Distribuição bate recorde de vendas no semestre
30/07/07
Christiano da Cunha Freire, presidente da Frefer: movimento de antecipação de compras por distribuidores para recomposição de estoques de aço A expansão firme de alguns setores econômicos, como automotivo, agronegócios e construção civil, colaborou para o melhor desempenho já alcançado pelo setor de distribuição de aços planos, uma atividade que atua na ponta do consumo. As vendas no primeiro semestre cresceram 29,7% e atingiram 1,62 milhão de toneladas, segundo o mais recente balanço feito na sexta-feira pelo Instituto Nacional dos Distribuidores de Aço (Inda). A entidade reúne quase 40 associados, que respondem por mais de 80% do volume da rede de distribuição e revenda. Christiano da Cunha Freire, jovem empresário do setor, eleito recentemente presidente do Inda, diz que a demanda superou de longe as previsões do início do ano. “Alguns setores da economia, como a indústria ligada à cana-de-açúcar, deram uma puxada inesperada no consumo de aço. Este caso, por exemplo, impulsionou a procura por máquinas e implementos agrícolas e bens rodoviários, com alta de 42%”, diz. Com 34 anos, Freire comanda, desde 2000, os negócios da família, que vendeu a divisão de tubos para o grupo americano Tyco. Em 2003, deixou a presidência da Tyco no Brasil e dedicou-se à gestão da Frefer S/A, uma das dez maiores distribuidoras do país, fundada pelo pai nos anos 60, que figura também entre as cinco firmas independentes do setor. A Frefer prevê movimentar 140 mil toneladas e faturar R$ 350 milhões em 2007.A maioria dos setores industriais do país é suprida com aço plano por meio de empresas da rede, os chamados centros de serviços (fazem corte e dobra, relaminam e até estampam materiais) e distribuidores. A rede abrange desde a área automotiva, máquinas e equipamentos industriais e agrícolas, fabricantes de tubos de pequeno e grande diâmetro, construção civil, transportes, utilidades domésticas e comerciais, até a naval, ferroviária e petrolífera. Segundo Freire, o setor responde hoje 31% das vendas totais de aços planos que saem das usinas no país, sem considerar produtos como tubos e perfis que são fabricados por empresas da rede. “Somando isso, chegamos a 46%”, afirma. Os produtores de aços planos – sistema Usiminas, CSN e grupo ArcelorMittal – têm expectativa de consumo de quase 12 milhões de toneladas neste ano. A rede ligada ao Inda projeta vender pelo menos 3,15 milhões. A média mensal de vendas até junho bateu recorde, com 270 mil toneladas. Para o segundo semestre, o Inda projeta 1,54 milhão de toneladas. “Devido ao temor de novas altas de preços, muitos distribuidores e centros de serviços anteciparam compras e aproveitaram para recompor estoques”, observa Freire. As usinas reajustaram os preços entre 5,5% e 8% em maio.O perfil do consumo, segundo o Inda, mostra que o Estado de São Paulo – responsável por metade da demanda via rede – registrou crescimento de 25%. O Rio Grande do Sul reagiu e absorveu 40% mais. Minas Gerais/Espírito Santo, puxado por mineração, automotivo e máquinas, cresceu 47%. A indústria petrolífera e naval fez a demanda subir 81% no Rio de Janeiro. A região Norte teve alta de 42% e a do Nordeste, 30%. Um setor que se mostra bem consistente é o automotivo, composto pelas vendas às montadoras, fabricantes de autopeças e indústria de carrocerias. A demanda no semestre cresceu 27%, atingindo 335 mil toneladas. Outra área com forte consumo foi a de máquinas e equipamentos industriais, com alta de 28%. Na construção civil, as vendas foram puxadas pelo boom imobiliário. Subiram 26,5%. A aceleração da demanda de aço no período levou à importação de chapas grossas, um produto só fabricado no país pelo grupo Usiminas. Uma das aplicações é a indústria naval. Frefer, Juresa e a própria Usiminas trouxeram o material de fora, principalmente da China. A Nucor, dos EUA, também despachou chapa grossa para o país. Nos seis meses, o volume alcançou 127 mil toneladas. “O câmbio tem viabilizado a entrada de alguns produtos siderúrgicos”, comenta Freire. Segundo Freire, em cinco anos, com aumento do consumo aparente de aço, a expectativa é a rede de distribuição movimentar 4,5 milhões de toneladas por ano. Hoje, essa atividade (comercialização e centro de serviços), com 31% das vendas, alcança faturamento anual de R$ 15 bilhões.Foto: Marisa Cauduro/Valor
Valor Econômico