Custo da energia elétrica prejudica indústrias no país
04/04/11
Espremidas pelos elevados custos da energia elétrica no Brasil, as indústrias de alumínio reduziram em 10% a capacidade produtiva no país nos últimos seis anos.
“Fábricas de outros setores de uso intensivo de energia também estão fechando as portas”, alertou Eduardo Spalding, coordenador da Comissão de Energia da Associação Brasileira da Indústria de Alumínio (Abal).
De acordo com Spalding, os custos da energia praticamente dobraram nos últimos seis anos e hoje o Brasil tem a terceira tarifa mais cara do mundo.
“Isso inibe investimentos e, se nada for feito, nos próximos dez anos haverá um aumento de mais de 20% no custo da energia industrial”, informou. Ele destacou que o custo de produção de uma tonelada de alumínio alcançava US$ 1.069 em 2003, e a conta de energia representava 33% desse total.
Em 2008, o custo de produção saltou para US$ 1.991 a tonelada, em que 44% representavam os gastos com energia. “O preço da energia condena de forma inexorável a indústria”, disse Spalding, que também integra o Conselho Temático de Infraestrutura da Confederação Nacional da Indústria (CNI).
Segundo Paulo Pedrosa, presidente da Associação dos Grandes Consumidores Industriais de Energia e de Consumidores Livres (Abrace), além de contribuir para o fechamento de empresas no país, os elevados custos da energia elétrica comprometem o emprego e a renda dos brasileiros. Também pressionam a inflação e prejudicam as exportações.
“Todas essas variáveis têm uma correlação muito grande com o preço de energia”, completou Pedrosa.
Para ele, o primeiro passo para a redução da tarifa é retirar a carga tributária e os encargos, que representam mais de 50% dos valores cobrados dos consumidores de energia.
O presidente da Abrace acrescentou que os custos dos programas sociais não devem ser repassados às contas de luz, mas absorvidos pelo orçamento da União. “Isso seria benéfico para o próprio governo, que poderia aumentar a arrecadação a partir de um crescimento do Produto Interno Bruto (PIB).”
A desoneração tributária e de encargos das tarifas de energia é a principal proposta do estudo Efeitos do Preço da Energia no Desenvolvimento Econômico – Cenários até 2020, feito pela Fundação Getúlio Vargas (FGV) em parceria com a Abrace.
De acordo Fernando Garcia, coordenador do Projeto Energia Competitiva da FGV, com a desoneração das tarifas, o Brasil pode crescer mais e acrescentar R$ 695 bilhões ao PIB até 2020. “Isso representa economia do tamanho da África do Sul e três vezes a do Chile”, informou Garcia.
Segundo ele, o custo de energia no Brasil cresceu mais rápido do que no resto do mundo e isso trouxe graves consequências à balança comercial.
“De exportador de alguns produtos, como material de construção, passamos a ser importadores, e hoje acumulamos um déficit de US$ 3 bilhões. Para conviver com uma taxa de câmbio valorizada, precisamos tomar outras providências para reduzir os custos e aumentar a competitividade.”
Brasil Econômico