Cenário começa a virar em favor da Vale, que pode ser a `próxima fonte` do minério
06/08/09
SÃO PAULO – O último resultado da Vale (VALE3, VALE5) demonstrou o fraco ambiente de negócios, o choque de demanda que todo o mix de produtos da mineradora enfrentou na primeira metade deste ano. O segundo trimestre aparece como o fundo do poço para a empresa em termos operacionais, tendo em vista que a perspectiva é de recuperação das vendas.Os números do período revelam maior enfraquecimento do minério de ferro dentro do portfólio de vendas da mineradora. O mineral ferroso perdeu participação nas vendas da Vale para o níquel. Após responder por 55,1% das receitas no primeiro trimestre, o minério de ferro sofreu com o impasse dos preços e queda na produção mundial de aço e viu sua participação cair para 44,9% no balanço do segundo trimestre.Mais níquel, menos ferroPor outro lado, o níquel assumiu esta lacuna. O mineral não ferroso elevou sua participação nas receitas da Vale de 11,2% no primeiro trimestre para 17,2% entre abril e junho deste ano. Mesmo que o cenário também seja desafiador para suas vendas.Para se ter uma ideia, os embarques de minério de ferro e pelotas aumentaram 3,6% na passagem do primeiro para o segundo trimestre deste ano. Enquanto isso, os embarques de níquel cresceram 16,8% em relação ao trimestre anterior.Recuperação para ambosMas os resultados ruins do segundo trimestre acompanharam perspectivas de recuperação. “Permanecemos confiantes nas melhorias de nossa performance em um futuro próximo, dada nossa estrutura de baixo custo, solidez financeira e ativos de classe mundial”, afirmou a empresa em sua teleconferência. As apostas são mesmo de melhora. E tanto para o minério de ferro quanto para o níquel.”Nos últimos meses, está se processando a recuperação da produção industrial global liderada pela Ásia. No entanto, é importante ressaltar que a economia mundial está se recuperando lentamente de um nível muito baixo de atividade após um forte choque de demanda”, trouxe o resultado da mineradora. Os analistas confirmam esta expectativa.Minério de ferro”A demanda por minério de ferro em qualquer lugar está em alta, mesmo se a estabilidade da produção de aço continuar”, resume o JP Morgan. A instituição considera o crescimento da China como sustentáculo desta afirmação. Para o país asiático, seus analistas projetam crescimento de 8,9% em 2009 e 9,0% em 2010.O mercado de aço segue na mesma levada. Os analistas projetam um crescimento de 9,5% na produção e 20% no consumo de aço em 2009. Melhor para a brasileira, que traz um diferencial importante no setor: capacidade para crescer.”A próxima fonte para o minério de ferro atualmente, em nossa visão, é a Vale, a única grande produtora que possui capacidade ociosa”, conclui o JP Morgan. Nesta melhora de cenário recente, a instituição ampliou suas projeções de preço. De queda de 10%, agora espera reajuste positivo de 10% no preço do minério de ferro em 2010.NíquelAs expectativas para o mercado de níquel parecem menos otimistas, mas também positivas. Os produtores de aço inoxidável, destino de maior parte da produção mundial de níquel, vêm de consecutivos cortes na produção desde o quarto trimestre do ano passado. Como resultado, o preço do minério não ferroso chegou a valor 51% menor que o topo apresentado em 2008.Por outro lado, “a perspectiva de médio prazo para o mercado de níquel é positiva”, ressalta o Bank of America Merrill Lynch. “Os preços podem demonstrar volatilidade no curto prazo, por uma variedade de razões”, entre elas, a paralisação de algumas unidades produtivas da Vale no Canadá.Ainda assim, os últimos meses têm revelado aumento significativo nas importações chinesas de níquel e, no restante do mundo, os produtores de aço inoxidável começam a anunciar expansões. “Enquanto esperamos que o preço do níquel suba para cerca de US$ 20.000 por tonelada nos próximos 12 meses, o caminho até esta projeção pode ser acidentado”.
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