Empresas demitem em todo o país
05/12/08
Pelo menos 121,5 mil trabalhadores de vários setores da economia entraram ou devem entrar em férias coletivas neste fim de ano, grande parte antecipada por causa das turbulências da crise financeira mundial. Outros 12 mil devem perder emprego nos próximos meses, somando-se aos cerca de 5 mil que já foram demitidos desde novembro, segundo dados das empresas e de sindicatos. Os maiores impactos são registrados nos setores automobilístico, siderúrgico e de mineração, eletroeletrônico, petroquímico e de papel e celulose, entre outros.ultima = 0;
Mapa das demissões
Nas últimas semanas, pelo menos seis grandes empresas de atuação nacional demitiram 2,9 mil pessoas. Confira quais são essas companhias e quantas pessoas cada uma delas já dispensou:
Volvo
530 pessoas ? 430 na fábrica de caminhões e ônibus da Cidade Industrial de Curitiba e 100 na fábrica de caminhões para mineração de Pederneiras, em São Paulo. Dos trabalhadores de Curitiba, 280 eram temporários.
Vale
1,3 mil pessoas em todo o mundo. 20% dos demitidos estão em Minas Gerais.
Votorantim Celulose e Papel (VCP)
118 pessoas, que trabalhavam na expansão da base florestal no Rio Grande do Sul.
LG Eletronics
550 pessoas, das quais 350 eram trabalhadores temporários de Taubaté, no interior de São Paulo.
Banco Safra
200 funcionários que trabalhavam em São Paulo e Osasco (SP). Segundo o sindicato dos bancários da região, cerca de mil bancários, de várias empresas, perderam o emprego nos últimos três meses.
Banco HSBC
200 pessoas trabalhavam num centro administrativo fechado no Rio de Janeiro. Segundo o banco, que não relaciona as demissões à crise internacional, metade delas seriam reaproveitadas em São Paulo e Curitiba.Saiba mais Presidente da Vale diz que pode haver mais desligamentos Electrolux dispensa 50 em Curitiba
Apenas o setor metal-mecânico de Curitiba e região metropolitana estima um total de 3,9 mil demissões até o início de 2009. O número é baseado na pesquisa que o Sindimetal-PR, que representa esse segmento da indústria, está fazendo com 160 empresas da sua base, cujas respostas até ontem apontavam para a demissão de 13,05% dos empregados do setor. A indústria metal-mecânica emprega aproximadamente 30 mil pessoas na região da capital paranaense.
As férias coletivas e demissões são ainda mais intensas no ABC Paulista, onde cerca de 85 mil metalúrgicos empregados nas montadoras e em fábricas de autopeças terão um fim de ano diferente dos anteriores. Com os estoques recheados e a venda de carros novos patinando, as empresas estão antecipando a paralisação e ampliando o período de férias coletivas. Em companhias de autopeças da região, 8,2 mil podem perder emprego nos próximos meses, segundo estimativa do Sindipeças.
O impacto da crise internacional também já mostra fortes sinais na Zona Franca de Manaus. As demissões de trabalhadores no mês de novembro aumentaram 132% em relação ao mesmo mês no ano passado. Segundo o Sindicato dos Metalúrgicos, foram dispensadas 1.580 pessoas em novembro, contra 680 em novembro de 2007, como efeito da retração nas vendas e na produção de produtos como motocicletas e televisores.
Em outubro, quando a crise começou, as montadoras de duas rodas concederam férias forçadas, mas sem demissões. O sindicato diz que, em novembro, a indústria de motocicletas Dafra demitiu 490 empregados. A Sundown Yamaha Honda, outra fábrica do setor, também acena com cortes na folha de pagamento. No setor de eletroeletrônicos ocorreram demissões nas fábricas da Sony, da Semp Toshiba e da Nokia, segundo o sindicato. Mais 1.630 empregados serão demitidos neste mês. Em outubro, as demissões já haviam somado 1.733, de acordo com o sindicato, contra 981 do mesmo mês em 2007.
?Das nossas indústrias, 90% já fizeram ou vão fazer demissões até o fim de dezembro?, afirmou o presidente do Sindimetal-PR, Roberto Karam, que mostra preocupação com a produção industrial em 2009. ?Nesse ritmo, a indústria consegue agüentar [sem demissões] até março ou abril?, acrescentou.
Na quarta-feira, a Vale anunciou férias coletivas para 5,5 mil empregados em suas operações ao redor do mundo. A empresa também cortou 1,3 mil vagas (ou 2,1% de seu efetivo total) em suas unidades. Outros 1,2 mil empregados estão sendo treinados para novas funções dentro da companhia.
No setor de papel e celulose, a VCP (do grupo Votorantim) anunciou a demissão de 118 funcionários que trabalhavam na expansão da base florestal de sua unidade em construção no Rio Grande do Sul, que também teve a inauguração adiada. A crise global foi apontada como justificativa para as medidas. No setor siderúrgico, a CSN deve colocar 2 mil dos 7 mil funcionários em férias coletivas em Volta Redonda (RJ), segundo o sindicato.
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