Commodities são refúgio contra dólar fraco
03/03/08
Medo de recessão americana faz investidor buscar em petróleo e ouro aplicação mais rentável e segura Diante das perspectivas de que o Fed (Federal Reserve, o banco central americano) efetue novos cortes de juros e da contínua desvalorização do dólar, os preços do petróleo devem seguir em trajetória de alta, avaliam especialistas.O volume de contratos negociados cresce diariamente e, na quinta-feira, o barril para entrega em abril bateu nos US$ 102,59 na Nymex (Bolsa Mercantil de Nova York). “Desse valor, cerca de US$ 90 são justificados, mas o restante é especulação financeira”, diz Brad Samples, analista da consultoria americana Summit Energy.Os temores de recessão nos EUA têm feito os investidores fugirem das ações de empresas e da moeda americana para buscar aplicações mais seguras e rentáveis. Com a queda dos juros, sobram poucas alternativas, entretanto. “Além do petróleo, as commodities agrícolas e metálicas têm sido o destino favorito”, afirma Samples.”Refugiar-se em um bem concreto oferece proteção contra a inflação. E o aumento do preço dos produtos nas negociações internacionais acaba compensando a desvalorização que o dólar sofre.”Os fundos de investimento americanos que aplicam em papéis de companhias do setor de mineração foram os únicos nesse mercado que escaparam da debandada dos aplicadores.De acordo com a consultoria AMG Data, tais fundos tiveram neste ano (até o último dia 13, informações mais recentes disponíveis) aumento de 1,84% no seu patrimônio, que chegou a US$ 47,309 bilhões.O ouro é tradicionalmente procurado como abrigo em tempos de crise e tem registrado recordes. Os preços do ferro e do cobre também estão subindo bastante devido ao aumento da demanda mundial, puxada pela China e pela Índia.No balanço anual, dois outros tipos de fundo também registram fluxo positivo agora, depois de semanas perdendo recursos: os que colocam recursos em companhias do setor de biotecnologia e serviços de saúde (elevação do patrimônio em 0,18%, para US$ 46,630 bilhões) e os bancários (alta de 2,2%, a US$ 8,155 bilhões).Robert Adler, presidente da AMG Data, explica o contra-senso, já que a atual crise começou com as instituições financeiras e os seus crescentes prejuízos causados por mutuários inadimplentes: “Aparentemente, os investidores estão retornando para os segmentos que experimentaram as piores quedas [nos preços dos papéis]”.O conjunto dos fundos de ações acumula neste ano fluxo negativo de US$ 31,409 bilhões, ou 0,62% do patrimônio total de US$ 5,027 trilhões.
Folha de S.Paulo