Brasil é sede de operação da London Mining
28/08/08
Vera Saavedra Durão
Silvia Costanti/valor
Luciano Ramos, principal executivo no país, assume nova companhia: “O Brasil continua no nosso radar”A mineradora inglesa London Mining tem planos para continuar no Brasil. A companhia vai sediar aqui seu braço operacional e de serviços, a London Mining Technical Services, que responde pelos novos projetos de minério de ferro da companhia na Groenlândia e Arábia Saudita. Os investimentos nesses projetos são avaliados em US$ 3 bilhões. Luciano Ramos, principal executivo no Brasil, assume o comando da nova empresa.Ramos foi promovido a executivo internacional após ter vendido para a ArcelorMittal a mina de Itatiaiuçu, por quase US$ 900 milhões. No momento, ele está envolvido com a formação de um novo time de executivos brasileiros para apoiá-lo na execução do estudo de viabilidade das minas da Groenlândia e da Arábia Saudita e, futuramente, em outros novos projetos da London que inclui o Brasil. No início de setembro, Ramos pretende iniciar o estudo de viabilidade do projeto da Arábia Saudita já com a nova equipe. O grupo com o qual trabalhava na mina da Serra Azul ficou na ArcelorMittal. “Felizmente, não tenho dificuldade de achar mão-de-obra qualificada. Além de trabalhar com três headhunters, tenho minhas próprias fontes de informação, já que estou há anos nessa área de mineração e conto com muitos amigos”. Engenheiro de minas, formado na Universidade de Pernambuco em 1984, Ramos trabalhou na MBR, controlada da antiga Caemi, e durante 15 anos pertenceu aos quadros da Companhia Vale do Rio Doce.Conhecedor da capacidade e da experiência das empresas brasileiras de engenharia, Ramos pretende contratar essas companhias para assessorar a Technical Services. “Vamos fazer a engenharia desses projetos no Brasil com empresas como a Promon, Sey e MinerConsult, dentre outras.” Atualmente as empresas brasileiras vem sendo assediadas pelas multinacionais de engenharia para formação de sociedades ou com propostas de compra. A MinerConsult foi adquirida, por exemplo, pela canadense SNC Lavalin. A estratégia da London Mining é ser grande fornecedora de minério de ferro, pelotas de minério e carvão para as siderúrgicas globais. Criada há apenas três anos pelo geólogo australiano Chris Brown, pelo canadense Graeme Hossie e pelo inglês Greg Barne, a mineradora começou sua atividade prospectando minas de minério de ferro na Groenlândia, Serra Leoa, México e Brasil, onde adquiriu sua primeira mina em atividade. Na Arábia Saudita, onde está desembarcando, a mineradora trabalhará em sociedade (em partes iguais) com a mineradora local, a National Mining numa empresa em fase de criação, a Saudi London Iron (SLI). A National Mining é dona das licenças de exploração da jazida Wadi Sawawin, que a London vai explorar. A mina está situada na costa Oeste da Arábia Saudita, próxima ao Mar Vermelho. O empreendimento envolve mina, usina concentradora, unidade pelotizadora de 5 milhões de toneladas de pelotas (no 1º módulo), geração de energia, tratamento de água do mar e porto. Está prevista a produção de 5 milhões de toneladas de minério de ferro e 10 milhões de toneladas de minério até 2011. O projeto da Groenlândia fica no lado mais quente do país, onde a água não congela e tem navegação o ano inteiro. A mina de Usua fica próxima a capital Nunk. A mina tem 1 bilhão de recursos de minério de ferro magnesítico. O projeto vai partir do zero e, segundo Ramos, é visto como um grande desafio. Numa primeira etapa, até 2010, serão produzidas 5 milhões de toneladas de minério de ferro, que podem dobrar numa segunda fase. Estão incluídos uma unidade de beneficiamento de minério, uma hidrelétrica e um porto. No Brasil, a London Mining continua prospectando novas minas para explorar em Minas Gerais e em outros estados. “O Brasil continua no nosso radar”, disse Luciano Ramos.
Valor Econômico