Brasil é convidado pela ONU a participar de painel sobre transição energética e minerais estratégicos
07/05/24
O convite foi feito ao Diretor do Departamento de Energia do Ministério de Relações Exteriores, João Marcos Paes Leme.
O Ministério das Relações Exteriores no âmbito do G20 e no de outros fóruns internacionais busca defender uma transição energética justa, com agregação de valor e geração de emprego para as regiões que proverão recursos minerais. Segundo o Diretor do Departamento de Energia do Ministério de Relações Exteriores, João Marcos Paes Leme, essa postura resultou no convite para o Brasil participar de um painel de alto-nível da Organização das Nações Unidas (ONU) sobre transição energética e demanda por minerais críticos e estratégicos. A informação foi compartilhada, nesta terça-feira (7), durante o Seminário Internacional de Minerais Críticos e Estratégicos, realizado pelo Instituto Brasileiro de Mineração (IBRAM).
Leme destacou durante sua fala que o Brasil defende, no G20, a priorização da transição justa, que perpassa a exploração adequada dos minérios de transição e as repercussões socioeconômicas desta atividade. “Estamos propondo aos países a elaboração de princípios para uma transição energética justa e inclusiva. Um dos princípios é promover o desenvolvimento econômico social através da diversificação das cadeias de suprimento”, detalhou.
O diretor posicionou que o Itamaraty internaliza nas suas relações geopolíticas a ideia da conexão entre meio ambiente e transição energética. “O Itamaraty tem a visão de que a transição energética está intimamente vinculada à questão de clima, mas vemos também a transição como uma oportunidade de mudança de perfil econômico, com agregação de valor e geração de empregos”, acrescentou.
UE vai ampliar em 21 vezes demanda por lítio
A oportunidade para se realizar uma transição justa ganha mais perspectiva quando se analisa a demanda por minerais críticos no mundo. Segundo o vice-chefe da Delegação da União Europeia no Brasil, Jean-Pierre Bou, a União Europeia deve multiplicar em 21 vezes até 2050 a demanda por lítio para a produção de baterias como as utilizadas em carros elétricos.
Segundo Bou, não é segredo que a UE precisa importar matérias-primas para conseguir cumprir com as obrigações previstas para a transição energética na região. Por isso, vários países da Europa demonstram grande interesse em negociar e criar oportunidades com países ricos em recursos, como o Brasil, quinto maior extrator de lítio do mundo – segundo a Comissão Econômica para a América Latina e o Caribe (Cepal), o Brasil é dono de 60% das reservas deste minério.
Demanda sem oferta
Para dar conta da demanda europeia são necessárias mudanças na postura do Brasil em relação a investimentos e projetos, segundo a Project Fellow, Securing Critical Minerals for the Energy Transition/Parceira de Projetos do Fórum Econômico Mundial (WEF, sigla em inglês), Luciana Gutmann. “A gente não vai conseguir avançar se não tiver um olhar sobre políticas públicas, investimento e inovação”, disse.
No WEF, a especialista é responsável por buscar espaços de convergência para stakeholders e integrar esforços entre países. “O Fórum é essencial porque é basicamente esse o espaço para convergir os interesses dos stakeholdes de modo a tentar traduzir isso em ações”.
Apesar da oportunidade com a alta demanda, o Fórum internacional aponta que há uma preocupação com a impossibilidade de se atender a demanda internacional. “Hoje, a gente tem muitas iniciativas, conteúdos, dados relevantes sendo produzidos em relação a esse desequelíbrio [entre demanda e oferta] e não consegue traduzir em práticas e ações tangíveis”, pontuou.
Investidores
Apesar de haver interesse e espaço para investimentos, há uma grande preocupação com o avanço regulatório em países que dispõem de recursos. Há a necessidade de que esses países criem um arcabouço legal robusto para permitir e facilitar a entrada de investimentos do gênero. Segundo o Especialista Regional Líder em Energia da IDB Invest, Carlos Echevarri, o banco interamericano está focado em auxiliar países da América Latina e Caribe a alcançarem suas metas.
Esses especialistas participaram do painel “A nova geopolítica mineral – demanda por minerais críticos e estratégicos e a transição global justa”, mediado por Rafaela Guedes, Senior Fellow Cebri e Fellow Igarapé.
Sobre o Seminário
O Seminário Internacional de Minerais Críticos e Estratégicos é organizado pelo Instituto Brasileiro de Mineração (IBRAM). Tem a presença de autoridades e especialistas de vários países e organizações, como: Agência Internacional de Energia; ICMM – Conselho Internacional de Mineração e Metais; Fórum Econômico Mundial; União Europeia; Unesco; Comissão de Transição Energética; representações diplomáticas de EUA, Canadá, Bolívia, entre outras; além de BNDES; CNI; CNA; ABDI; MME; MRE, MDIC; ANM; SGB/CPRM; CTEM; mineradoras, como Lundin Mining; CBMM; Vale; Kinross; Companhia Brasileira de Lítio; Hydro; organizações como Vale Metais Básicos Atlantico Sul; Humana; Instituto Igarapé; Ellen MacArthur Foundation; WEG; ABIQUIM; Mining Hub.
Temas em destaque no seminário:
- Os minerais críticos e estratégicos e a transição energética no Brasil e no mundo
- Rotas de descarbonização da mineração e da indústria no contexto da transição energética
- Política mineral e o futuro do Brasil
- Potencial dos minerais críticos e estratégicos nas Américas
Estes e outros temas são vitais para o futuro sustentável do planeta e da humanidade e são debatidos nos dias 7 e 8 de maio, em Brasília (DF). O evento conta com o patrocínio da Vale Metais Básicos (ouro); CBMM (Painel); Hazemag (Painel); Metso (Painel).
Clique aqui e acesse as fotos do dia 7 e do dia 8.