Empresas do Bem
24/03/08
50 empresas do bemComo o investimento privado em ações socioambientais está mudando a vida de milhões de brasileiros e das próprias companhiasQuanto as empresas brasileiras investem em ações sociais? Que porcentagem do PIB brasileiro é destinada a projetos que envolvam questões cruciais como a sustentabilidade, a preservação ecológica ou programas de apoio à saúde e à cultura? Encontrar respostas precisas para essas indagações é praticamente impossível no País. Podese, quando muito, fazer um mosaico de estatísticas obtidas em diferentes fontes ? e a boa notícia aí é que qualquer uma delas atestará que o mundo corporativo está cada vez mais preocupado e atuante na busca da melhoria das condições de vida dos brasileiros. O mais recente mapeamento do Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea), por exemplo, aponta que 600 mil empresas privadas investiram R$ 4,7 bilhões em programas de impacto social. Os dados são de 2004 e indicavam um aumento, num período de quatro anos, de 59% para 69% na participação empresarial nessa área ? sendo que apenas 2% delas apoiaram esse trabalho na obtenção de benefícios fiscais. Jáa universidade americana Johns Hopkins estima em 5% do PIB a quantidade de recursos que circulam, no Brasil, pelo chamado terceiro setor. Se os números são escassos, abundam exemplos de como o compromisso de companhias com causas que extrapolam as atividades intrínsecas ao seu negócio pode mudar a vida de milhões de brasileiros. Nas próximas páginas, DINHEIRO traz 50 casos bem-sucedidos de aplicação de esforços corporativos ? nem sempre apenas financeiros ? em iniciativas positivas, entre milhares que merecem ser conhecidas e replicadas. Essas histórias foram divididas em dez diferentes segmentos de atuação social das chamadas Empresas do Bem: Educação, Saúde e Alimentação, Meio Ambiente, Ciência e Tecnologia, Cultura, Esportes, Apoio à Comunidade, Reciclagem, Sustentabilidade Empresarial e Valorização da Diversidade. Não se trata de um ranking, ou mesmo de uma lista fechada, mas de um resumo inspirador do que se faz no clube das Empresas do Bem.***Educação1 Um programa de voluntariado da Fundação BUNGE, patrocinado por uma das maiores empresas de commodities agrícolas do País, mostra o poder de transformação da educação. Nos últimos anos, as escolas que fazem parte do projeto Baú do Saber-Fazer, uma das iniciativas da companhia, tiveram redução na violência e aumento no índice de aprovação dos alunos. Na Escola Municipal Lourdes Cury, parceira da iniciativa, houve um aumento de 22% na taxa de alunos aprovados em 2007. Na Escola Estadual Patrício Franco, ocorreu uma queda de 26% no chamado índice de agressividade dos estudantes em 2007 em relação a 2006. Ambas estão localizadas na cidade de Uruçuí, no Piauí. Atualmente, o projeto está presente em 58 escolas e envolve cerca de quatro mil alunos, 236 professores e 26 voluntários. O projeto do Baú Saber-Fazer é um dos nove criados pela fundação na área de educação. Somados, todos eles desenvolveram 579 ações no ano passado. No total, mais de 9,2 mil alunos de escolas públicas foram atendidos pelas nove iniciativas no ano passado. Foram fechadas 180 parcerias com Secretarias de Educação, Sesi, centros culturais, entre outras instituições para dar andamento aos projetos da empresa. Até o momento, as iniciativas da Bunge na área educacional já foram implantadas em escolas, bibliotecas e feiras nos Estados de Minas Gerais, Pernambuco, Piauí, Paraná, Rio Grande do Sul, Santa Catarina e São Paulo. Foram mais de mil horas investidas em formação de estudantes apenas no ano passado.***2 Na cidade de Eugênio de Mello, uma das menores do Vale do Paraíba, em São Paulo, uma das mais globalizadas empresas brasileiras, a EMBRAER, patrocina um projeto educacional que dá a 600 alunos da rede pública a oportunidade de um ensino de alta qualidade. A ação, desenvolvida no Colégio Engenheiro Juarez Wanderley, tem características semelhantes a outras existentes na praça: os estudantes recebem material didático, alimentação e transporte gratuitos e passam praticamente o dia todo na escola. A diferença está nos resultados. O colégio ocupou a 18ª posição no último ranking do Exame Nacional do Ensino Médio (Enem) e é o terceiro melhor do Estado. Cerca de 90% dos estudantes são aprovados em vestibulares pelo País. Destes, 66%, em média, garantem uma vaga em universidades públicas. A razão do sucesso está na gestão da escola. O Juarez Wanderley é administrado como uma empresa, seguindo os padrões da própria Embraer: a direção desenha plano de metas no início do ano, que é debatido com professores e repassado aos alunos. Toda a equipe precisa trabalhar para conseguir o máximo de resultados com os recursos disponíveis. A disputa por cada uma das 600 vagas é acirrada: é preciso enfrentar um teste de conhecimentos em que a relação candidato/ vaga é de 25 para 1. “Quem entra no colégio sabe que ganhou uma chance única”, diz Luiz Sergio Cardoso de Oliveira, diretor do Instituto Embraer. “O resultado é reflexo, em parte, desse comprometimento.”***3 Hortolândia se transformou nos últimos anos em um efervescente pólo industrial do Estado de São Paulo e, por tabela, em um município de riqueza crescente. Empresas como Belgo-Mineira, IBM, Dell e BSH Continental têm fábricas ali – assim como o grupo EMS-SIGMA PHARMA, um dos principais laboratórios farmacêuticos do País. Foi exatamente por já conhecer as necessidades da região que a EMS decidiu investir num programa educacional na cidade. Como acontece em praticamente todo o território brasileiro, o ensino fundamental é carente de recursos e de qualidade. Por isso, em fevereiro, foi inaugurada a Emei (Escola Municipal de Ensino Infantil) Emiliano Sanchez, criada numa parceria da Prefeitura de Hortolândia e da EMS. A prefeitura cedeu uma área de quatro mil metros quadrados para a construção da Emei e ficou responsável por um quadro de 70 funcionários que trabalham no local. A EMS investiu cerca de R$ 3 milhões na unidade de ensino e tem ainda a responsabilidade de administrar a escola, que abriga ambulatório médico com uma enfermeira, mini-horta, playground, bosque de árvores frutíferas, circuito para motocas, videoteca e sala de amamentação. São 220 crianças atendidas, de quatro meses a cinco anos de idade, todas vindas da parcela mais carente da população. O objetivo é dotálas de uma base de formação sólida para que possam, a partir daí, ter mais perspectivas de vida.***4 O BRADESCO é reconhecidamente um colosso quando o assunto são os números do balanço financeiro. Trata-se do maior banco privado brasileiro em ativos e também dono do segundo maior lucro do setor. Mas o grupo também ostenta o título de maior investidor privado em educação do País. Sua Fundação Bradesco administra 40 escolas em todos os Estados brasileiros e no Distrito Federal, oferecendo ensino gratuito a crianças, jovens e adultos – a grande maioria oriundos de famílias carentes. Apenas em 2007, foram R$ 200,9 milhões em investimentos, e a previsão é de crescimento de 10% nesse valor neste ano. Foram 109 mil alunos atendidos no ano passado e mais de 1,4 milhão de alunos nos últimos dez anos. Os resultados são visíveis. A taxa de aprovação é de 96,3% e a de evasão, de apenas 2,8%. Um dos destaques do ano passado foram os cursos supletivos do “Novo Telecurso 2º Grau”, desenvolvidos em parceria com a Fundação Roberto Marinho. Em 2007, as aulas dos telecursos atenderam mais de 18 mil alunos, estudantes do ensino fundamental (da 5ª à 8ª série) e do ensino médio que assistem às aulas em telessalas disponíveis em 36 escolas da fundação e em 50 empresas conveniadas. A fundação foi uma iniciativa do lendário Amador Aguiar, fundador do Bradesco e homem de pouca formação acadêmica, mas dono de uma visão privilegiada, décadas atrás, ele entendeu que a educação é o principal instrumento de desenvolvimento de um país.***5 Os primeiros resultados da principal ação do BANCO ITAÚ, segundo maior banco privado do País, na área educacional começam a aparecer. O programa de atração de talentos afrodescentes, feito em parceria com a Universidade da Cidadania Zumbi dos Palmares, acaba de transformar 20 estagiários (e estudantes da faculdade) em funcionários contratados pela empresa. Essa foi a primeira turma efetivada, após três anos de aprendizagem em várias áreas da companhia. No total, há 91 estagiários no Itaú, provenientes das salas de aula da universidade. Eles ficam na empresa seis horas por dia durante os três anos. O projeto já se espalha pelo Brasil. Em 2007, a companhia fez um programa- piloto nos mesmos moldes nas cidades do Rio de Janeiro, Brasília, Salvador e Belo Horizonte. Universidades locais foram chamadas para participar da iniciativa. A idéia é consolidar a ação nas principais capitais brasileiras. Parte do programa entre o banco e as universidades tem como foco a criação de novos líderes entre os estagiários contratados, num país carente de mão-de-obra qualificada. “A oportunidade é dada para pessoas que realmente estão focadas no crescimento pessoal e profissional”, diz Valéria Veiga Riccomini, superintendente de atração e integração de pessoas do Banco Itaú. “Ganhamos muito com isso porque sabemos que essa parceria nos trará pessoas que batalham pelo que querem e venham contribuir com o crescimento de nosso banco.”***6 Se o Brasil possui um mecenas, seu nome é PETROBRAS. Só este ano a estatal patrocinará mais de 40 festivais de cinema, 30 de artes cênicas, além de mais uma edição do Programa Petrobras Cultural. Em 2007, a empresa investiu R$ 205 milhões neste campo. Desse montante, apenas R$ 152 milhões obtiveram o benefício da Lei Rouanet, na qual as empresas podem descontar até 4% do seu lucro líquido no Imposto de Renda. “Não nos prendemos ao incentivo fiscal, pois acreditamos que podemos fazer mais. Mas é importante ressaltar que não somos os únicos patrocinadores no Brasil”, afirma Eliane Costa, gerente de patrocínios da Petrobras. Para este ano, os valores ainda não foram definidos. “Vamos reajustando a verba, de acordo com os resultados trimestrais da companhia”, diz ela. Por causa da grande procura, a Petrobras faz uma seleção pública com aval de um conselho composto por sociedade civil e instituições de renome, a fim de dar mais transparência ao processo de escolha. A seleção faz parte da etapa do Programa Petrobras Cultural, que acontece anualmente. Hoje, são 750 projetos sob a batuta da estatal. A Petrobras também alia sua marca a projetos de visibilidade, que se baseiam nos mesmos valores da empresa. É o caso do Grupo Corpo. Criado em 1975, como dança contemporânea, ele tem na base de sua filosofia estabelecer uma identidade vinculada à idéia de cultura nacional. “E nada mais nacional do que a Petrobras, certo? Dessa forma, conseguimos aliar um ótimo projeto à imagem da estatal”, finaliza Eliane.***7 Recentes pesquisas publicadas pela Secretaria Nacional da Juventude e pelo IBGE revelam dados impressionantes sobre os hábitos culturais dos brasileiros. Observe: 39% dos jovens nunca foram ao cinema e 62% jamais entraram num teatro. Além disso, apenas 9% das cidades têm cinema. Por isso, o Instituto VOTORANTIM está investindo, neste ano, R$ 25 milhões em 50 projetos voltados para a democratização da cultura, com foco nos jovens entre 15 e 24 anos. A verba representa quase metade dos R$ 60 milhões destinados à área social, que contempla 150 projetos voltados à educação, trabalho, cultura e proteção a crianças e adolescentes. E por que tanta preocupação com a cultura? “Hoje, existe um descompasso no Brasil. Há muita produção cultural, mas a população tem acesso restrito”, afirma a diretora do instituto, Célia Picón. Tanto que o Guia Brasileiro do Festival de Cinema aponta, por exemplo, que, entre julho de 2004 e março de 2006, foram feitos 350 filmes no Brasil, mas apenas 34% foram lançados no mercado.”As salas de projeção estão concentradas nas regiões mais ricas do País”, ressalta Lárcio Benedetti, gerente de desenvolvimento sociocultural do instituto. Por isso, pelo segundo ano consecutivo, a instituição patrocina o Festival de Cinema de Guararema, uma cidadezinha de cerca de 25 mil habitantes, a 75 km de São Paulo, que acontece em plena praça pública. E este é só um projeto. “Vamos além do patrocínio. Queremos que o jovem tenha acesso às atividades culturais em diversas áreas nas mais remotas regiões do País”, enfatiza Célia.***8 Em um dia de inverno, em julho de 2007, o grupo de dança Fernanda Bianchini foi surpreendido pela visita do bailarino russo Mikhail Baryshnikov, quando ele esteve em São Paulo. No fim do encontro, elas pediram para tocar os pés da “lenda” da dança. Emocionado, ele deixou. Era a única forma que essas meninas podiam identificar o ídolo delas – afinal, o grupo é formado apenas por bailarinas cegas. O encontro faz parte da principal linha de atuação da VIVO e do Instituto Vivo: atenção aos deficientes, principalmente os visuais. Segundo o IBGE, existem no Brasil 1,2 milhão de pessoas cegas e cinco milhões com muita dificuldade de enxergar. Por isso, o instituto tem dedicado mais da metade de sua verba – que no ano passado foi de R$ 4 milhões – para apoiar a causa em várias frentes. Por exemplo: no 35º Festival de Cinema de Gramado, no qual a Vivo investiu cerca de R$ 1 milhão, o filme “Saneamento Básico”, de Jorge Furtado, recebeu audiodescrição de voluntários da Vivo. Para os deficiêntes auditivos, o filme foi apresentado com legendas. A iniciativa estende-se aos espetáculos teatrais que ocorrem no Teatro Vivo, o que o transforma na primeira casa de espetáculo do País a oferecer esse tipo de recurso. Na sede do instituto, em São Paulo, um centro de produção em braille transcreve qualquer tipo de texto solicitado. No Rio de Janeiro, os voluntários gravam em áudio livros para aqueles que não conseguem ler em braille. “Temos mais de 20 parceiros nessa área e queremos direcionar as nossas ações para este público, que é tão carente de cultura no País”, afirma Marcelo Alonso, diretor de comunicação e relações institucionais.***9 Há 55 anos, a, VOLKSWAGEN incentiva a leitura entre seus funcionários. Muito antes da Fundação Volkswagen, criada em 1979, a empresa já se preocupava em alfabetizar seus funcionários. Com a criação, em 2002, do projeto Entre na Roda, não só os funcionários, mas escolas, quilombos, presídios e hospitais em comunidades carentes – além de entidades das cinco cidades em que a Volks possui fábricas – puderam ter acesso às histórias de Monteiro Lobato, Lígia Fagundes Telles, Machado de Assis e outros nomes de peso da literatura nacional. No total, são 200 títulos, que chegam nesses locais dentro de um baú fechado, com o selo da fundação. Até hoje, 930 escolas já foram beneficiadas em 139 municípios. Desde o início do projeto, cerca de dois mil voluntários foram treinados pelo Cenpec (Centro de Estudos e Pesquisa em Educação, Cultura e Ação) para atuar como “contadores de estórias”. Assim, é possível multiplicar a oportunidade de leitura para 90 mil pessoas das mais diversas idades.A Fundação não revela o valor investido nesse projeto nem em outros que ela patrocina. “Estamos preocupados com qualidade e diversidade. Por isso, os valores são consideráveis e proporcionais ao padrão da empresa”, afirma a conselheira da fundação Júnia Nogueira de Sá. Neste ano, na Bienal Internacional do Livro, que vai ocorrer entre 14 e 24 de agosto, a Fundação estará lá com um estande para incentivar a leitura entre os visitantes.***Saúde e alimentação10 A hanseníase, mais conhecida como lepra, é um mal antigo. Desde antes de Cristo, a doença já matava milhares de pessoas. Mas foi só em 1873 que o cientista norueguês Gerhard Hansen identificou o bacilo causador da enfermidade, o que tornou possível combatê-la. Mesmo assim, mais de um século depois da causa ser descoberta, milhares de pessoas são infectadas pela doença. O Brasil é o campeão de novos casos: 50 mil por ano. O principal motivo para esse resultado é a falta de informação dos próprios médicos. “Trata-se de uma doença que tem cura, se for diagnosticada com antecedência. É um tratamento longo, mas muito simples”, explica Almir Gentil, diretor de marketing e desenvolvimento da UNIMED BRASIL, cooperativa de médicos que fatura R$ 16 bilhões ao ano. Entre maio e junho, a empresa lançará uma campanha para conscientizar os seus 107 mil profissionais associados sobre o problema da hanseníase. “Em seis meses, será possível mapear a doença no Brasil e diagnosticar muitos casos ainda no início”, prevê o executivo. A Unimed investe R$ 600 milhões por ano em 1.065 projetos sociais nas áreas de saúde, de educação, de meio ambiente e de esporte. A ação destinada a combater a hanseníase é a nova aposta do convênio. “Um terço dos médicos do País é associada à Unimed. Muitos pacientes serão beneficiados, pois cerca de 90% dos nossos cirurgiões atendem na rede pública”, contabiliza Gentil. O projeto visa promover palestras e distribuir cartilhas em 591 escritórios da Unimed, 3.596 hospitais credenciados, 52 laboratórios e 31 centros de diagnósticos espalhados pelo País.***11 Os índices de obesidade de crianças entre cinco e 14 anos giram em torno de 10% a 15%. O mais interessante é que grande parte dessa fatia está concentrada nas classes mais pobres, que têm menos acesso à informação. Para diminuir esse e outros agravantes à saúde infantil, o cuidado com a alimentação é crucial. Por isso, a NESTLÉ criou, em 1999, o programa Nutrir, que visa compartilhar com a comunidade os conhecimentos sobre nutrição e contribuir para uma alimentação mais saudável e barata. Tudo isso é realizado por meio de palestras e materiais didáticos, que são distribuídos em mais de três mil escolas e organizações não-governamentais. “Investimos R$ 1,2 milhão por ano nesse projeto”, revela Silvia Zanotti, diretora da Fundação Nestlé Brasil. “Os resultados têm sido muito satisfatórios. Nosso modelo está sendo exportado para o México, o Equador, a Colômbia e a Venezuela”, reforça.Desde que foi criado, o Nutrir capacitou 8,6 mil profissionais entre coordenadores pedagógicos e educadores. Ao todo, 800 mil crianças já foram atendidas. “Dos 17 mil funcionários da Nestlé, aproximadamente 1,25 mil são voluntários no projeto”, comemora a executiva. Em 2007, além das 23 cidades onde está presente, o Nutrir foi realizado pela primeira vez em João Pessoa, Teresina, Natal, Maceió, São Luís e Salvador. Com isso, cerca de 200 mil crianças e mais 2 mil educadores de 700 escolas públicas da região nordestina foram beneficiados.***12 Muitas crianças vão mal na escola e nem sabem que o principal motivo é a deficiência visual. De olho nisso, o ACHÉ Laboratórios criou na cidade de Guarulhos, em São Paulo, o programa Menina dos Olhos de Guarulhos, que atendeu mais de duas mil crianças em 2007 e distribuiu 855 óculos nas escolas públicas da região. Trata-se de um mutirão de 500 voluntários, entre médicos do Hospital das Clínicas de São Paulo e outros profissionais da área da saúde, que diagnostica o problema de visão e fornece os óculos para as crianças. “Já descobrimos crianças com 11 graus de miopia e até alguns casos de catarata”, relembra Márcia Tedesco, gerente de responsabilidade social do Aché. “Esse tipo de diagnóstico precoce contribui diretamente no combate à repetência e à evasão escolar”, completa.Em sua primeira versão, em 2006, o projeto já havia atendido 12 mil crianças e entregue 754 óculos nas escolas. Em 2008, a ação está agendada para o mês de maio. O Aché, dono de um faturamento de R$ 1,7 bilhão, destina R$ 2 milhões para o Menina dos Olhos de Guarulhos e para outros projetos sociais. A empresa investe em ações como a inclusão de deficientes visuais no mercado de trabalho, a fabricação de bulas de remédio em áudio e desenvolve embalagens em braile. Ela também doa medicamentos, roupas, alimentos e organiza programas de conscientização nas áreas de saúde e de higiene e incentiva a prática de esportes.***13 Dados do último estudo realizado pelo Centro de Políticas Sociais da Fundação Getúlio Vargas, em 2006, mostram que cerca de 36 milhões de pessoas vivem abaixo da linha da pobreza – com menos de R$ 4,20 por dia. Isso implica uma alimentação precária. Para garantir a refeição de parte dessa população, a PURAS, empresa do setor de alimentação com 12 sedes regionais, 818 restaurantes espalhados em todo o País e responsável por servir 650 mil refeições por dia em mais de 650 empresas, criou o Alimentação Solidária. O projeto, que nasceu em 2002, consiste em recolher o alimento excedente deixado nos restaurantes de 38 empresas parceiras, como Gerdau, Menphis, Taurus e Copesul, entre outras.O total arrecadado é distribuído em 41 instituições e servido para mil pessoas todos os dias. “Em 2007, nós distribuímos 254 mil refeições”, comemora Hermes Gazzola, presidente da Puras. “Estamos falando de um setor que serve 7,5 milhões de refeições por dia. Se houvesse uma lei que obrigasse as empresas de alimentação a doar o seu excedente, o número de beneficiados seria muito maior”, protesta. Uma das adesões mais recentes ao projeto foi a da fábrica de móveis Florense, no Rio Grande do Sul. Em parceria com a prefeitura da cidade e com a Puras, mais de 40 crianças de zero a seis anos de idade agora têm a sua principal refeição do dia garantida.***14 Nos últimos 20 anos, o índice de cura do câncer infantil passou de 35% para 70%. Parte desses índices foi conquistado graças ao programa McDia Feliz, o principal evento comunitário da rede de fast-food MCDONALD”S no Brasil. Desde 1988, a rede McDonald”s reverte um dia de vendas do sanduíche Big Mac em dinheiro para o tratamento do câncer infantil. Em 19 anos, já foram arrecadados R$ 80 milhões. Esses recursos têm viabilizado a implantação de unidades de internação, ambulatórios, salas de quimioterapia, casas de apoio e unidades de transplante de medula óssea em todo o País. Uma estrutura que atende nove mil casos de câncer todos os anos. “Nós batemos recorde de vendas em 2007. A arrecadação foi de R$ 10 milhões”, relembra Francisco Neves, superintendente do Instituto Ronald McDonald no Brasil. Foram 1,43 milhão de sanduíches vendidos em um único dia.Parte dessa verba, somada a outras ações beneficentes, como, por exemplo, campeonatos de golfe patrocinados por empresas, garante R$ 20 milhões contra a doença. Ao todo, a campanha envolve 34 mil funcionários, 31 mil voluntários e beneficia 62 instituições em 22 Estados. “Nossa meta é arrecadar R$ 11 milhões em 2008”, prevê Neves. É baseado nessas evoluções que o Instituto Ronald McDonald planeja investir na expansão de suas estruturas. A Casa Ronald, centro que abriga cerca de 30 crianças em tratamento de câncer, passará das três unidades atuais para sete unidades até 2012, um investimento de R$ 21 milhões.***15 Em 1994, o SESC São Paulo criou o programa Mesa Brasil. Por meio de uma rede de distribuição de alimentos, o projeto tem como objetivo diminuir o desperdício de comida e amparar a população carente na capital paulista e em mais seis cidades do Estado. “Nossa função é buscar o alimento onde sobra e entregar onde está faltando”, declara Danilo Miranda, diretor-regional do SESC de São Paulo. A entidade criou uma rede de distribuição de alimentos que reúne cerca de 650 empresas doadoras, como Wal-Mart, Vigor, Ceagesp, entre outras, conta com 215 voluntários e mais 20 funcionários contratados. Em 2007, o programa distribuiu mais de 4 toneladas de alimentos, que beneficiaram 540 instituições, um total de 94 mil pessoas necessitadas. “Nossa expectativa para 2008 é distribuir cerca de 7 toneladas de alimentos no Estado. O número de empresas doadoras está crescendo 30% ao ano”, destaca Miranda. Além da distribuição de comida, o SESC São Paulo também desenvolve uma série de atividades educativas junto às instituições. A entidade ministra palestras e cursos sobre higiene, conservação, preparo dos alimentos e variadas formas de se evitar o desperdício.Valorização da diversidade16 Em meados de 2003, a Camisaria COLOMBO, especializada em moda masculina, surpreendeu o mercado ao anunciar que adotaria um programa de cotas para contratação de funcionários. A meta era preencher 20% das vagas com profissionais afrodescendentes. A empresa firmou o compromisso em acordo coletivo no Sindicato dos Comerciários de São Paulo. De lá para cá, a presença de negros e mulatos na rede só fez crescer. Hoje, são 400, ou 30% do total de empregados. Essa política, explica Alvaro Jabur Maluf, sócio da empresa, não tem qualquer viés paternalista. “Acredito que uma empresa só é grande quando valoriza a diversidade”, diz ele. “A seleção do funcionário e as eventuais promoções levam em conta apenas o critério da competência.” De acordo com Maluf, a opção pelo sistema de cotas apenas corroborou a filosofia da Colombo. “Nunca deixamos de apostar em um talento por conta da cor de sua pele”, destaca. Mas, afinal, essa política gera resultados na boca do caixa? Apesar de não dispor de estatísticas, Maluf diz que sim. Fundada em 1917 em São Paulo, a empresa possui uma rede de 127 lojas espalhadas por 60 cidades de 17 Estados e cresce na faixa entre 10% e 15% ao ano. “Uma empresa inclusiva tende a despertar a admiração dos funcionários e dos clientes”, opina.***17 Antes mesmo de 1999, quando entrou em vigor a Lei 8.213, que obriga as empresas a contratarem portadores de deficiência, a SERASA já havia incorporado esse contingente ao seu quadro de pessoal. A experiência começou em 1991 e ganhou força em 2001. Hoje, a companhia conta com 110 profissionais com essa característica, de um total de 2.451 funcionários. Eles são recrutados por meio do Processo Serasa de Empregabilidade de Pessoas com Deficiência, reconhecido como referência global na área pela ONU. O projeto já capacitou cerca de 150 pessoas que foram aproveitadas na própria Serasa ou encaminhadas às companhias conveniadas. “Não fazemos caridade nem tratamos esses profissionais de forma paternalista”, argumenta Elcio Aníbal de Lucca, vice-presidente do Conselho de Administração da Serasa. “Nosso objetivo aqui na empresa é dar chance para que todos os talentos, independentemente de suas peculiaridades físicas, tenham a possibilidade de se desenvolver”, completa. Ou seja, quem não corresponde às expectativas do cargo é demitido. Segundo Lucca, o reflexo positivo dessa política é a baixa taxa de rotatividade, de apenas 9,4% ao ano – metade da média do setor de serviços. “As pessoas se sentem felizes em trabalhar na Serasa”, avalia o dirigente. “E isso se traduz em um bom resultado financeiro para o acionista”, resume.***18 Apesar de as mulheres representarem a maioria da população brasileira, sua participação no mercado de trabalho está longe de espelhar sua importância na sociedade. Uma das exceções é a AVON do Brasil. Nada menos que 60% dos seis mil integrantes da força de trabalho da fabricante de cosméticos são do sexo feminino. Sem contar o exército de 1,2 milhão de revendedoras. Mas o fenômeno não é apenas numérico, de acordo com Lírio Cipriani, diretor de comunicação da Avon e diretor executivo do Instituto Avon. Elas estão em todos os níveis, sendo 830 delas em postos de comando. Outro diferencial é no quesito remuneração. “Não fazemos distinção de gênero na hora de pagar salário”, conta. Apesar de a empresa não contar com programas específicos, como o estabelecimento de cotas para garantir o acesso da mulher aos cargos de chefia, por exemplo, a Avon sempre procurou atender às necessidades específicas das mulheres. Em 1981, por exemplo, foi instalado um berçário na sede da empresa, em São Paulo. “Fomos pioneiros nesse campo”, diz o executivo. “O empregado de um modo geral e as mães, em particular, trabalham melhor quando sabem que seus filhos estão sendo bem cuidados”, completa. E mais. Além de um clínico geral, exigido por lei, o departamento médico da Avon mantém um ginecologista de plantão.***19 Em vez de se especializar apenas em uma área, o CITIBANK optou por uma abordagem global no quesito diversidade. A disseminação desse valor se dá por meio de palestras, publicação de boletins e cursos online para os funcionários, enfocando aspectos como gênero, raça e condição física. Um dos exemplos da política de inclusão do banco é o Projeto Somar. Lançado em dezembro de 2007, ele consiste na contratação de deficientes mentais para atuar como ajudantes de recepção. O banco também foi um das primeiras instituições financeiras a firmar parceria com a ONG Afrobras, mantenedora da Universidade da Cidadania Zumbi dos Palmares. A entidade tem em seus quadros 90% de alunos autodeclarados afrodescendentes. Desde 2005, 55 jovens dessa universidade já passaram pelo programa de training do banco. Nove deles foram contratados e outros 12 continuam em treinamento. “A diversidade é um ingrediente que faz parte da crença e dos valores do banco”, explica Anthony Ingham, superintendente de assuntos corporativos e de responsabilidade social do Citi Brasil. A instituição também tem uma forte atuação no que se refere à valorização da mulher. As políticas para esse público são tocadas pelo Women Council (Conselho de Mulheres, em português) que reúne as executivas do banco. Longe de ser um “clube da Luluzinha”, esse conselho tem a missão de orientar a direção do banco sobre as necessidades típicas das funcionárias. “Buscamos extrair o melhor de todos os nossos colaboradores”, explica Ingham. “O resultado disso é uma equipe mais motivada e com orgulho da empresa na qual atua.”Esportes20 Os CORREIOS estabeleceram uma ligação íntima com o esporte. Com o objetivo de difundir conceitos de qualidade de vida na sociedade brasileira, a estatal patrocina eventos e incentiva seus funcionários a colocar tênis, calção e camiseta e entrar em forma. Todos os anos, patrocina A Corrida dos Carteiros, que, ao contrário do que o nome diz, é aberta a qualquer pessoa, seja ela funcionária ou não dos Correios. O evento possui etapas classificatórias em 24 Estados da federação, das quais participam cerca de 35 mil atletas. A final nacional ocorre em Brasília e duas mil pessoas entram na competição. Há ainda, uma etapa dirigida especialmente para a meninada. Os funcionários que demonstram aptidão para o esporte também recebem incentivos. Aqueles mais talentosos podem dedicar até metade de seu expediente aos treinos. O que era uma tradição na empresa transformou-se em uma vitrine de sua marca. Patrocinadora oficial da Confederação Brasileira de Desportos Aquáticos desde 1991, há quatro anos assinou contrato com a Confederação Brasileira de Futsal. Os resultados da natação comprovam a importância da parceria com o esporte. Há 17 anos, havia oito mil nadadores federados. Atualmente, esse número é de 82 mil. Em 2007, os Correios investiram R$ 9,6 milhões nos esportes aquáticos e a natação foi o esporte que mais garantiu medalhas ao Brasil nos Jogos Pan- Americanos – 16 ao todo, com oito de ouro, três de prata e cinco de bronze, com sete recordes pan-americanos e sul-americanos.***21 Poderia ser apenas marketing, mas se transformou em uma ação de responsabilidade social. Essa é a trajetória do trabalho do BANCO DO BRASIL no campo do esporte. Em 2007, os eventos esportivos apoiados pela instituição geraram 6,9 mil empregos temporários, 206 toneladas de alimentos arrecadados e 42 entidades sociais visitadas por atletas consagrados. Durante todo o ano, 12,1 mil crianças participaram em oficinas de esporte. Em 2007, cerca de 350 mil pessoas estiveram presentes aos eventos esportivos patrocinados pelo Banco do Brasil. E, a cada ano, mais de 1,9 mil atletas brasileiros são beneficiados pelo patrocínio, incluindo categorias de base. E todo esse leque de modalidades e eventos é orientado pela carta de princípios de responsabilidade socioambiental. No ano passado, o BB se tornou a primeira instituição financeira a realizar eventos esportivos completamente neutros em emissão de carbono. Para o Brasil Open, um dos principais torneios de tênis da América Latina, em fevereiro deste ano, observadores internacionais vieram ao Brasil conhecer essa novidade. Após calcular as emissões de carbono em todo o torneio, o BB mandou plantar duas mil mudas na Costa do Sauípe, na Bahia, onde o evento foi realizado. “Temos o compromisso de unir as nossas ações sociais, ambientais e esportivas”, sintetiza Simão Luiz Kovalski, gerente executivo de marketing e comunicação. “A nossa política tem como principal objetivo o investimento social. Apoiamos desde a formação de base até a profissional.”***22 É quase impossível falar em atletismo e esportes paraolímpicos sem lembrar da CAIXA ECONÔMICA FEDERAL. A instituição é a patrocinadora oficial do atletismo brasileiro desde 2001, com atuação direta na Confederação Brasileira de Atletismo (CBAt) e é uma das principais incentivadoras dos esportes amadores. Para 2008, o patrocínio da Caixa para o atletismo será de R$ 12 milhões, oito vezes maior do que há sete anos. Nesse período, o atletismo se consolidou como uma das maiores potências do País em medalhas e resultados. “Há um forte apelo popular no atletismo”, explica Gerson Bordignon, gerente nacional de esportes da Caixa. “Ele é importantíssimo para a inclusão social e a recuperação de jovens em situação de risco.” Além do apoio aos atletas profissionais, há inúmeros programas para a formação de futuros atletas. Com a CBAt, a Caixa apóia 14 projetos. Entre eles está o Circuito Caixa de Maratoninha, a maior competição de corrida infantil do País. Em parceria com o Sesi, 22 mil crianças estão incluídas no projeto Atleta do Futuro, espalhado por 44 municípios de São Paulo. No desafio de incluir de crianças a adultos, a Caixa mantém o projeto Heróis do Atletismo. Seu objetivo é incentivar ex-atletas que conquistaram medalhas olímpicas para o Brasil, como Joaquim Cruz, Nelson Prudêncio e Robson Caetano, a apadrinhar as competições promovidas pelo banco. A idéia principal é manter os ex-atletas integrados aos eventos com crianças e jovens, mantendo sua profissão e difundindo o atletismo.***23 A BRASKEM, maior petroquímica da América Latina, conquistou nos últimos cinco anos indicadores importantes de ecoeficiência, o que para a empresa demonstra seu compromisso com a solidez econômico-financeira alicerçado na responsabilidade social e ambiental. Mas, além do meio ambiente, a Braskem se destaca pelo interesse no esporte, com os projetos Educação pelo Esporte, de inclusão social, e a Meia-Maratona Braskem, que integra a empresa à sociedade. O Educação pelo Esporte é uma iniciativa do atleta de vôlei Giovane Gávio. Técnico da equipe Unisul, em Santa Catarina, Giovane conseguiu o apoio da Braskem e da Tigre para capacitar os professores de educação física da rede municipal de Camaçari, na Bahia, e 100 alunos das equipes de rendimento da Secretaria de Esporte Municipal. Ao todo, 250 crianças em situação de risco participam da “escolhinha de vôlei”. Só pode participar quem tem assiduidade escolar e desempenho razoável. Isso porque, como explica Humberto Garrido, gerente de responsabilidade social da Braskem, o projeto foi elaborado para conter a evasão escolar na região. Já a Meia- Maratona Braskem de Revezamento acontece em Alagoas, na Bahia e no Rio Grande do Sul, Estados onde a empresa possui unidades. Na Bahia, a prova já é a mais disputada de Salvador, com mais de 1,5 mil corredores. Em Maceió, o evento faz parte do calendário esportivo da cidade e conta com a participação de 1,2 mil atletas, nas categorias individual e cadeirantes, masculinos e femininos, e quartetos.Ciência e tecnologia24 Tornar a inclusão digital uma ferramenta de modificação social é, antes de tudo, um desafio tecnológico. Sobretudo quando falamos de um país com as desigualdades do Brasil. A EMBRATEL aceitou o desafio e direcionou sua infra-estrutura para a região Norte para integrar à internet uma cidade distante 400 quilômetros de Manaus. Com 110 mil habitantes, Parintins (AM) foi escolhida para receber um sistema de satélite que abre o acesso à navegação via banda larga. Em parceria com a Intel, já são 40 máquinas instaladas em quatro escolas e nos centros comunitário e de saúde. Além disso, a chegada da tecnologia possibilitou ao Instituto Embratel oferecer cursos à distância, com noções básicas de informática e acesso a um novo mundo cultural, como a biblioteca digital multimídia, que oferece cerca de dois mil vídeos educativos, 35 mil gravuras da biblioteca Mário de Andrade (RJ) e livros digitalizados. A TV PontoCom, transmitida via internet, traz programas socioeducativos e culturais. “O nível de envolvimento de crianças, jovens e população indígena é muito grande”, diz Maria Tersa Lima, diretora executiva da Embratel Centro Norte. Há também benefício para a saúde pública: com o telemedicina, profissionais conseguem diagnosticar doenças típicas da região sem deslocamento das pessoas para a capital.***25 Os números são respeitáveis. Nos últimos oito anos, a DELL distribuiu um computador a cada três dias para comunidades de baixa renda no País, num total de 917 produtos no período. Foram 128 organizações comunitárias atingidas pela ação, numa iniciativa que engloba uma série de novas estratégias na área de inclusão digital adotadas pela empresa. A entidade responsável pelas ações é a Fundação Pensamento Digital, entidade criada pela empresa em 2002. A idéia da fundação é mobilizar o máximo possível de pessoas para que sejam implantados projetos educacionais ligados à tecnologia e à informática. Como apenas dar o equipamento nem sempre é o bastante para o seu uso correto, a Dell decidiu ministrar cursos de informática em locais públicos no Rio Grande do Sul. Batizado de Projeto Cidadão Digital, a iniciativa de expandir os conhecimentos da área levou à capacitação de 5.626 pessoas desde 2002. Onze locais, entre paróquias, igrejas e centros de preparação, foram escolhidos como ponto para estudo em cidades no interior do Estado e em Porto Alegre. A Dell fornece móveis e equipamentos e a fundação entra com o acompanhamento pedagógico e monitoramento das aulas. Quem quiser participar das ações da Dell, e for empregado da companhia, ainda tem a chance de ser “sócio” do “Adote um Aluno”. Nesse programa, os funcionários pagam R$ 15 para ser padrinho de um dos alunos dos centros de estudo criados pelo Projeto Cidadão Digital. O total de empregados envolvidos na ação passou de 240 pessoas em dezembro de 2006 para 422 em dezembro de 2007.***26 Todos os anos, uma copa do mundo diferente movimenta as filiais da MICROSOFT no mundo todo. É a Image Cup, uma competição global da computação, em que cada país inscreve trabalhos com foco num tema. Neste ano, a proposta será: “Imagine um mundo onde a tecnologia possibilita um meio ambiente mais sustentável”. Em 2007, o Brasil foi recordista em número de inscrições. Um dos projetos de alunos do País analisados por Bill Gates, em pessoa, foi o KnowTouch, uma mesa eletrônica para leitura em braile. “A meta é ampliar o número de pessoas que se beneficiam e possuem acesso à tecnologia no mundo, incluindo mais um bilhão de pessoas até 2015”, diz Lisa Polloni, diretora de Relações Institucionais da Microsoft Brasil. A Image Cup é a ponta-de-lança dos projetos da empresa nesse sentido. Nos últimos quatro anos, a Microsoft investiu R$ 61 milhões no Brasil com o objetivo de financiar projetos sociais que levam tecnologia, treinamento e capacitação profissional a escolas, ONGs e comunidades carentes de todo o País. Dois milhões de pessoas foram beneficiadas nesse período, sendo 214 mil estudantes dos ensinos médio e fundamental e 1,5 milhão de jovens e adultos capacitados para o mercado de trabalho. Existem dezenas de ações complementares bancadas pela empresa no Brasil.Chama atenção a iniciativa batizada de Students to Business (S2B) , que tem como objetivo oferecer gratuitamente cursos de especialização e capacitação a estudantes. Cerca de 28 mil alunos de 16 cidades em dez estados (envolvendo 25 universidades) já se inscreveram no projeto.***27 Despertar o interesse do jovem pela ciência e tecnologia é o grande objetivo do GRUPO BAYER com o novo projeto social “Ponto com Ciência”. A empresa quer incentivar o gosto pelo desenvolvimento da ciência em alunos da rede pública de São Paulo. Das 16 diferentes iniciativas ligadas à responsabilidade social, essa ganhou força pelo envolvimento da comunidade que reside em torno da sede no bairro do Socorro (SP) e os funcionários da companhia. Há a disposição de 300 pessoas serem voluntárias de um total de 3,3 mil. Com o “Ponto com Ciência”, que terá a parceria da Fundação Abrinq, os voluntários terão dois anos para ensinar os aprendizes. “Esse projeto tem o espírito científico de desenvolvimento e pesquisa que é muito importante para nós”, diz Eckart-Michael Pohl, head de comunicação corporativa. A Bayer realizou uma pesquisa de campo e encontrou uma superpopulação residindo próximo a águas poluídas. Os projetos científicos, portanto, serão ligados a temas ambientais para que as crianças conheçam os problemas e proponham soluções de preservação e recuperação da área. No final do ano, uma feira de ciências será montada para alunos e funcionários voluntários mostrarem seus trabalhos. No ano passado, os programas sociais da Bayer tiveram verba de R$ 6,6 milhões.***28 Milena Boniolo, 25 anos, inventou um método para remover metais pesados de águas contaminadas usando pó de casca de banana. Felipe Arditti, 17 anos, criou um dispositivo que detecta e mede o nível de monóxido de carbono na fumaça liberada por veículos que utilizam óleo diesel. Milena e Felipe foram nomes vitoriosos na última edição do Prêmio Jovem Cientista, iniciativa do CNPq, do GRUPO GERDAU, da Eletrobrás/ Procel e da Fundação Roberto Marinho, existente desde 1981. Milena ganhou R$ 20 mil, uma bolsa de estudo e a publicação do seu trabalho em livro e Felipe, um computador e uma impressora. “Já começo a pensar em prestar vestibular para engenharia”, diz Felipe. Desde o início do projeto, a Gerdau é uma das empresas privadas participantes, com mais de R$ 2 milhões investidos na edição do prêmio deste ano. Em 2006, a Gerdau aplicou R$ 51 milhões em projetos sociais no País, R$ 10 milhões a mais que no ano anterior. No ano passado, o montante chegou a quase R$ 73 milhões. “Na última edição do Jovem Cientista foram mais de 1.700 trabalhos enviados por pesquisadores”, diz José Paulo Soares Martins, presidente do Instituto Gerdau. “Desse total, 1.300 pesquisas foram apresentadas por estudantes do ensino médio.” Neste ano, as inscrições se encerram em 8 de agosto.***29 A BASF tem apostado alto para encontrar alternativas sustentáveis para o seu negócio. No ano passado, a empresa alemã investiu mundialmente ? 1,38 bilhão em pesquisa e desenvolvimento. Uma das mais importantes descobertas é o Ecoflex, um plástico biodegradável que também consegue se decompor em semanas, caso seja descartado em ambientes propícios. Ao chegar ao Brasil essa tecnologia ganhou o reforço de uma substância à base de milho que potencializa a renovação e absorção desse produto no meio ambiente. Para criar o Ecoflex, a filial brasileira testou durante dois anos materiais como a fibra de coco, a mandioca e o babaçu. Foi encontrar no amido de milho a composição ideal para ser misturada ao plástico. “Encontramos uma fonte local renovável, sem a necessidade de transportar um material de longa distância”, diz Letícia Mendonça, gerente de especialidades da Basf.Esse desenvolvimento científico ajudou a diminuir a utilização do petróleo, a matéria-prima do plástico. Ao misturar a resina plástica da Basf e uma fonte renovável como o amido de milho, há uma melhora na quebra do gás carbônico que será jogado na atmosfera no processo de biodegradação. Enquanto esses materiais poderiam demorar até 400 anos para ser absorvidos pelo meio ambiente, testes realizados em ambiente controlado com a quantidade de microorganismos, umidade e oxigênio ideais mostraram que esse desenvolvimento da Basf demora 90 dias para ser decomposto.Meio ambiente30 A maior empresa privada brasileira está decidida a modificar o transporte ferroviário brasileiro. Com valor de mercado de R$ 303,5 bilhões, a VALE quer fazer seus produtos à base de minério de ferro deslizarem por estradas verdes rumo aos portos. Para isso, escolheu duas frentes para minimizar os impactos no meio ambiente. Está em fase de testes a redução da emissão de poluentes com o uso de combustíveis alternativos para as locomotivas. Os trens da Vale queimam anualmente 545 milhões de litros de diesel, pouco mais da metade do consumo nas ferrovias nacionais. No ano passado, a equipe técnica da mineradora pôde testar a viabilidade dos biocombustíveis no desempenho do transporte. Os resultados foram animadores e as máquinas não registraram desgaste excessivo de material nem perda de potência. O grande benefício, porém, foi medir a redução de 9% na emissão de gás carbônico. Mas para a Vale não bastava controlar a poluição. Era preciso preservar um dos filtros naturais de purificação do ar. Utilizada como apoio para os trilhos, a madeira de lei está sendo substituída pelo concreto, aço e plástico, materiais com vida útil maior que os 20 anos dos dormentes de madeira, nas ferrovias da empresa. “A Vale se beneficia da união de ótimas soluções ambientais com materiais de vida útil maior”, diz Luiz Fernando Landeiro, gerente-geral de desenvolvimento de serviços técnico e ferroviário da área de logística da Vale. Na Vitória-Minas, 54% dos apoios feitos à base de madeira foram substituídos pelos de aço. Neste ano, mais 130 mil serão trocados. Já em Carajás, o concreto substituiu oito mil dormentes. Em 2008 serão trocados mais 100 mil. Com as trocas deste ano, 307 mil árvores serão preservadas. O plástico é tido como a alternativa do futuro. Ainda em fase de estudos com as parceiras USP e Unicamp, a Vale colocou 600 dormentes desse material em Carajás e 500 na Vitória-Minas.***31 A sustentabilidade está à venda. Esse é um conceito nada pejorativo que a NATURA leva para suas linhas de produtos e estende para as comunidades extrativistas do Brasil. Dependente de ativos da natureza para a fabricação da sua linha de higiene e beleza, a Natura mantém uma relação de parceria com aqueles que fazem a coleta de suas matérias-primas, como as comunidades do rio Iratapuru, no Amapá, e do rio Juruá, no Amazonas, que fazem a extração do óleo da castanha e da andiroba utilizado pela linha Ekos. São 23 comunidades brasileiras e uma no Equador, acordo fechado no ano passado para o desenvolvimento de uma nova linha de perfumes. Nessas parcerias, a Natura acerta um preço um pouco maior que o de mercado que serve para o desenvolvimento da região. No Equador, ele funciona como um microcrédito para os extrativistas. E essa é uma das características da empresa. Em vez de destinar um montante anual para essas comunidades, a Natura estuda o custo de toda a cadeia produtiva e firma um sobrepreço que serve de remuneração desse trabalho e possibilita o desenvolvimento do negócio.A Natura, porém, quer entender qual é o impacto na vida das comunidades após o início da relação comercial com a empresa. A visita a esses locais, 50% localizados na região amazônica, mostram que há uma evolução nítida. Para mensurar essa transformação, a Natura criou o programa BioQlicar, que vai analisar o comportamento e o desenvolvimento desses fornecedores. Com ele em mãos, a Natura pretende colocar em prática o aperfeiçoamento da qualidade da entrega das matérias-primas, aumentar o volume de negócios com a redução dos riscos e colaborar com a capacitação desses parceiros. “O consumidor valoriza empresas com esse tipo de abordagem”, diz Paulo Lalli, vice-presidente de operações e logística da Natura.***32 O que uma empresa de insumos agrícolas tem em comum com a onça-pintada? À primeira vista, nada. É o crescimento da agricultura, para quem a MONSANTO fornece sementes e herbicidas, que tem provocado a extinção das matas onde vive o animal. A Monsanto, porém, não fechou os olhos e decidiu criar condições para boa convivência entre a vida selvagem e a produção, defendendo a preservação do maior predador das Américas e educando os moradores da região. Há dois anos a Fundação Monsanto apóia os projetos da Fundação para a Conservação da Onça-Pintada, que realiza estudos sobre o desequilíbrio da população do animal em todo o ecossistema. Já foram destinados US$ 244 mil para o programa. “A espécie não está ameaçada, mas pode começar a ficar se passarem a matá-la”, diz Cristina Rappa, responsável pela Fundação Monsanto no Brasil. No ano passado, a companhia destinou mais US$ 420 mil para o Earthwatch Institute, organização voluntária que ajuda no trabalho dos cientistas. No Parque Nacional das Emas (GO), estão sendo abertos corredores ecológicos — espécie de estradas naturais que permitem o trânsito de onças e outras espécies entre duas áreas de mata, sem obstáculos construídos pelo homem.***33 HOME: REVISTA: Especial 26/3/2008Empresas do bemMeio ambienteAs florestas naturais parecem condenadas a desaparecer. Para se ter uma idéia, apenas 7% da mata atlântica ainda pode ser encontrada em terras brasileiras. Essa ameaça de esfacelamento do ecossistema acendeu a luz amarela no O BOTICÁRIO. Nos últimos 18 anos a Fundação do grupo paranaense apoiou 1,2 mil projetos de outras organizações e destinou R$ 7 milhões a elas. Mas a proteção à natureza não se resume apenas ao apoio a terceiros. O Boticário destina uma verba anual para seus próprios projetos, que neste ano poderá chegar a R$ 10 milhões. O montante serve para a aquisição de áreas como a da Reserva Natural Serra do Tombador (GO), ameaçada pelo avanço da soja no Cerrado. “Essas reservas servem para capacitar as pessoas sobre a educação ambiental e mobilizá- las com o cenário de mudança climática”, diz Malu Nunes, diretora executiva da Fundação O Boticário.Com nove milhões de metros quadrados, a Serra do Tombador recebeu investimentos de R$ 2,5 milhões. Ali, a Fundação O Boticário sonha em repetir a experiência acumulada com a recuperação da mata atlântica. Em uma área de 2,3 milhões de metros quadrados, quando foi adquirida há 14 anos a Reserva Natural Salto Morato, no Paraná, era um campo aberto que não lembrava em nada a mata nativa. Eram quatro fazendas, sendo que em uma delas existia a criação de búfalos. Com um solo rico em umidade e com um banco natural de nutrientes, o local foi “abandonado” sem a intervenção humana durante um longo período. Era uma recuperação assistida. Alguns anos mais tarde, a vida natural e o renascimento das espécies começaram a formar a paisagem característica daquela região. Atualmente, a Reserva Natural Salto Morato é reconhecida pela Unesco como patrimônio natural da humanidade.***34 Uma das maiores produtoras de celulose do Brasil, a VERACEL busca excelência em outro segmento: a sustentabilidade. Um dos destaques na companhia é a sua gestão hídrica. Essencial para o processo de produção da celulose, a água usada no processo produtivo é captada em um rio, utilizada, tratada e devolvida ao efluente. Com um detalhe crucial. A água é devolvida um quilômetro antes do ponto de captação. Assim, explica Ari Medeiros, gerente de recuperação da empresa, “se houver uma falha na sua descontaminação, a própria empresa é capaz de detectá- la e rapidamente corrigi-la”.A preocupação com o meio ambiente na Veracel se estende também ao uso de recursos energéticos e à reciclagem de seu lixo industrial. Para produzir a celulose, a madeira passa por um cozimento que gera um líquido escuro conhecido por licor preto. Esse material é preparado e transformado em combustível que alimenta as térmicas capazes de gerar 120 megawatts por hora. Desse total, 58,3% alimenta a companhia, uma parte é repassada a uma empresa parceira e o restante vendido ao mercado. “Até mesmo os gases gerados na produção, como o enxofre, são queimados em nossas caldeiras”, afirma Medeiros, que comemora: “A Veracel não produz passivo algum.”***35 Pode ser uma simples lâmpada econômica. Ou um sofisticado sistema de entretenimento digital. Na gigante dos eletroeletrônicos PHILIPS, uma onda verde está invadindo todas as linhas de produtos e provocando um tsunami positivo no modelo de negócios da companhia. Um exemplo está numa das metas definidas pelo comando da empresa em setembro de 2007: dobrar, nos próximos cinco anos, as vendas de “produtos ecológicos”, transformando-os em 30% da receita total da empresa. Nada mal para quem começou há apenas dez anos a fabricar produtos que causam menor impacto ao meio ambiente. São aparelhos que apresentam menor consumo de energia, embalagens menores e menos substâncias tóxicas. A família sustentável produzida pela empresa também dá lucro. Suas vendas cresceram 33% em 2007 e foram responsáveis por 20% do total das vendas da empresa no ano, contra 15% em 2006. No Brasil, no entanto, há muito caminho a percorrer. “O mercado brasileiro ainda está conhecendo esse conceito. Agora é que começou a perceber o impacto que suas aquisições têm para o futuro do planeta”, pondera Flávia Moraes, gerente-geral de sustentabilidade da Philips para a América Latina. Mas, ao que parece, a Philips está disposta a mostrar os atrativos desse mercado. Irá investir nos próximos anos um bilhão de euros em inovação para desenvolver novas tecnologias.***36 Não se pode negar que o maior legado de Fábio Barbosa durante sua gestão como presidente do REAL foi transformá-lo no “banco verde”. Suas ações em prol da sustentabilidade transformaram a instituição no maior símbolo de preocupação ambiental do setor. Foi a primeira a adotar um sistema de financiamento socioambiental para pessoas físicas e empresas, com foco em produtos sustentáveis, como placas de aquecimento solar e kit-gás para automóveis. “Mais do que criar produtos, nós temos o dever de financiar a sustentabilidade”, afirma Júlio Bing, superintendente de produtos do Real. Outro projeto pioneiro foi a criação de normas seletivas de concessão de crédito para empresas. Quando clientes corporativos pedem financiamento, antes de concedê-lo o banco monitora as licenças ambientais, a disposição de resíduos sólidos, o controle da poluição e o tratamento de efluentes da empresa. Não concede crédito àqueles que não preencham os requisitos exigidos. O Real foi igualmente o primeiro a projetar uma agência dentro dos padrões mundiais de sustentabilidade. Localizado em Cotia, São Paulo, o edifício é o primeiro reconhecidamente sustentável da América Latina, e recebeu em 2007 o selo verde internacional Leed, concedido pelo Green Building Council. Melhor aproveitamento da energia solar e da água e utilização de madeira certificada são alguns dos requisitos preenchidos pela agência.***37 O gigante varejista norte- americano depositou no Brasil não só um audaz plano de expansão, mas também uma política de sustentabilidade de fazer inveja aos concorrentes nacionais. Redução de geração de resíduos, aproveitamento da energia solar, menor emissão de gases no transporte de produtos e um maior espaço para alimentos orgânicos são algumas das ações implantadas pela empresa no País ao longo dos últimos dois anos. Antes de dar início ao trabalho, a rede fez um estudo de seu impacto ambiental por aqui. Descobriu que 8% era direto e 92%, indireto. “Uma vez que somos o elo entre o consumidor final e a cadeia produtiva, temos a obrigação de educar o consumidor e influenciar os produtores com a adoção de técnicas mais responsáveis”, pondera Daniela de Fiori, vice-presidente de sustentabilidade do WAL-MART. As unidades construídas recentemente possuem sistema de captação de água da chuva e os estacionamentos são feitos com concreto poroso, que permite que a água atravesse o solo e volte para o lençol freático. Uma das lojas também já está planejada para ser uma espécie de laboratório, onde diversos tipos de energia renovável serão testados. Outra ação é o incentivo aos pequenos produtores nas regiões próximas às lojas da rede. O programa leva o nome de Clube dos Produtores. “Incentivamos ao mesmo tempo a manutenção da agricultura familiar, o fornecimento de produtos mais frescos e a diminuição de gastos com transporte, o que diminui automaticamente o impacto ambiental”, diz Ana.Sustentabilidade empresarial38 Líder mundial em embalagens longa vida, a empresa comprovou no Brasil que ecologia também é sinônimo de lucro. Um dos grandes gargalos da reciclagem das caixinhas era a presença de camadas de plástico e alumínio no produto. “Tínhamos que mandar toda essa sobra a um aterro industrial, e além de tudo o transporte custava muito caro”, relembra Fernando von Zuben, diretor de meio ambiente da TETRA PAK. Para se livrar do prejuízo, a empresa decidiu encontrar outra maneira de reaproveitar os resíduos. “Desenvolvendo a tecnologia e o processo adequado, vimos que isso não seria impossível”, conta Zuben. A papeleira que reciclava as caixinhas passou a mandar os resíduos para um fabricante de telhas e essa mesma fibra de plástico que dava consistência à embalagem também serviu para produzir telhas de melhor qualidade. O projeto foi idealizado em 1997 e hoje, mais de dez anos depois, são mais de 16 fábricas de telha reciclável em todo o País. “Elas são mais firmes e absorvem melhor os ruídos”, pontua o executivo. Outra ação da Tetra Pak já em prática é o site Rota da Reciclagem. Apoiado pelo Google, basta o usuário digitar seu endereço e aparecerá qual é o posto de reciclagem de lixo mais próximo de sua residência, além de endereço e telefone do local. Assim, não haverá mais a desculpa da distância ou do desconhecimento de um lugar próximo. O site é www.rotadareciclagem.com.br***39 A multinacional finlandesa está a todo vapor para transformar seus aparelhos em verdadeiros sinônimos de sustentabilidade. Telefones feitos com 80% de material reciclável, baterias que consomem menos energia e embalagens menores e mais econômicas são as três principais ações da empresa para diminuir seu impacto no ambiente. O NOKIA 3110 é o maior exemplo disso. É feito de bioplástico, uma fibra composta em sua maior parte por materiais de origem orgânica e apenas 12% de petróleo. “Nossa intenção é encontrar maneiras de reciclar todos os nossos dispositivos, e não apenas focar em um produto”, explica Luciana Souza, gerente de responsabilidade social da Nokia. Para 2010, a empresa pretende utilizar em todas as suas fábricas pelo menos 50% de energia renovável.Hoje, utiliza 25%. Nesse mesmo período, quer reduzir a zero o consumo de energia de seus carregadores quando estes estiverem em modo de não carregamento (ligados na tomada, mas com o celular já carregado). Em 2007, a Nokia foi a primeira a produzir celulares com alertas para avisar o indivíduo quando a bateria estiver completamente recarregada.***40 A companhia alemã detentora das marcas Super Bonder e Pritt foi uma das primeiras gigantes a desenvolver sua política de sustentabilidade. Nos anos 1950, quando pouco se falava dos efeitos da indústria no meio ambiente, a empresa iniciou um processo de checagem da agressão ambiental dos componentes de seus produtos. Em 1983, eliminou parte dos ingredientes químicos de seus detergentes, que eram causadores da espuma poluente despejada nos rios. Mas um de seus programas sustentáveis mais interessantes não está necessariamente relacionado ao meio ambiente. Trata-se do MIT (Make an Impact on Tomorrow), um projeto de voluntariado para os funcionários da empresa. A HENKEL disponibiliza anualmente um milhão de euros para o MIT no mundo. E essa quantia é repassada às instituições que já contam com a colaboração dos funcionários da empresa. “Quanto mais envolvido o funcionário estiver com a instituição, maior é verba que ela receberá. Assim, garantimos que o dinheiro chegue ao seu destino e nos certificamos de que ele está sendo bem aplicado”, explica Leandro Conti, gerente de comunicação da Henkel. O MIT existe há dez anos e, segundo Conti, é importante não só para as instituições auxiliadas, como também para a motivação e espírito de equipe dos funcionários.***Reciclagem41 Na década passada, o assunto reciclagem ainda era pouco debatido no Brasil. Raras empresas tinham programas sistematizados de reuso de resíduos. A COCA-COLA não fugia à regra. A companhia se esforçava para recolher embalagens descartadas indevidamente, mas as ações eram pontuais e de pouca abrangência. Em 1996, a história começou a mudar. As iniciativas foram agrupadas sob o guarda-chuva do programa Reciclou, Ganhou e a sinergia se mostrou eficaz. Por meio de 4,5 mil instituições parceiras, a empresa conseguiu coletar e reciclar mais de duas mil toneladas de alumínio, 1,4 mil toneladas de PET, 230 toneladas de aço e 44 toneladas de longa vida. ?Precisamos melhorar o índice geral, mas o Brasil já é exemplo mundial em reciclagem de alumínio?, afirma o diretor de meio ambiente da Coca-Cola, José Mauro de Moraes. Com as embalagens PET, porém, o resultado não é tão bom. Da produção total, somente 51,3% voltam para algum processo produtivo. Boa parte é utilizada na indústria têxtil, que as transforma em fibras para tecidos. A partir de setembro, este mercado deve sofrer um novo impulso, aumentando o índice para quase 70%, com a liberação, pela Anvisa, do uso de resina reciclada em embalagens de alimentos. A medida beneficiará a própria Coca-Cola, que já baniu a utilização de garrafas PET pigmentadas de difícil reciclagem, passando a usar
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