04/03/08

Viena, 3 fev (EFE).- Especialistas do Brasil e da Argentina realizaram hoje em Viena a primeira reunião da comissão binacional encarregada de fomentar a cooperação entre os dois países no uso pacífico da energia atômica.A comissão, cuja criação foi anunciada em 22 de fevereiro durante a visita do presidente Luiz Inácio Lula da Silva a Buenos Aires, pretende elaborar até agosto uma série de propostas para intensificar a cooperação energética entre os dois países.Entre estes objetivos estão incluídos o desenvolvimento de um novo modelo de reator nuclear, um projeto bilateral no ciclo de combustível nuclear e o estabelecimento de uma empresa binacional para o enriquecimento de urânio.O representante argentino na Agência Internacional de Energia Atômica (AIEA), Eugenio Curia, disse hoje à imprensa que a comissão binacional trata de assuntos de máxima relevância na agenda internacional.”É um momento muito especial em nosso desenvolvimento comum”, declarou o diplomata argentino, enquanto o embaixador brasileiro junto à AIEA, Antonio José Guerreiro, afirmou que a idéia é “desenvolver novas idéias que sejam úteis para os dois países e toda a região”.Guerreiro negou que a cooperação entre os dois países inclua uma troca de tecnologia nuclear, mas Curia disse que este intercâmbio “não pode ser descartado”.O Brasil é um dos poucos países do mundo que possuem um programa de enriquecimento de urânio, a parte mais delicada do ciclo do combustível nuclear, já que o mineral, quando enriquecido, tem aplicações tanto civis quanto militares.O diretor-geral da AIEA, Mohamed ElBaradei, pediu que estes países não compartilhem esta tecnologia com outros para que se minimize os riscos de sua proliferação.Em um comunicado conjunto divulgado hoje, os dois países destacam que sua cooperação deve ser vista “no contexto de um forte compromisso para se comprometerem a fortalecer o marco de cooperação para os usos pacíficos da energia nuclear, da geração de eletricidade à medicina”.Brasil e Argentina são as duas principais potências nucleares da América do Sul. As duas nações apresentaram a decisão de intensificarem a cooperação nuclear na reunião do Conselho de Governadores da AIEA, em Viena.

Agência EFE