Cotação viabiliza extração de jazidas
02/06/11
Antes inviáveis para a exploração, as jazidas de baixo teor se tornaram um negócio atrativo a partir da valorização dos minerais no mercado internacional. A alta no preço do minério de ferro, por exemplo, que desde 2010 subiu mais de 100%, é um dos fatores que impulsionou tal processo.
O gerente de dados econômicos do Instituto Brasileiro de Mineração (Ibram), Antônio Lannes, ressaltou que a elevação de preços é uma tendência observada há algumas décadas, embora tenha sido mais acentuada recentemente. Dos anos 90 para cá, a tonelada do minério de ferro, que representa hoje cerca de 80% das exportações do segmento, saltou de US$ 20 para US$ 180.
Soma-se a isso a inovação tecnológica que intensifica a exploração das minas de baixo teor. A Samarco Mineração S/A, joint venture formada pela Vale S/A e pela BHP Billiton anunciou no início do mês investimentos de R$ 5,4 bilhões para elevar a; produção atual de pelotas de minério de ferro a partir de itabiritos (minérios com baixo teor de ferro – aproximadamente 43%).
Com a expansão, a produção vai passar dos atuais 22,5 milhões de toneladas/ano para 30,5 milhões de toneladas/ano até 2014. O caso da Samarco ilustra a fala do gerente do Ibram, já que até há pouco tempo, esse tipo de exploração seria comercialmente inviável.
Lannes destacou ainda o crescimento da diversificação mineral no Brasil, onde a atividade representa atualmente 5% do PIB. Apesar de o minério de ferro ainda deter a liderança absoluta do setor (80% da produção), seguido do ouro e do nióbio (menos de 5% da produção cada), este cenário tem tudo para ser modificado. O gerente do Ibram chama a atenção para a mineração de agregados que deve alcançar 550 milhões de toneladas em 2011, ultrapassando a produção do minério de ferro, prevista para chegar a 400 milhões de toneladas. “As pessoas não se atentam muito para isso, mas a conexão dos agregados com a construção civil é importante para o desenvolvimento do país”, disse.
O estado de São Paulo, por exemplo, hoje é o quinto maior produtor de minério no Brasil, graças aos agregados. Na frente deles, estão Minas Gerais, Pará, Goiás e Bahia. Lannes citou também a exploração de cobre que segundo estimativas do setor devem dobrar nos próximos cinco anos, atingindo 500 mil toneladas. Independentemente disso, ainda é cedo para que o Brasil defina os aspectos de sua exploração mineral. Isso porque, até o momento, somente 30% do território nacional são geologicamente mapeados, de acordo com o Ibram.
Portanto, algumas descobertas podem mudar a rota do segmento no país. No ano passado, por exemplo, trabalhos de prospecção mineral feitos no Mato Grosso, identificaram uma jazida de minério de ferro com tamanho estimado em 11,5 bilhões de toneladas.
A mina quatro vezes maior que a de Carajás, a mais importante do país, demonstra o potencial de crescimento do setor e é mais um exemplo de exploração em jazidas de baixo teor (41% neste caso).
Diário do Comércio