Crescerá o número de empregados no setor
20/10/08
Dados mostram que, no ano de 2005, em todo o Estado, havia 3.816 pessoas trabalhando no setor de mineraçãoNa entrevista, a voz é baixa e o jeito, tímido. Fala olhando pro chão, pra picareta que traz nas mãos, pras rochas que tem a incumbência de retirar do solo. No trabalho, entretanto, a voz de Seu Basílio tem a autoridade de organizar os operários que, assim como ele, trabalham na trincheira instalada nas áridas terras do distrito de São José do Torto, a 35 quilômetros de Sobral.Ele, que mora em Quiterianópolis, é um dos 20 trabalhadores que se ocupam, juntamente com um grupo de geólogos, da pesquisa de minério de ferro na área. ?É bom pra quem vive no campo, a mineração dá serviço pra gente?, comenta. Assim como ele, um número crescente de pessoas vêm encontrando uma oportunidade de serviço através da atividade mineradora. Contudo, no Ceará, estes ainda representam uma parcela pouco significativa dos trabalhadores. Segundo o Anuário Mineral Brasileiro 2006, o mais recente, o Estado possuía, em 2005, 3.816 pessoas trabalhando no setor, entre empregados, terceirizados e cooperativados. A quase totalidade (95,65%) destes ocupa-se com minerais não-metálicos, com destaque para o calcário (821) e argilas (793), além de rochas ornamentais (545).Nos metálicos, só são registrados aqueles que trabalham com minério de ferro (165), já que os dados não contemplam, ainda, pesquisas realizadas no Ceará, como em minério de cobre, que hoje emprega 74 pessoas em Viçosa, e que, em 10 meses, serão 400.?O Ceará vai demandar muita mão de obra no setor?, afirma o presidente da Câmara Mineral do Ceará, Roberto Amaral. Isso, explica, tanto pelas novas pesquisas que estão surgindo, como com o aumento da produção das minas e pedreiras já existentes, com a elevação da demanda mundial por estes materiais.Somente a mina de urânio e fosfato de Itataia, em Santa Quitéria, irá demandar 500 empregos diretos, e, se somados aos indiretos e atraídos, o número pode chegar a 3 mil.Entretanto, segundo Amaral, o maior potencial na geração de empregos está na atividade ligada às rochas ornamentais. ?Isso porque a capilaridade nestes produtos é bem maior, já que existem ocorrências de rochas ornamentais em várias partes do Estado?, justifica o presidente.De acordo com o geólogo Cláudio Ramalho, a mineração, a cada um hectare, emprega cerca de 50 pessoas. ?Dependendo da mineração, desde o escritório à frente de extração?, explica. ?Ela [a atividade mineradora] é muito importante porque fixa o homem no campo?, completa. (SS)
Diário do Nordeste