Cotações recordes estimulam onda de consolidação das mineradoras
02/07/07
De São Paulo02/07/2007
A australiana BHP Billiton estaria de olho na americana Alcoa, uma das maiores produtoras de alumínio do mundo, que já se mostrou interessada na compra da rival Alcan. Esta, por sua vez, avisa que também é compradora e não alvo de aquisição.
Os preços recordes das commodities metálicas e as perspectivas de consumo em alta em todo o mundo estão levando as gigantes mundiais de mineração e metalurgia a darem passos ousados para ampliar seus domínios geográficos e garantir reservas minerais. As receitas obtidas no ano passado contribuem para aumentar a cobiça dos competidores.
Só no ano passado, de acordo com levantamento realizado pelada consultoria PricewaterhouseCoopers (PwC), as 40 maiores companhias do setor alcançaram faturamento conjunto de US$ 249 bilhões. As chamadas “top quatro” (Anglo American, BHP, Vale do Rio Doce e Rio Tinto) foram responsáveis por 47% dessas receitas.
Há duas semanas, de acordo com o jornal britânico “The Times”, a BHP teria retomado os planos para fazer uma proposta de US$ 40 bilhões pela Alcoa. A empresa americana estaria disposta a pagar mais de US$ 27 bilhões pela Alcan. E ambas são alvo de diversas outras companhias.
Por enquanto, o primeiro semestre foi marcado por duas grandes operações. Em fevereiro, a indiana Hindalco, uma das maiores empresas integradas de produção de alumínio, fechou a compra da Novelis numa operação que vai movimentar US$ 6 bilhões. Na sexta-feira, a russa Norilsk anunciou a compra da canadense LionOre, por US$ 6,4 bilhões.
No ano passado, apenas as quatro maiores operações de fusão e aquisição no setor de mineração beiraram os US$ 50 bilhões. Numa estratégia para reduzir a importância do minério de ferro em seus balanços, a Vale adquiriu a canadense Inco, uma das maiores produtoras de níquel do mundo, por US$ 17,4 bilhões. Ainda em 2006, a Xstrata desembolsou US$ 17 bilhões pela americana Falconbridge; a Goldcorp assumiu a Glamis Gold por US$ 8,6 bilhões, enquanto a Freeport McMoRan comprou a Phelps Dodge por US$ 25,9 bilhões e dessa forma conquistando a terceira colocação entre os maiores produtores de cobre com capital aberto.
Os movimentos de compra no setor de siderurgia também alcançaram níveis recordes no ano passado, de acordo com a PwC. Pelo levantamento da consultoria, 2006 registrou 166 operações de fusões e aquisições, apenas uma a mais em comparação com o ano anterior. Entretanto, os acordos do ano passado movimentaram US$ 70 bilhões, quase três vezes mais em comparação com o 2005. A européia Arcelor e o grupo Mittal – cuja fusão foi avaliada em US$ 46 bilhões – deu origem a um megaconglomerado com capacidade de produção de mais de 100 milhões de toneladas de aço bruto por ano. A segunda maior compra do ano (da canadense Dofasco pela Arcelor, meses antes do acerto com o grupo indiano), movimentou cerca de US$ 5,2 bilhões.
De acordo com os especialistas da PwC, a onda de fusões no setor ainda está longe do fim. A própria Arcelor-Mittal deverá ir às compras novamente se quiser tirar do papel o plano de alcançar as 160 milhões de toneladas de produção. O setor ainda é bastante fragmentado, pois os cinco maiores produtores são responsáveis por menos de 20% da oferta mundial de aço, enquanto os cinco maiores de minério de ferro detêm mais de 40% do fornecimento. (PN)
Valor Econômico