Brasilit entra com telhas de aço no setor de coberturas
16/04/07
Ivo Ribeiro16/04/2007
Carol Carquejeiro/Valor
Corrêa Neto, diretor geral da Brasilit: “A Brasilit é focada no negócio de coberturas; por isso, está aberta à diversificar”
À primeira vista pode soar estranho, mas faz todo sentindo nestes tempos de globalização e competição acirrada dos mercados. A tradicional fabricante de telhas de fibrocimento Brasilit, empresa do grupo francês Saint-Gobain, começa a vender telhas fabricadas com chapas de aço. O alvo é o segmento de construções residenciais de alto e médio padrão.
A empresa não está mudando de ramo, abandonando seu produto carro-chefe, que compete em um setor com doze concorrentes e é a vice-líder de vendas, apressa-se em explicar Roberto Luiz Corrêa Neto, diretor-geral da Saint-Gobain Brasilit. “A Brasilit é uma empresa de coberturas; por isso, precisa estar atenta a outros materiais e mercados”. A empresa há 70 anos fabrica telhas de fibrocimento no país – desde 2000, com uso de fio de polipropileno no lugar das fibras de amianto, suspensas pelo grupo Saint-Gobain em 1997.
Segundo o executivo, a companhia não vai canibalizar seu produto de fibrocimento. Com a telha de aço galvalume pintado – no Brasil fornecido pela Cia. Siderúrgica Nacional (CSN) -, utilizando a marca Brasilit, irá competir diretamente telha de cerâmica de alto padrão. “É um tipo de cliente que não usa a telha de fibrocimento, mas nem por isso devemos desprezá-lo”, afirma.
Corrêa Neto diz que a decisão é parte da nova estratégia do grupo, que não quer ficar dependente do fibrocimento. Atualmente, as telhas desse tipo concorrem com produtos feito em aço zincado, alumínio, cerâmico e outros e representam metade do mercado de coberturas. Mas sua participação de mercado tem se estagnado em 49% nos últimos anos.
A telha em aço revestido pintado tem a vantagem de ser leve, resistente a quebras e à corrosão e podem ser pintada em diversas cores, além de práticas para instalação, informa o executivo. Revestimentos especiais foram desenvolvidos, segundo ele, para as questões térmicas e acústicas.
Inicialmente, o mercado alvo são construções residenciais de médio e alto padrão nas regiões paulistas de São José do Rio Preto e Sorocaba. A Brasilit desenvolveu para a telha de aço um fornecedor localizado no Sul do país, indicado pela CSN.
Esse produto, novo no portfólio da Brasilit, de acordo com o executivo, não compete diretamente com a telha de fibrocimento. Está muito vinculado ao mercado de baixa renda em construções horizontais (casas populares), além da área industrial (galpões). “Vamos desenvolver mais nichos de mercados para outros tipos de coberturas”, diz.
A Brasilit começou também no mês passado a exportar fios de polipropileno, tecnologia que desenvolveu no Brasil a partir de resinas plásticas para substituir as fibras de amianto. Firmou contrato de um ano e meio com o grupo americano PGI de 1,8 mil toneladas, com receita de US$ 1 milhão.
O produto, obtido na fábrica de Jacareí, que tem capacidade para 10 mil toneladas ao ano e custou R$ 60 milhões, será adicionado no concreto para uso como elemento anti-fissura. A empresa já faz embarques para Argentina e México e acaba de enviar também um contêiner para a Turquia.
Com faturamento de R$ 200 milhões no ano passado, a Saint-Gobain Brasilit tem 23% do mercado brasileiro de produtos de fibrocimento (90% são telhas), que inclui caixas d`água. A líder é a Eternit (30%), que ainda utiliza amianto na fabricação de seus produtos.
O grupo francês Saint-Gobain nasceu como companhia vidreira e hoje tem multi-atividades (fabricação e distribuição de materiais de construção, vidro plano, embalagens e materiais de alta performance) pelo mundo. O faturamento anual chega a 40 bilhões de euros.
Valor Eocnômico