China é destino de 51,4% das vendas de minério de ferro da Vale
31/07/14
No 2º trimestre do ano passado esse porcentual era de 43,8% e no primeiro trimestre do ano de 47%
A China aumentou a sua representatividade nas vendas totais de minério de ferro da Vale no segundo trimestre deste ano e voltou a comprar metade do volume. A mineradora brasileira informou hoje que de 76,889 milhões de toneladas de minério de ferro vendidas no intervalo de abril a junho, a China ficou com 39,506 milhões de toneladas, ou 51,4% do total. No mesmo trimestre do ano passado esse porcentual era de 43,8% e no primeiro trimestre do ano de 47%.
Em termos de volume, as compras da China do minério da Vale cresceu 25% no segundo trimestre do ano na relação anual. Ante o primeiro trimestre do ano houve um aumento de 23,4%. Cabe lembrar que parte desse efeito é explicado pelo aumento da produção de minério de ferro da companhia no trimestre.
“A produção de aço da China cresceu 5,7% ano contra ano, impulsionando a demanda por minério de ferro e o mercado transoceânico”, afirmou a mineradora no documento que acompanha o seu demonstrativo financeiro.
Já as vendas para a Ásia somaram 51,455 milhões de toneladas, o correspondente a 66,9% das vendas totais da Vale no período. Na relação anual houve um aumento de 11,9%. Em relação ao primeiro trimestre do ano o volume cresceu 18,5%.Ainda entre as participações, as vendas de minério destinadas ao Brasil respondeu por 12% do total, Japão 8,8% e Alemanha 6%.
As vendas totais da Vale de minério de ferro no intervalo de abril a junho apresentaram alta de 6,6% na relação anual e de 13,3% ante os três primeiros meses do ano.
Recuperação dos EUA pode ajudar Minas
O crescimento de 4% do Produto Interno Bruto (PIB) dos Estados Unidos, divulgado ontem pelo Departamento de Comércio do país, pode ser uma luz no fim do túnel para a economia brasileira. Em caso de consolidação da melhora econômica norte-americana, os impactos no Brasil seriam de alta nas exportações, aumento da competitividade e da produção industrial, conforme avaliam especialistas.
Segundo a economista Elisa Maria Pinto Rocha, especialista em comércio exterior, o crescimento da economia norte-americana fará com que internamente o país passe por aumento da demanda por uma série de produtos produzidos no Brasil. Na sua avaliação, a gama de componentes presentes nas trocas comerciais entre os dois países é bastante extensa.
Um ponto favorável é o fato de os Estados Unidos comprarem de empresas mineiras produtos com maior nível de sofisticação tecnológica e não apenas primários, como é o caso da China, por exemplo, o que colabora para que haja um estímulo à indústria de Minas Gerais. “Além dos tradicionais produtos siderúrgicos e café, Minas Gerais exporta uma gama de produtos de base tecnológica para os Estados Unidos. Isso é muito positivo porque ajuda a estimular a produção no Estado, com geração de empregos e alimentação de toda uma cadeia produtiva”, afirma.
Dentre os produtos comercializados por Minas Gerais para os Estados Unidos estão automóveis, produtos farmacêuticos, cosméticos, perfumaria, bens de capitais, como aparelhos mecânicos, metais preciosos e joias.
Caso a economia norte-americana de fato passe por recuperação, a participação dos Estados Unidos nas exportações mineiras pode voltar aos patamares anteriores à crise mundial de 2008. Antes, a taxa estava em torno de 12% e agora fica próxima de 7,5%.
Segundo o professor de economia da Universidade Presbiteriana Mackenzie Pedro Raffy Vartanian, um aspecto negativo que pode ser estimulado com maior crescimento norte-americano é a alta dos juros nos Estados Unidos. Isso porque, com a economia recuperada, a tendência é que haja elevação do consumo. Para evitar a inflação, a tendência é que os juros subam. E o impacto imediato seria a migração dos investimentos estrangeiros, hoje nos países emergentes, para o mercado norte-americano. Ou seja, o capital especulativo deixaria de alavancar a economia brasileira.
Dois lados – O economista da Federação das Indústrias do Estado de Minas Gerais (Fiemg) Paulo Casaca lembra que existem dois lados da moeda nesse caso. Se de um lado ocorre desestímulo da economia com a fuga do capital estrangeiro. De outro, a desvalorização do real, com aumento da competitividade de setores exportadores. Dessa forma, pode haver reflexo positivo no nível da produção industrial.
Porém, para que a indústria nacional consiga tirar vantagem de uma possível recuperação da economia norte-americana, é preciso que alguns gargalos sejam eliminados internamente. “O outro lado da equação é que não podemos estar em crise internamente. Nossa preocupação primeiramente precisa ser com o dia a dia, como recuo da produção física, do consumo, a estabilização da taxa do desemprego que não cai na mesma proporção que antes e a estagnação do PIB brasileiro”, avalia.
Diário do Comércio