CEOs falam sobre projetos que elevam o patamar de sustentabilidade das mineradoras
26/11/20
A solenidade virtual de encerramento da EXPOSIBRAM 2020 foi marcada pela apresentação do balanço de um ano dos compromissos do setor mineral para aumentar a segurança e a sustentabilidade em suas operações. CEOs e outros dirigentes de empresas do setor e mais diretores do IBRAM – Mineração do Brasil falaram sobre a evolução do cumprimento das metas estabelecidas na “Carta Compromisso do IBRAM Perante a Sociedade”, documento organizado após coleta de contribuições junto a 200 técnicos das empresas associadas ao IBRAM e apresentado publicamente em setembro de 2019.
Participaram da solenidade: AngloGold Ashanti – Camilo Farace, Vice-Presidente; CBMM – Eduardo Ribeiro, CEO; Mosaic Fertilizantes – Adriana Alencar, Vice-Presidente de Recursos Humanos; Nexa Resources – Tito Martins, CEO; Samarco – Rodrigo Vilela, CEO; Vale – Luiz Eduardo Osório, Diretor-Executivo de Relações Institucionais, Comunicação e Sustentabilidade; Anglo American -Wilfred Bruijn, CEO; IBRAM – Mineração do Brasil – Wilson Brumer, Presidente do Conselho Diretor e Flávio Ottoni Penido, Diretor-Presidente.
Assista à gravação desta solenidade no Youtube.
O Diretor-Presidente do IBRAM, Flávio Penido, sublinhou em sua fala que a Carta Compromisso, que é um documento com metas estabelecido para o território brasileiro, está conectada a uma iniciativa mais ampla, que é o programa TSM – Towards Sustainable Mining, de abrangência internacional. O IBRAM e as mineradoras associadas estão empenhadas em adotar o TSMBrasil – Rumo à Mineração Sustentável, desde 2019, lembrou o dirigente. “Ambas as iniciativas têm muitas metas em comum e serão importantes para as empresas sinalizarem à sociedade tudo o que têm feito e o que pretendem fazer de positivo pela sustentabilidade e pela segurança em suas operações”, afirmou.
Camilo Farace, da AngloGold, ressaltou que a adesão das mineradoras ao cumprimento das metas da Carta Compromisso “é a forma como vamos impulsionar a capacidade de tornar mais perceptível aquilo de bom que a mineração faz em termos de ESG (meio ambiente, responsabilidade social e governança)”. Segundo ele, tanto a sociedade em geral como os investidores internacionais estarão atentos se as mineradoras que atuam no Brasil estão investindo seriamente para as boas práticas de ESG. “A ESG é um caminho sem volta para o setor mineral”, afirmou Tito Martins (Nexa), recebendo a concordância dos demais executivos participantes da solenidade.
“Chegamos ao final desta EXPOSIBRAM 2020, transmitida 100% online a partir de Belém (PA). E verificamos que após esta rica programação somos um setor mais abertos à sociedade. Temos orgulho de pertencer a este setor e, ao mesmo tempo, humildade de reconhecer que sempre haverá espaço para melhorarmos e, para isso, ouvir as pessoas é cada vez mais importante para evoluirmos”, disse o Presidente do Conselho Diretor do IBRAM – Mineração do Brasil, Wilson Brumer.
Além de apresentar os compromissos e algumas das principais metas estruturadas por grupos de trabalho que reúnem dezenas de mineradoras, os dirigentes das mineradoras deram exemplos de projetos que suas empresas estão à frente e que contribuem para a transição a uma economia de carbono neutro, bem como para elevar o padrão de sustentabilidade dessas companhias.
Sem barragens de rejeitos até 2026
A mineradora de ouro, AngloGold Ashanti, tomou a decisão de migrar a disposição de rejeitos pelo método de empilhamento a seco, em vez de seguir utilizando barragens hidráulicas (disposição a úmido). Segundo Camilo Farace, “encerraremos a disposição a úmido em 2022(…)vamos descomissionar todas as barragens até 2026, independente do método construtivo”, afirmou. A legislação estabelece que as mineradoras devem eliminar apenas as barragens construídas pelo método a montante. Além disso, os rejeitos das operações da AngloGold deverão ser direcionados para aproveitamento econômico pela construção civil, informou.
Rejeitos viram fertilizante e esvaziarão barragem
Já a Nexa Resources, segundo o CEO Tito Martins, vende 1,2 milhão de toneladas de resíduos em sua operação em Morro Agudo (MG) para a indústria de fertilizantes. A partir de 2019, a companhia passou a vender uma quantidade maior do que a produzida, ou seja, caminha para atingir a taxa de resíduo zero. “A meta de resíduos ideal é não tê-los. Nosso trabalho está voltado a isso”, afirmou.
Segundo relatório da Nexa, em Morro Agudo, ela transforma todo o rejeito em produto secundário, o Pó Calcário Agrícola (PCA), que dá origem ao Zincal200. Os rejeitos provenientes da operação são sedimentados, parte sendo reaproveitada na planta,
parte vendida como Zincal, produto usado na agricultura para diminuir a acidez do solo e aumentar a produtividade.
Além de representar uma receita da ordem de U$S 8,7 milhões (15% do total da unidade), o processo elimina a necessidade de construir novas estruturas de contenção, resultando em ganhos econômicos e ambientais.
Rejeito vendido para setor petrolífero e outros setores
Outra empresa a alimentar indústrias de diferentes segmentos é a CBMM, líder em fornecimento de produtos de nióbio. O CEO Eduardo Ribeiro contou que o rejeito de sua operação mineral, chamado barita, é um produto que estava sendo importado para atender à demanda do segmento de fabricação de freios. Como o setor petroleiro também manifestou interesse pela barita, a CBMM passou a vender o subproduto de suas operações diretamente ao setor. Além disso, a CBMM estuda um sistema de logística para dar destinação econômica a 1 milhão de toneladas anuais de rejeito que contem magnetita.
96% de energia limpa e produtos para a construção civil
A Anglo American projeta chegar ao final de 2021 com 96% de sua energia elétrica fornecida por bases renováveis, um pioneirismo que a unidade brasileira em relação às demais companhias daquele grupo internacional. A companhia tem investido enfaticamente em fontes eólicas e solares para isso. Tais iniciativas, segundo o CEO Wilfred Bruijn, contribuem para outras metas sustentáveis do grupo, entre as quais, reduzir as emissões.
Já a Vale, inaugurou em novembro uma fábrica de blocos em Itabirito (MG) para aproveitar os rejeitos da Mina do Pico para produzir produtos de larga utilização na indústria da construção civil e assim “promover a economia circular no beneficiamento de minério de ferro”, como disse o Diretor Executivo, Luiz Eduardo Osório.
Após testes, acrescentou o dirigente, a cada ano 30 mil toneladas de rejeitos deixarão de ser dispostas em barragens ou pilhas para se transformarem em 4 milhões de produtos pré-moldados de larga aplicação na construção civil. Esta é a primeira iniciativa da Vale para aproveitamento de rejeito de suas operações.
A Samarco, informou o CEO, Rodrigo Vilela, também conduziu testes com a fabricação de blocos de construção e também de pavimentação asfáltica com uso de seus rejeitos. Em Mariana (MG) foram pavimentados 4km de rodovia. A companhia se prepara para reativar sua produção mineral e não utilizará barragens hidráulicas para conter rejeitos. Cerca de 80% dos rejeitos a serem gerados serão filtrados e empilhados, o que repercutirá em grande redução de consumo de água pela companhia.
Aproximação e escuta ativa junto a comunidades
Na pandemia do novo coronavírus, a Mosaic Fertilizantes foi uma das muitas mineradoras a reagirem rápido ao apoiar seus empregados e as comunidades com quem se relaciona a prevenir e a combater o surto. “Vimos nesse período a importância de manter a escuta ativa e de manter conexão com as comunidades”, relatou Adriana Alencar, Vice-Presidente de Recursos Humanos. Segundo ela, o apoio da companhia às pessoas durante a pandemia tem sido fundamental para estreitar o relacionamento com as comunidades e fortalece-las.
Diversidade & Inclusão gera melhores resultados corporativos
Ela também falou sobre as políticas da Mosaic para promover a diversidade e a inclusão no ambiente corporativo. Segundo ela, cada vez mais, o setor mineral tem que aprender rápido e inovar” e isso só se consegue com diversidade. Empresas mais diversas têm melhores resultados”. Na Mosaic, contou, “temos um comitê de diversidade e inclusão com base em 4 pilares: gênero; pessoas com deficiência; outro ligado a raças; e outro a gerações”.
A Mosaic tem agido em várias frentes, entre as quais, a educação dos profissionais. “Temos uma academia de liderança com agenda ampla ligada à diversidade e à inclusão”, contou. Uma das metas da companhia “é alcançar 30% de mulheres em posições de liderança até 2025”, disse.
Mineração apoia desenvolvimento de territórios
A Anglo American atua em apoio ao desenvolvimento socioeconômico de longo prazo nos municípios em que atua. “Nosso plano de mineração sustentável inclui o conceito de ‘desenvolvimento regional colaborativo’. Concluímos um diagnóstico da região expandida em torno do projeto Minas-Rio e iniciamos estudos de viabilidade para cadeias selecionadas em agricultura e em turismo, que são as vocações da região”, disse o CEO Wilfred Bruijn. A proposta é que a mineradora apoie as comunidades a desenvolverem atividades econômicas para assegurar novas fontes de sustento alternativas à proporcionada pela mineração, que é uma atividade finita.
Segundo ele, a Anglo American já investiu mais de R$ 500 milhões em 10 anos, em várias iniciativas, como a pavimentação da rodovia MG-10, que liga Conceição do Mato Dentro ao Serro, conectando importante vetor econômico e para o ecoturismo. As obras fazem parte de uma série de investimentos em infraestrutura viária que a mineradora vem realizando na região.
Uso de água: mapear e compartilhar dados para planejar racionalmente
Sobre o uso de água nas operações de mineração, a Nexa Resources conduz o projeto “A gente cuidando das águas”, em Vazante-MG. Segundo Tito Martins, a companhia fez o mapeamento para a preservação das nascentes do rio presente àquela localidade (rio Santa Catarina) e está replicando esse mapeamento e a avaliação sobre as nascentes para todas as outras bacias hidrográficas onde a companhia atua.
Vale pretende ser ‘carbono neutra’ até 2050
O Diretor-Executivo da Vale, Luiz Osorio, disse que a companhia vai reduzir em 33%, até 2030, as emissões de escopos 1 e 2, que se referem às suas operações minerais, o que significa dizer que “vamos estar em linha com o Acordo de Paris”. A meta para 2050 é bem mais ousada: ser carbono neutra. Este é o mesmo caminho que nações desenvolvidas estão rumando, informou: China pretende ser carbono neutra até 2060, o Japão até 2050, assim como países da União Europeia.
Ele também pontuou que somente em Carajás (PA), a Vale protege 800 mil hectares – para efeito de comparação, um campo de futebol gramado tem apenas 1,08 hectare – de floresta nativa.
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