CSN mantém aposta no minério de ferro em 2007
10/11/06
Commodity virá de mina de Casa de Pedra ou de compra de terceiros
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MARIANA DURÃO
DO JORNAL DO COMMERCIO
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A Companhia Siderúrgica Nacional (CSN) continuará com foco nos investimentos em minério de ferro em 2007, quando exportará 8 milhões de toneladas da commodity a partir de seu terminal no Porto de Itaguaí (RJ). A fonte do minério exportado poderá ser a produção própria da mina de Casa de Pedra, em Congonhas (MG), ou compras de terceiros fornecedores.
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Segundo o diretor de mineração da companhia, Juarez Saliba, a operação independe do rumo da disputa judicial entre a Vale do Rio Doce e o Conselho Administrativo de Defesa Econômica (Cade) quanto à cláusula de direito de preferência que a mineradora mantém na mina. O mesmo vale para o possível IPO ou alienação de fatia da mina (10% a 30%) a investidor estratégico, operação que está sendo estruturada pelo banco de investimento Credit Suisse.
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“O principal objetivo da CSN é vender minério de ferro e isso acontecerá com ou sem direito de preferência. Se não vendermos para a Vale, venderemos para clientes de países da Ásia, especialmente a China, e Europa, com quem estamos negociando”, afirmou Saliba. “Do nosso ponto de vista não existe pendência com a Vale e o contrato está sendo respeitado”. A atividade de mineração respondeu por 2% do faturamento líquido da CSN, nos nove primeiros meses de 2006.
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O Cade classificou o acordo entre as duas empresas como concentração de poder no setor de mineração, e determinou que a Vale vendesse sua empresa Ferteco ou abrisse mão do direito ao excedente de minério de ferro produzido em Casa de Pedra, decisão que está sendo contestada pela mineradora na Justiça. Saliba negou que a conclusão da operação que tornaria a Casa de Pedra independente da siderúrgica esteja sendo dificultada pelo processo.
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“Isso não existe. Para possível sócio é conforto razoável ter cliente como a Vale. Estamos em fase preparatória”, disse, frisando que não houve definição sobre oferta de ações ou escolha de parceiro.
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Compra de minério. A expectativa para 2007 é de que a Vale adquira 5 milhões de toneladas do minério produzido em Casa de Pedra. A capacidade atual de produção de 16 milhões de toneladas de minério ao ano da mina, chegará a 21 milhões de toneladas na segunda metade do ano que vem. Segundo o cronograma de investimentos do projeto – orçado em US$ 1,5 bilhão – esse volume chegará a 40 milhões de toneladas em 2008 e atingirá o máximo de 53 milhões de toneladas em 2010.;
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;empresa quer garantir o uso da capacidade máxima do Porto de Itaguaí para exportação que chega a 8 milhões de toneladas esse ano. A ampliação do porto tem conclusão prevista para o terceiro trimestre de 2007, quando atingirá capacidade de embarque de 30 milhões de toneladas de minério/ano.
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Saliba esclareceu que a Casa de Pedra terá duas pelotizadoras, que produzirão um total de 6 milhões de toneladas de pelotas e custarão US$ 360 milhões à CSN. A empresa aguarda a concessão de licença de instalação até ao menos abril de 2007, o que permitiria o início das operações no segundo semestre de 2009. Uma outra pelotizadora será integrada à nova usina de placas a ser construída em parceria com a chinesa Baosteel em Itaguaí (RJ). A Vale teria direito de preferência sobre as pelotas produzidas em Casa de Pedra, mas Saliba esclareceu que a maior parte da produção será destinada ao consumo da própria CSN.
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Os projetos das duas novas usinas da área siderúrgica, que de janeiro a setembro respondeu por 89% da receita da CSN, continuam em andamento.
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A participação dos chineses na segunda usina depende da definição do local em que a unidade será construída, que pode ser o Rio de Janeiro ou Minas Gerais. O estudo de viabilidade realizado em conjunto com a Baosteel já elevou de 6 milhões para 9 milhões de toneladas de placas/ano a capacidade conjunta dos dois projetos. Com isso, o investimento total saltou de US$ 3,3 bilhões para US$ 5,1 bilhões.
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O diretor de mercado interno da CSN, Luis Fernando Martinez, estimou que os preços para os aços planos deverão ficar estáveis no quarto trimestre. A projeção vai de encontro ao de boa parte dos analistas do setor, que acreditam em queda de 10% a 30% no período.
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A CSN projeta atingir volume de vendas de 5 milhões de toneladas no ano, ante 4,865 milhões de toneladas em 2005. Para atingir a meta, a empresa terá que elevar a média de vendas trimestral no quarto trimestre de cerca de 1 milhão para quase o dobro disso.
JORNAL DO COMMERCIO