Câmbio e alta de preços encarecem projeto da Kinross
01/02/08
A valorização do real frente o dólar e o aumento dos preços dos equipamentos, serviços e da mão-de-obra obrigaram a mineradora canadense de ouro Kinross Gold Corporation a elevar em 15% o orçamento para o projeto de expansão da Mina Morro do Ouro, ativo de sua controlada Rio Paracatu Mineração (RPM) localizado em Minas Gerais. Assim, o projeto, que inicialmente deveria consumir investimentos de US$ 470 milhões, custará aos cofres da empresa US$ 540 milhões. `O aumento poderia ser até maior, porque só a desvalorização do dólar foi quase isso (15%). Fizemos um grande esforço de racionalização dos gastos e renegociação dos contratos para conseguir fazer com que o custo subisse apenas 15%`, disse o vice-presidente regional da Kinross, José Roberto Freire. O executivo destacou o aumento dos preços de equipamentos como escavadeiras e caminhões fora de estrada por conta do aquecimento do mercado. `Em alguns casos, os preços subiram entre 30% e 40%.` O projeto de expansão da RPM, que contempla a ampliação da mina, uma nova estrutura de beneficiamento e de hidrometalurgia e a ampliação da unidade industrial já existente, triplicará a produção de ouro da empresa, das atuais 5 toneladas anuais de ouro para 15 toneladas. Segundo Freire, cerca de 80% do projeto já está concluído. `Estamos na fase de montagem eletro-mecânica`, explicou. A previsão da companhia é que entre o final de maio e o início de junho a primeira fase do projeto comece a operar, ampliando a capacidade de produção da unidade para 10 toneladas anuais. Em setembro o projeto deve ser concluído. Com a ampliação, já em 2008 a empresa espera elevar a produção anual da mina em 66%, para nove toneladas de ouro, o que deve garantir receita de pelo menos US$ 220 milhões. Em 2007 a RPM registrou vendas de 5,4 toneladas e faturamento de US$ 124 milhões. Em 2009, com um ano de operação dos novos equipamentos, a receita deve mais que dobrar em relação a 2007, para US$ 300 milhões. Metal valorizado A alta no custo do projeto, entretanto, deverá ser amenizada pelo no preço do ouro, que teve aumento de 43,9% o grama no mercado internacional desde o ano passado. Na última segunda-feira, o preço da onça de ouro marcou um novo recorde em Londres, sendo comercializado a US$ 933,33. Ontem, o metal fechou cotado a US$ 922,70 a onça. O preço do ouro tem subido a medida em que investidores buscam aplicações mais seguras diante da retração da economia dos EUA e seu impacto nos mercados financeiros internacionais. Aliado a isso, há a redução da produção de ouro na África do Sul, principal produtor mundial, onde as fábricas suspenderam suas operações na sexta-feira passada para economizar energia. `Este mercado é muito especulativo. O que se diz hoje é que o ouro pode atingir até US$ 1 mil por onça, mas deve se manter entre US$ 900 e US$ 1 mil e não passar disso`, afirmou Freire. Além dos ganhos maiores com o aumento do volume de produção, a Kinross deve garantir menor custo de produção por tonelada quando a expansão tiver concluída. Neste ano, o custo deverá ficar entre US$ 390 e US$ 400 por onça, sendo que no quarto trimestre, quando a ampliação já estiver concluída, cairá para US$ 345 e US$ 355 por onça. `Temos a mina em operação com menor teor de ouro em todo o mundo, então é fundamental estudar formas de melhorar a eficiência operacional`, disse. A mina produz 0,4 grama de ouro por tonelada de terra retirada. Na média, minas a céu aberto como a de Morro do Ouro produzem entre duas e três gramas por tonelada de terra. A Kinross está no Brasil desde 2003, quando comprou participação na RPM, que passou a ser totalmente controlada pela empresa a partir de 2005. Além deste ativo, a mineradora canadense possui no Brasil 50% da Mina de Crixás, em Goiás, onde são produzidas anualmente 6 toneladas. Os outros 50% são da Anglogold Ashanti. A empresa desenvolve, também, estudos de prospecção em outros locais do País, como Pará, Tocantins e Maranhão, mas segundo Freire nenhum novo projeto foi definido. A mineradora informa ser a oitava produtora de ouro do mundo, com minas no Chile, Estados Unidos e Rússia, além do Brasil, sendo que a operação brasileira representa produção 17% da produção global da Kinross. Somente este ano, a empresa vai investir US$ 600 milhões para ampliar em 20% sua produção de ouro neste ano. Deste total, 13%, ou US$ 190 milhões serão investidos no projeto da RPM.
Gazeta Mercantil