Do conflito ao crescimento sustentável
09/06/08
Governador Marcelo Miranda quer fazer do Tocantins o maior pólo de biocombustível do PaísSÉRGIO PARDELLASCriado em 1988, nos primeiros tempos Tocantins foi símbolo da incerteza econômica e de graves problemas fundiários. Hoje, porém, o Estado superou grande parte dos problemas e vive dias de franco desenvolvimento. Por trás da euforia, estão os investimentos na produção de biodiesel. Tocantins possui duas usinas: a Brasil Ecodiesel, em Porto Nacional, que utiliza mamona, soja e girassol como matérias-primas para produção do biocombustível, e a Biotins Energia, em Paraíso, na qual é usado o pinhão-manso. ?Queremos transformar o Estado no principal pólo de produção de biocombustível no País?, diz o governador Marcelo Miranda (PMDB) nesta entrevista à ISTOÉ.ISTOÉ ? Como está a questão fundiária em Tocantins?Marcelo Miranda ? Temos alguns problemas fundiários, mas também temos diálogo com os movimentos sociais. Esperamos que o Congresso aprove a medida provisória que prevê a regularização fundiária das áreas produtivas ocupadas com extensão de até 1,5 mil hectares. Se virar lei, o Incra poderá conceder títulos definitivos de propriedade aos produtores rurais da Amazônia Legal.ISTOÉ ? Qual é a perspectiva da produção de biodiesel no Estado?Miranda ? Trabalhamos para transformar o Estado no principal pólo de produção de biocombustível no País.ISTOÉ ? Como se chegou a isso?Miranda ? Nosso diferencial é a parceria com a agricultura familiar. A produção de biodiesel poderá atender as regiões Norte, Nordeste e Centro-Oeste. Tocantins já dispõe de uma usina de álcool e iremos inaugurar em breve uma de etanol. Estamos fazendo a rota do álcool com a meta de utilizar as áreas de pastagens degradadas para produzir matériaprima para cerca de dez a 20 usinas num prazo de dez a 15 anos.ISTOÉ ? Quais são os atrativos de Tocantins para os investidores?Miranda ? O Estado tem 28 milhões de hectares de terras disponíveis. Do total, 51% são reservas legais. Então, restam pouco mais de 13 milhões de hectares de terras para produção. Destes, cinco milhões são de pastagens degradadas que podem ser destinadas para implantação de 24 usinas de álcool. Temos terra, temos água em abundância, temos energia, uma malha rodoviária que atende bem todo o setor. A Ferrovia Norte-Sul está no nosso Estado, chegando à nossa capital no ano que vem. Vai baratear os custos e diminuir as distâncias para os países da Europa e Ásia. Também temos um potencial mineral fantástico.ISTOÉ ? Há grandes grupos investindo no Estado?Miranda ? Sim, a Votorantim, que assinou contrato para a instalação de uma fábrica de cimento em Xambioá, com o início da produção previsto para 2009. Sozinha, a indústria de cimento, que tem faturamento anual calculado em R$ 180 milhões, deve garantir um aumento no PIB superior a 1%. O setor mineral também impulsionou as exportações de Tocantins. Hoje, nós já exportamos para 30 países.ISTOÉ ? Como o Estado vem enfrentando o problema do desmatamento?Miranda ? Temos o programa Reflorestar. Em Tocantins, há 26 mil hectares de terras dedicadas à reposição florestal. A meta é chegar em 2010 aos 79 mil hectares.ISTOÉ ? Quais são os indicadores do Estado hoje?Miranda ? Segundo levantamento divulgado pelo IBGE, o Tocantins, em 2005, foi o terceiro Estado brasileiro no ranking de maior taxa de crescimento do PIB: cresceu 7,3%, duas vezes a média nacional.ISTOÉ ? Em que setores o crescimento foi mais forte?Miranda ? Sobretudo nas áreas de construção civil e agropecuária, em que o crescimento foi de 16%, o maior do Brasil. Em 2007, também nos tornamos o maior produtor de grãos da região Norte. Neste ano, a meta é produzir 1,4 milhão de toneladas.
Revista Isto É