CVRD congela seus projetos de mineração no Gabão
07/12/06
LIBREVILLE, 6 dez (AFP) – A gigante brasileira do setor de mineração, a Companhia Vale do Rio Doce (CVRD) congelou, por motivos de “estratégia”, seus projetos de desenvolvimento industrial no Gabão, especialmente no âmbito da exploração de manganês, indicaram nesta quarta-feira fontes próximas à empresa.
O líder mundial do ferro mantém, no Gabão, compromissos de exploração das jazidas de manganês, perto de Franceville, a 650 km a leste de Libreville, e em Okondja, 150 km mais ao norte, possuindo também outras licenças para a prospecção de cobre e ouro.
Segundo uma fontes próxima à companhia, a CVRD suspendeu as atividades em suas duas minas de manganês, especialmente a de Franceville, onde havia instalado uma fábrica piloto. Com isso, a empresa demitiu 200 pessoas, segundo esta fonte.
“Continuamos interessados pelo potencial de mineração do Gabão, mas decidimos congelar nossos projetos industriais por motivos de conjuntura e de estratégia”, explicou a fonte à AFP.
“A CVRD não tem a intenção de deixar o país, onde realiza um programa de exploração de minérios centrados no cobre e no manganês”, afirmou à AFP um porta-voz da companhia no Brasil, Fernando Thompson.
Esta decisão pode ser explicada pelo baixo nível atual das cotações mundiais de manganês, a recente compra pelo gigante brasileiro do grupo de mineração canadense Inco, e a decisão em junho do governo gabonense de preferir um consórcio chinês, em vez da CVRD, para a exploração da mina de ferro de Belinga (nordeste), segundo esta fonte próxima à companhia.
A perda deste enorme contrato, que prevê, além da exploração da mina, a construção de 560 km de estradas de ferro, de um porto e uma represa hidroelétrica no valor de 3,25 bilhões de dólares, alimenta ainda mais o rumor já existente há vários meses sobre a saída do grupo brasileiro do país.
Segundo a mesma fonte, a CVRD não perde a esperança de participar com os chineses na exploração da mina de Belinga, do que conserva ainda a permissão de exploração.
O Gabão deve produzir em 2006 cerca de 3 milhões de toneladas de manganês, até agora extraídas somente pela Comilog, uma filial do grupo de mineração francês Eramet. Sociedades chinesas e o gigante australiano BHP Billiton obtiveram recentemente autorizações de prospecção no Gabão.
Antes do congelamento dos projetos da CVRD, o Gabão esperava -graças a seus novos operadores- desbancar até 2010 o Brasil e a África do Sul do primeiro lugar mundial na produção deste minério.
Agência AFP