Canaã dos Carajás. No futuro, haverá projetos nos municípios de Marabá (Salobo), Parauapebas (Alemão), Cristalino (Curionópolis), 118 (Canaã), desenvolvidos pela Vale; e Boa Esperança (Tucumã), da Caraíba Mineração.Para destravarO chefe do Departamento de Negociações Internacionais do Itamaraty, embaixador Evandro Didonet, espera que a realização da Segunda Cúpula América do Sul-Países Árabes (ASPA), que vai ocorrer no primeiro semestre de 2009 em Doha, no Catar, ajude a destravar a negociações do acordo de livre comércio entre o Mercosul e o Conselho de Cooperação do Golfo (GCC), que reúne, além do país sede do encontro, a Arábia Saudita, Bahrein, Emirados Árabes Unidos, Kuwait e Omã.O processo foi formalmente lançado justamente durante a primeira cúpula, que ocorreu em Brasília, em maio de 2005. Depois de algumas rodadas, no entanto, as tratativas esbarraram na resistência da indústria petroquímica brasileira, que teme a concorrência dos produtos do Golfo, região onde o setor é bastante forte.MaioriaPara ser considerado de livre comércio, o acordo tem que incluir a maioria esmagadora dos bens que fazem parte da pauta comercial dos países envolvidos, segundo as regras da Organização Mundial do Comércio (OMC). No caso das exportações do GCC, os petroquímicos têm um peso considerável. ?A cúpula deve abrir uma perspectiva. Vamos continuar insistindo, pois seria politicamente importante no mínimo avançar no acordo e, se possível, concluí-lo?, disse o diplomata.Acima da médiaO crescimento econômico do Oriente Médio e da Ásia Central será maior do que a média mundial neste ano e no próximo, segundo relatório do Fundo Monetário Internacional (FMI) reproduzido pela agência Zawya Dow Jones. Mesmo assim, a duas regiões vão sofrer reflexos da crise financeira internacional, embora não diretamente.De acordo com o Fundo, o preço das commodities ainda alto este ano, a alta demanda interna e a credibilidade da política econômica sustentam a expectativa de um crescimento real de 6,5% no Produto Interno Bruto (PIB) em 2008. A recente queda nas cotações do petróleo não afetaram essa estimativa, diz o relatório.No entanto, segundo o FMI, os países exportadores de petróleo da região do Golfo deverão vivenciar uma redução do crescimento para 6% em 2009, uma vez que uma diminuição da atividade econômica em escala mundial vai resultar num menor consumo de combustíveis e na continuidade da desvalorização da commodity.Campeã do dumpingO número de investigações sobre a prática de dumping – exportação de produtos a preços injustamente baixos – aumentou no primeiro semestre de 2008, segundo a OMC. Os países também intensificaram a quantidade de medidas para proteger suas indústrias do dumping. A China foi o alvo mais freqüente de novas investigações, com 37, quase metade do total. O dumping ocorre quando um fabricante de um país exporta seu produto para outro, quer a um preço inferior ao que cobra no país de origem ou inferior ao seu custo de produção.O número de investigações cresceu 39% em comparação ao ano passado. De janeiro a julho deste ano, 16 membros da OMC iniciaram 85 novas investigações. Em 2007, foram 61 durante o mesmo período. A maioria das investigações foi sobre práticas de dumping em produtos do setor de metal-de-base (21), seguido por têxtil (20) e produtos químicos (10). A Turquia registrou o maior número de investigações, com 13, seguida pelos Estados Unidos, Índia, Argentina, União Européia, Brasil, Austrália e Colômbia.
DCI