Disputa na Bragados frustra venda para Gerdau
21/12/06
Janes Rocha e Natalia Gómez21/12/2006
Uma disputa entre os dois ramos da família Vara que controlam a siderúrgica argentina Aceros Bragados, frustrou a tentativa da Gerdau de adquirir a companhia. Há cerca de um mês, a Gerdau havia feito uma oferta de US$ 150 milhões pelo controle da Bragados, segunda maior siderúrgica da Argentina. O negócio daria à Gerdau uma fatia de 45% do mercado de aços longos e perfis do país. A siderúrgica gaúcha já é dona, desde 1998, da laminadora Sipar Aceros.
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Depois que a Gerdau fez sua oferta e como não houve acordo com um dos grupos controladores, Liliana Vara, viúva do fundador da Bragado, Piero Vara, contratou um assessor financeiro de Buenos Aires, o Onyx Group, para uma reavaliação dos ativos da companhia e traçar uma nova estratégia de venda. O Onyx reavaliou a empresa em US$ 200 milhões e afirma que há dois outros interessados.
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Gerdau fechou um acordo com a fabricante de aços especiais japonesa Daido Steel que prevê o intercâmbio de tecnologia para o desenvolvimento de produtos específicos para as montadoras japonesas Honda, Nissan e Toyota. A Gerdau já atende estas montadoras no Brasil e na Argentina, mas o acordo prevê o atendimento destas companhias em todos os países das Américas, inclusive nos Estados Unidos. “Hoje vendemos pouco para estas empresas no mercado americano, mas devemos expandir estes negócios”, diz o diretor executivo da Gerdau Aços Especiais Piratini, Joaquim Bauer.
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“A parceria também nos permitirá uma aproximação com empresas que estão se tornando líderes de mercado, como é o caso da Toyota.” Ele não quis dar previsões sobre o potencial de aumento nas vendas, mas afirmou que será expressivo.
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Para dar suporte ao incremento da demanda, a companhia vai investir US$ 50 milhões a US$ 60 milhões na fábrica de aços especiais Piratini, em Charqueadas (RS), nos próximos três anos. A produção de aços especiais passará de 400 mil toneladas anuais para 450 mil toneladas. O volume de laminados produzidos a partir deste aço vai passar de 500 mil toneladas para 550 mil. A diferença entre o volume de aço e laminados é suprida pela Gerdau Açominas.
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O executivo destaca que boas perspectivas em outros segmentos, como o setor naval, de ferramentas e de tubulação para transporte de gases, também justificam a necessidade de investimentos.
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Além dos ganhos no mercado americano, a parceria com a japonesa deve beneficiar os negócios no Brasil junto a estas montadoras porque o tempo de desenvolvimento de produtos da Gerdau cairá pela metade.
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Atualmente, a brasileira leva oito meses a um ano para desenvolver um novo projeto, mas este tempo cairá para quatro ou cinco meses com a transferência de tecnologia da Daido. Além do intercâmbio de informações sobre processo de produção, tecnologia, inspeção de qualidade e desenvolvimento dos produtos, o acordo prevê o intercâmbio entre profissionais para troca de experiências.
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A homologação dos novos produtos junto às montadoras seguirá sendo necessária, segundo o executivo, porque os aços especiais são usados em peças de alta responsabilidade nos veículos. Cerca de 5% a 7% das vendas de aços especiais da Gerdau hoje no Brasil são feitas para as três montadoras japonesas.
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Segundo Bauer, a usina de Piratini, responsável por este tipo de material, poderá começar a produzir os novos produtos em seis meses. As vendas podem levar mais tempo porque todos os membros da cadeia produtiva, como as fabricantes de autopeças, precisam obter a homologação junto à montadora.
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Bauer explica que os aços produzidos por meio deste convênio não serão voltados para algum tipo específico de peças. “De acordo com a demanda podemos fornecer para fabricação de motor, suspensão, direção”, afirma o executivo. Desde 1995 a siderúrgica firmou um intercâmbio tecnológico com a Daido para melhorar os processos produtivos da fábrica, que estavam defasados após anos sem investimentos.
Valor Econômico