Culinária mineira e música sertaneja de raiz marcam 17º Festival da Quitanda de Congonhas
02/06/17
A cidade de Congonhas recebeu nos dias 20 e 21 de maio a 17ª edição do Festival da Quitanda. O público que compareceu à Romaria pôde se deliciar com receitas da tradicional culinária mineira e ouvir o melhor da música sertaneja de raiz. O evento foi promovido pela Prefeitura de Congonhas e contou com o patrocínio da CSN Mineração. A FUMCULT, a Emater, o Conselho Municipal de Cultura, o Mercado Central e a Rádio Educativa FM também apoiaram o Festival.
A festa começou no sábado, 20, com a Noite de Caldos e Violas. Para espantar o frio, foram servidos diversos tipos de caldos. Além disso, os congonhenses e visitantes apreciaram a música sertaneja de raiz com o cantor Gabriel Sater e a dupla Mayck e Lyan.
Já no domingo, 21, o público conferiu de perto o trabalho das quitandeiras e provou alguns dos deliciosos quitutes do Estado. Foi montado um cenário especialmente para o evento, com lembranças da vida no campo. Neste clima, 48 barracas comandadas por quitandeiras de Congonhas e de outras 18 cidades de Minas ofereceram seus produtos.
Para animar a festa, pela manhã houve apresentações de grupos de Congado, da Corporação Musical Senhor Bom Jesus e da cantora Mayara Rodrigues. À tarde, o Grupo Viola Inviolada, Miltinho Edilberto e banda e o cantor Cleiber Tarcísio deram o tom.
Segundo o prefeito de Congonhas, Zelinho de Freitas, o Festival tem o objetivo de resgatar a cultura das quitandas mineiras: “O mais importante é divulgar e valorizar o trabalho das quitandeiras e isso está sendo feito ano após ano. Agradecemos o envolvimento de todas as equipes da Prefeitura, da secretária de Cultura Míriam Palhares e também a CSN Mineração pelo patrocínio”.
Eugênia Mara Dias Gonçalves, coordenadora técnica da Área de Bem-estar Social da EMATER em Belo Horizonte e região metropolitana, também reforça a importância da valorização das quitandas: “A realização desse festival em Congonhas faz um resgate histórico, porque quase todas as pessoas têm uma relação muito próxima com a cozinha”, afirma.
Para Marco Aurélio Cordoni Nogueira, assistente Institucional da Secretaria Estadual de Desenvolvimento Agrário, é importante o apoio das grandes organizações, como a CSN Mineração, para estimular o trabalhador do campo: “As empresas estão no dia a dia da comunidade. Ao patrocinar eventos, promovem o desenvolvimento cultural e econômico dessas famílias”, afirma.
Para Luiz Paulo Barreto, diretor Corporativo da CSN, a empresa se orgulha de estar ao lado da cidade de Congonhas em um dos seus eventos mais tradicionais e de maior demonstração de sua cultura. “Congonhas tem a mineração e a arte em sua essência, mas que também se fez marcar pela gastronomia”, afirma.
Premiação
O Festival da Quitanda também premiou os melhores quitutes. Houve receitas preparadas especialmente para o evento e aquelas que são passadas de geração para geração. Na categoria Comércio Especializado, o Biscoito de Nata com Canela, de Santa Bárbara do Tugúrio, ficou em primeiro lugar. Na segunda colocação, ficou a Broa de Pé de Moleque, produzida pela Padaria Santo Pane, de Congonhas.
Já na categoria Quitanda Regional, o primeiro lugar ficou com o Pastel de Angu com Recheio Vegano, produzido pela quitanda Inesita de Itabirito. O segundo lugar ficou com o Bolo de Arroz, de Itaverava.
A categoria Prata da Casa, formada apenas por quitandeiras congonhenses, premiou em primeiro lugar o Bolo de Milho com Requeijão, da quitanda Divino Sabor, e na segunda colocação o Bolo de Melado, da quitanda Colméia.
Patrimônio imaterial em andamento no IPHAN
Era 2012 quando Juliana Resende Bonomi ainda cursava o Mestrado em Memória Social pela UNIRIO e optou por estudar as quitandeiras, algo que remetia à sua infância. Já em 2013, Juliana entrou em contato com a Secretaria de Cultura de Congonhas para estruturar o processo para tornar o ofício das quitandeiras um patrimônio imaterial e apresentá-lo ao Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (IPHAN).
A pesquisa, composta por documentos, como fotos e vídeos, gerou um levantamento histórico. Isso tudo com a anuência das quitandeiras. Em março de 2014, o IPHAN havia enviado a documentação para análise da equipe de Patrimônio Imaterial. Em 2015, a superintendente da entidade, Célia Corsino, e sua equipe, visitaram o festival e, no mesmo ano, o Instituto aprovou a abertura do inventário.
Em maio de 2017, pouco antes da realização do 17º Festival, Célia retornou para realizar uma reunião com as quitandeiras. “É preciso que as pessoas – detentoras do conhecimento do ofício – entendam o que significa tornar-se patrimônio imaterial. É um processo cauteloso”, enfatiza Juliana.
“Não são as receitas que serão tombadas, mas o ofício. É a transmissão de geração para geração”, explica. Bonomi lembra que são as quitandeiras que deverão pensar nessas ações, seja uma escolinha, uma enciclopédia ou um festival. Por fim, o poder público e empresas poderão apoiar a iniciativa.