Consumo de cimento acima do previsto
11/12/06
SÃO PAULO, 11 de dezembro de 2006 – A expansão do crédito imobiliário e a maior facilidade na obtenção de linhas de financiamento para moradias, em especial, estão impulsionado o crescimento do consumo de cimento no Brasil, conforme dados do Sindicato Nacional da Indústria do Cimento (SNIC), que reviu suas estimativas de aumento do mercado para o ano cheio de 2006. Antes prevista entre 5% e 6%, a elevação deve ficar em torno de 8%, com o consumo do produto passando para cerca de 38,26 milhões de toneladas este ano, em comparação com as 35,42 milhões de toneladas de 2005.
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Para o ano que vem, a previsão do SNIC é de crescimento de 5%. Se concretizada essa expansão, o consumo de cimento no Brasil retornará aos níveis de seis anos atrás, disse o secretário-executivo da entidade, José Otávio Carvalho. Nos anos de 1999 e 2000, as compras do produto ultrapassaram as 40 milhões de toneladas. “Os setores de construção civil e infra-estrutura praticamente parados a partir do início da década refletiram diretamente no consumo de cimento. Agora estamos falando em recuperação.” Por conta disso o consumo por habitante no Brasil, com média de 190 quilos por ano, é dos mais baixos do mundo. Nos países em desenvolvimento, chega a 1 mil quilos per capita/ano.
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A retomada foi iniciada em 2005, quando o mercado cresceu 4,5%. No acumulado de janeiro a outubro deste ano, o consumo já aumentou 9% em comparação com igual período do ano passado, para 31,77 milhões de toneladas. Esse percentual só não permanecerá até o final do ano porque tradicionalmente, por causa das chuvas e feriados, o ritmo de atividade do setor da construção é mais desacelerado nos meses de novembro e dezembro, explicou Carvalho. Além disso, as antecipações de compras do setor de infra-estrutura em meados do ano, “que davam a impressão de crescimento dos investimentos nessa área”, arrefeceram, disse o executivo.
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A produção nacional de cimento deverá finalizar o ano com aumento um pouco acima do previsto para o consumo para atender as exportações. No ano passado, a produção cresceu 6,6% ante 2004, atingindo 36,67 milhões de toneladas. Entre janeiro e outubro deste ano ficou em 32,6 milhões de toneladas, 7,4% maior. A produção está concentrada em 58 fábricas que pertencem a dez grandes grupos, liderado pelo Votorantim, que até outubro respondeu por mais de 13 milhões de toneladas. Carvalho estima que o setor fature R$ 10 bilhões por ano. “Mas não há dados exatos sobre isso.”
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As exportações brasileiras de cimento também estão em destaque neste ano, devendo atingir mais de 1 milhão de toneladas ante as 922 mil toneladas de 2005, quando subiram 67,1% sobre 2004. Apesar de representar pouco das vendas totais do País (2,5% em 2005), elas mostram a competitividade do produto brasileiro no exterior, disse Carvalho, observando ainda que a alta nas vendas externas deve-se também à internacionalização de grupos cimenteiros como o Votorantim, que cresce nos Estados Unidos, o principal comprador do cimento nacional, e Camargo Corrêa Cimentos, com forte presença na América Latina. A participação de empresas estrangeiras disputando o mercado local também é outro motivo apontado por Carvalho para o incremento. Já o Brasil importa menos de 200 mil toneladas. (Iolanda Nascimento – Gazeta Mercantil)
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