Cadeia produtiva começa a sentir alta de investimentos
22/05/07
Os anúncios de investimentos em siderurgia e metalurgia começam a chegar à cadeia produtiva. Fornecedores como a brasileira Bardella e a alemã SMS Demag prevêem alta de 25% a 50% em 2007 no volume de encomendas para os segmentos. Entre os pedidos mais esperados para o 2º semestre estão os da nova usina de aço da Votorantim Metais , em Resende (RJ), avaliada em R$ 1 bilhão, e os da Companhia Siderúrgica do Atlântico (CSA), em Itaguaí (RJ), orçada em US$ 3,6 bilhões. Neste primeiro semestre, os projetos de níquel têm sido os mais demandantes.
O Instituto Brasileiro de Siderurgia (IBS) calcula que de 2007 a 2012 sejam investidos US$ 15,2 bilhões em novos projetos e ampliações de usinas. Os números são de fevereiro último e estão sendo revisados para cima, para que anúncios como o da nova unidade da Votorantim sejam incorporados. Na área de metais, o Instituto de Metais Não Ferrosos estima em mais de US$ 3 bilhões os recursos injetados no País até 2010, considerando só os projetos de níquel, que acrescentarão 110 mil toneladas anuais à produção brasileira do metal, hoje de cerca de 30 mil toneladas anuais.
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Para a SMS Demag, o ano começou além das expectativas com boas perspectivas em ambos os setores. A empresa já tinha um grande projeto de níquel na carteira desde março de 2006, quando fechou com a Companhia Vale do Rio Doce (CVRD) o fornecimento de equipamentos para a mina Onça Puma (PA). Em abril deste ano, foi a vez da Votorantim escolher a Demag para o fornecimento de um novo forno para sua unidade em Niquelândia (GO). E este mês a Anglo American selecionou a empresa como supridora do projeto de Barro Alto (GO). ?A demanda por níquel no mercado internacional tem encorajado os investidores. Tanto no Brasil como no exterior, a procura tem crescido bastante?, disse o superintendente de vendas da Demag no Brasil, Ary Vianna .
Para o segundo semestre, as apostas da companhia são no setor siderúrgico. ?Está havendo uma reorganização dos investimentos na siderurgia mundial. Depois de um hiato no setor, vemos que os projetos passaram por amadurecimento e estão saindo do papel?, afirmou. O executivo prevê crescimento de 50% do volume de vendas em 2007 com a chegada de novos pedidos. Para atender os clientes brasileiros, o superintendente não cogita retomar sua unidade fabril no Brasil fechada em 2005. A estratégia da empresa para barrar a concorrência tem sido a de produzir as peças em fábricas associadas aqui ou no exterior, e vender os módulos prontos, incluindo serviços de construção e montagem.
A Bardella é outra que tem percebido uma maior demanda. A empresa registra um aumento de 15% no volume de pedidos para o setor siderúrgico de janeiro a maio deste ano, comparando com todo o ano de 2006. Como a taxa de ocupação de suas fábricas está em torno de 70% e o mercado tem dado sinais de revitalização, segundo o diretor comercial da empresa, Eduardo Fantin , é possível que ao fim de 2007 o volume de vendas para este segmento alcance crescimento de 25%.
Fantin comemora a retomada de projetos brasileiros num momento em que o câmbio tem inviabilizado as exportações. ?Nossas vendas externas estão quase zeradas pelo dólar baixo. Por isso, apostamos nos projetos nacionais?, disse. Segundo ele, há propostas da empresa na rua para algumas unidades da Gerdau e, em breve, serão encaminhadas cotações à CSA, usina de 5 milhões de placas de aço da Thyssen Krupp em parceria com a Vale.
Para o analista de mineração e siderurgia da ABNAmro , Pedro Galdi , o cenário do setor siderúrgico tende a sustentar novos investimentos. Ele prevê que o preço da tonelada (t) da placa de aço no 3º trimestre supere os US$ 500 no exterior. No 2º trimestre, deve ficar em US$ 480 por t. No Brasil, a demanda maior este ano permanecerá por aços planos, puxada pelo setor automobilístico e de linha branca. Para o próximo ano, Galdi avalia que os longos, mais usados na construção civil, devem ter maior crescimento.
DCI