Chile taxa mineração para incentivar inovação e atrair novas companhias
14/01/10
“Minério só dá uma safra”, dizia Magalhães Pinto, governador de Minas Gerais de 1961 a 66. O recado era claro: a exploração mineral é finita e a riqueza gerada se dissipa com facilidade. O Chile hoje enfrenta o problema de redirecionar sua economia para quando a “safra” do cobre acabar. Para isso, vem taxando a mineração e usando esse recurso em programas de inovação e atração de investimentos.
O país andino continua altamente dependente das exportações de cobre, que respondem por cerca de 30% das receitas do governo. As exportações chilenas representam 40% do PIB, sendo que 75% dessas exportações são de commodities. O PIB do Chile hoje alcança quase US$ 170 bilhões, o quarto maior da América do Sul.
Para tentar mudar esse quadro, o governo criou há cinco anos o Conselho Nacional de Inovação para a Competitividade (CNIC), uma parceria público-privada que gere diferentes agências e linhas de apoio à inovação. Juntas, essas linhas chegaram a mais de US$ 200 milhões no ano passado. A principal agência de fomento criada pelo CNIC se chama Corfu, dirigida especialmente a incentivar empresas de tecnologia, biocombustíveis e de geração de energia verde.
Um dos exemplos de maior sucesso da Corfu foi a atração da Synopsys, empresa de tecnologia americana que desenvolve softwares. Três anos atrás, a Synopsys abriu um centro de pesquisas em Santiago, aproveitando-se de linhas para aperfeiçoamento de pessoal e da mão de obra qualificada que encontrou no país. A Corfu deu subsídios de até US$ 25 mil para que a Synopsys Chile enviasse engenheiros chilenos para se aperfeiçoar na matriz, na Califórnia.
Segundo Victor Grimblatt, diretor da Synopsys Chile, a experiência foi um sucesso e a empresa tem planos de ampliar suas atividades no país, inclusive com a contratação de mais engenheiros, que se integrariam ao staff atual de 28. “Ano passado exportamos mais de US$ 1 milhão em serviços”, disse.
Os incentivos variam de aperfeiçoamento de pessoal a isenção de impostos e subsídio de aluguel para que as empresas montem suas instalações.
Segundo a Corfu, o Chile exportou cerca de US$ 950 bilhões em serviços em 2009. A meta da agência é aumentar esse resultado para US$ 3 bilhões em cinco anos.
Atualmente, o Chile é o país sul-americano mais bem situado no ranking de competitividade elaborado pelo Fórum Econômico Mundial, no 26 lugar, à frente de Brasil (56º) e México (60º). O ranking é liderado pela Suíça.
Valor Econômico