Bovespa pode ter maior alta desde 2003
17/07/07
São Paulo, 17 de Julho de 2007 – Novos setores, como financeiro e bens de consumo, devem ganhar destaque no segundo semestre. Não bastasse sinalizar que caminha para o quinto ano consecutivo de valorização, marca inédita no Brasil, o mercado doméstico de ações pode fechar o ano com seu melhor desempenho anual desde 2003, segundo as projeções de algumas das principais casas de investimentos. Mesmo com a leve queda de 0,3% registrada ontem, o Ibovespa, índice com as 60 ações mais negociadas da Bovespa, registra alta de 29,9% em 2007. `Até o fim do ano, o Ibovespa pode chegar aos 62 mil pontos`, diz Walter Mendes, diretor de renda variável do Itaú. Outras corretoras como ABN Amro e Ágora, trabalham com a mesma projeção. Se ela se confirmar, o índice encerrará o ano com valorização com alta de quase 40%. No triênio 2004-06, a alta anual do Ibovespa foi de 17,8%, 27,7% e 32,9%, respectivamente. Para os especialistas consultados, mesmo com a forte alta recente as ações negociadas na Bovespa ainda não refletem inteiramente a melhora dos fundamentos da economia brasileira. `Os múltiplos das companhias brasileiras ainda são bastante atraentes em relação ao mercado global`, diz o analista da ABN, José Cataldo. Um levantamento da área de pesquisa do Bradesco aponta que a relação preço/lucro, um dos principais indicadores usados pelo mercado para identificar se as ações estão perto do preço considerado justo, mostra que o Brasil tem uma média de 11,8 vezes, numa mediana histórica, abaixo das observadas de Chile, México e Peru. `Quando se olha para múltiplos, a evidência não é de que o Ibovespa não está caro`, disseram economistas da área de pesquisa do Bradesco. `É falsa a idéia de que o mercado brasileiro esteja crescendo como uma bolha porque houve melhora importantes dos fundamentos`, diz Mendes, do Itaú.Troca de posições. Para os especialistas, no entanto, o segundo semestre deverá marcar uma troca de posições entre os setores de melhor desempenho na Bolsa. Na primeira metade do ano quem brilhou foram os setores de mineração e siderurgia, que tiveram seis entre as dez maiores altas do Ibovespa. Mesmo com a queda do dólar, as companhias conseguiram desses setores se sobressaíram com altas fortes nos preços de commodities. Agora, os analistas recomendam cautela. `Com os preços em alta, essas empresas subiram muito e, por isso, podem sofrer ajustes`, diz Cataldo. Em contrapartida, setores que tiveram desempenho inferior ao do Ibovespa na primeira metade do ano, como o financeiro e o de bens de consumo estão entre as principais recomendações das corretoras. A aposta é que a manutenção do ciclo de queda dos juros deve favorecer as empresas desses segmento. Ontem, o Unibanco revisou para cima as ações do setor financeiro. `Os bancos brasileiros estão extraordinariamente baratos e não há uma boa razão para justificar isso`, diz trecho do relatório. É com base nesse mesmo cenário que as avaliações positivas para os setores de petróleo e energia elétrica se avolumam. `Se o país crescer mais, a demanda de energia tende a aumentar. `Reiterada a expectativa de crescimento econômico mais forte do País em 2007, a demanda por energia deve crescer`, diz Álvaro Bandeira, diretor da corretora Ágora. No caso da Petrobras, a mais negociada do Ibovespa mas que teve desempenho fraco no primeiro semestre, a expectativa é que a retomada das operações de plataformas que estavam em manutenção deve impulsionar os resultados da companhia.
Gazeta Mercantil