Demanda aquecida e estoque em baixa devem sustentar os preços dos metais
02/07/07
De São Paulo02/07/2007
A demanda mundial aquecida – sobretudo na China – e os escassos estoques mundiais podem levar o preço das commodities metálicas a um novo período de recordes no segundo semestre, a exemplo do que foi observado na primeira metade do ano. Mesmo em cenários pessimistas, especialistas apostam que as cotações médias permaneçam altas até o fim do ano.
Os movimentos mais fortes de alta das commodities foram registrados a partir de fevereiro, início do ano novo chinês, principalmente níquel, zinco e cobre. A China fez pesadas importações desses materiais, por conta da produção de bens de consumo e de aço. O país também aproveitou para tentar reequilibrar seus estoques internos. De acordo com o gerente de commodities metálicas do Standard Bank, Luiz Manreza. Para ele, a China deve continuar sendo o principal balizador de preços no segundo semestre.
Apesar das intensas altas entre fevereiro e maio, a maior parte das cotações fechou o primeiro semestre em queda. De acordo com o especialista, a reversão dos preços nada mais é que uma correção do mercado, somada à utilização do material em estoque pelas empresas, que só compraram no mercado o necessário para alimentar sua produção. Houve também um forte componente de especulação.
O movimento foi mais visível no níquel, que em meados de abril chegou a experimentar patamares próximos aos US$ 50 mil a tonelada. “Havia sim uma grande necessidade de níquel dado o aumento da produção de aço, mas a London Metal Exchange (LME) notou que poucos investidores detinham mais de 50% das posições, o que ajudava a sustentar a alta do metal. Agora, mesmo sem essas distorções, a commodity mostra-se estável num patamar considerado alto.”
Já o cobre, que no ano passado começou a dar sinais de desaceleração de demanda – e por consequência de preço – voltou a registrar tendência de alta no primeiro semestre, por conta das volumosas importações chinesas. A cotação, que havia chegado perto dos US$ 6 mil por tonelada em fevereiro, fechou o semestre em US$ 7,5 mil. As greves ocorridas em algumas das principais jazidas mundiais também ajudaram a puxar os preços para cima.
“Os estoques mundiais garantem um equilíbrio frágil. Se houver um novo pico de demanda, o preço do cobre poderá voltar para a casa recorde de US$ 8,5 mil por tonelada na LME”, disse. A bolsa de commodities londrina – referência do mercado – aponta estoques de 116 mil toneladas do material. Há dois anos, em períodos de sobreoferta, os níveis superaram a casa das 500 mil toneladas.
A cotação do alumínio fechou o semestre com níveis semelhantes aos registrados no fim do ano passado, com pouca volatilidade. A China conseguiu suprir sua demanda do material ao aumentar o refino da bauxita (matéria-prima da alumina). Em um ano, a importação do material subiu 211%.
O zinco também deve voltar a experimentar picos de alta, acompanhando o aquecimento dos produtos siderúrgicos. Entretanto, a folga de estoque poderá reduzir o ritmo dos reajustes. A China, a maior produtora e consumidora mundial de zinco, deverá aumentar sua produção do metal este ano e registrar um excedente, segundo Wu Xijun, analista-chefe da Shenzhen Zhongjin Lingnan Nonfemet Co. A produção deverá aumentar 20% em relação aos 3,15 milhões de toneladas do ano passado, segundo a Bloomberg. (PN)
Valor Econômico