CSN está atenta a oportunidades mas não tem pressa
27/02/07
Por Todd Benson e Cesar Bianconi
SÃO PAULO (Reuters) – A CSN está atenta a oportunidades de aquisições no exterior, pouco menos de 1 mês depois da derrota na disputa de compra da anglo-holandesa Corus, mas o diretor financeiro da empresa faz um alerta: “A dinâmica do mercado siderúrgico é lenta”.
“A CSN quer se tornar um competidor internacional através de aquisição de ativos de pequeno ou médio porte, centros de serviços, centros de distribuição no mercado europeu ou nos Estados Unidos”, resumiu Otávio Lazcano à Reuters, na primeira entrevista após ter perdido o leilão pela Corus, vencido pela indiana Tata Steel.
“Mas se surgirem ativos de grande porte que sejam interessantes, não há porque não analisar”, acrescentou.
A imprensa noticiou recentemente que o próximo alvo da CSN seria a norte-americana U.S. Steel, que tem capacidade de produção de quase 27 milhões de toneladas de aço bruto por ano, cerca de 5 vezes o tamanho atual da companhia brasileira.
“Nós não estamos debruçados sobre nenhum caso de investimento nesse momento para aquisição da maneira que nós estivemos debruçados sobre a Corus”, garantiu Lazcano, quando questionado sobre a U.S. Steel.
“A hipótese de eu afirmar `não estou fazendo nada hoje` e amanhã você ser pego de surpresa não existe.”
Em 31 de janeiro, dia em que a Tata venceu a CSN na batalha pela Corus, as ações da U.S. Steel subiram em Nova York, em meio a rumores de que a CSN poderia fazer uma oferta de compra.
Lazcano esclareceu ainda que as linhas de crédito de bilhões de dólares disponíveis caso a CSN comprasse a Corus não podem ser utilizadas para “qualquer outro tipo de investimento ou aquisição”.
CAÇA OU CAÇADOR
Controlada e presidida pelo empresário Benjamin Steinbruch, a CSN é uma produtora integrada de aço, com vasta produção de minério de ferro, auto-suficiência em energia e logística própria.
Mas é esse pacote de ativos que justamente desperta em alguns analistas o sentimento de que a CSN é um potencial alvo de aquisição.
“Enquanto a CSN não materializar o valor econômico para seus acionistas, eu não vejo a possibilidade de a CSN ser adquirida”, disse o diretor financeiro, referindo-se, principalmente, à mina Casa de Pedra.
A CSN prepara a cisão da Casa de Pedra, com uma oferta pública de ações (IPO, na sigla em inglês) este ano, “tão logo seja possível”, afirmou Lazcano.
A mina terá sua capacidade triplicada para mais de 50 milhões de toneladas de minério de ferro em 2010, com investimento de 1,5 bilhão de dólares.
Outros projetos de crescimento orgânico da CSN já aprovados pelo Conselho de Administração da companhia são a entrada no segmento de aços longos (com 550 mil toneladas), a produção de até 3 milhões de toneladas de cimento por ano e uma nova usina de placas de aço de 4,5 milhões de toneladas. Incluindo a cifra a ser investida em Casa de Pedra, o total dos investimentos até 2010 ficará perto de 5 bilhões de dólares.
Há ainda plano de outra linha de produção a ser instalada no Rio de Janeiro ou em Minas Gerais. O Conselho deve decidir sobre esse investimento no final deste ano. Se confirmado, a capacidade da CSN passará dos atuais 5,6 milhões de toneladas anuais de aço bruto para 15 milhões de toneladas por volta de 2011, informou Lazcano.
Reuters