Bovespa avança 6,59% em dia de euforia global
06/05/09
A valorização da Bovespa acumulada no ano passou a ser de 34,23%. Ontem, houve novo recorde de negóciosSão Paulo. Após quase oito meses, a Bovespa conseguiu voltar a romper os 50 mil pontos. Com fortes compras e alta generalizada, a Bolsa encerrou o dia com valorização de 6,59%, em seu segundo melhor pregão do ano. Com seus papéis de maior peso em rota de alta, a Bolsa não enfrentou dificuldades ontem para se manter longe do vermelho, encerrando no pico do dia, aos 50.404 pontos -maior nível desde setembro passado. A valorização acumulada no ano passou a ser de 34,23%.As Bolsas também subiram nas principais praças financeiras mundiais. Em Nova York, o índice Dow Jones ganhou 2,61%. No mercado acionário de Frankfurt, a valorização foi de 2,79%. Em Hong Kong, a Bolsa subiu 5,54%.Retomada na ChinaSinais de retomada da atividade industrial na China foram o catalisador da euforia que pressionou as commodities no mercado internacional e impulsionou os papéis de companhias de siderurgia e mineração por aqui. Da Ásia, também veio a notícia, no fim de semana, da criação de um fundo de emergência de US$ 120 bilhões. A Bolsa da China subiu 3,33%. Outros dados econômicos animaram os investidores, como a melhora na atividade manufatureira da zona do euro e o aumento das vendas pendentes de moradias e dos gastos com construção nos EUA.O fato de a Bovespa estar fechada na sexta-feira, quando o mercado de Nova York registrou ganhos, também favoreceu a recuperação de ontem.Desde o piso de 29.435 pontos, atingido em 27 de outubro do ano passado, o índice Ibovespa já subiu 71,24%.A alta acelerada da Bovespa tem levado analistas a falarem em exagero e a preverem uma realização de lucros mais consistente em breve. Todavia, dado o atual cenário de incertezas, não será grande surpresa se a Bolsa brasileira mantiver sua escalada, admitem.Incerteza persiste´Não acredito que vamos ter uma trajetória longa de alta. O quadro internacional ainda é muito incerto e inevitavelmente teremos realizações [vendas de ações para embolsar ganhos] pela frente´´, afirma Newton Rosa, economista-chefe da Sul América Investimentos. ´A Bolsa tem tido esse bom desempenho muito por conta do capital externo especulativo, que tem entrado forte. O problema é se esse capital procurar, à frente, outro mercado que se mostre mais interessante´´, diz Ricardo Tadeu Martins, da corretora Planner. Em abril, até o dia 28, os estrangeiros trouxeram para a Bolsa R$ 3,13 bilhões líquidos -melhor resultado em 12 meses. No pregão de ontem, as compras feitas com capital externo se mantiveram consistentes. Tanto que o volume negociado atingiu R$ 7,2 bilhões (74% acima da média diária de 2009).O pregão marcou um novo recorde no número de negócios, ao serem realizadas mais de 429 mil transações.Ações para cimaDas 65 ações do Ibovespa, apenas 3 não conseguiram aproveitar o dia de ganhos -Eletropaulo PNB, que caiu 1,28%, JBS ON, que perdeu 0,81%, e Telemar PN (-0,05%). Os papéis do setor imobiliário, que já haviam sido destaque em abril, embalados pelo pacote habitacional do governo, estiveram no topo.Para Cyrela Realt, a alta foi de 14%; Gafisa ganhou 11,34%; e Rossi Residencial, 10,13%. Dentre as ações de maior peso na Bolsa, destaque para Petrobras PN (7,07%); Vale PNA (8,75%) e Gerdau PN (8,91%).;FORTE QUEDA DE 2,33%Dólar termina o dia em R$ 2,13São Paulo. A moeda americana foi trocada por R$ 2,130 nos últimos negócios registrados ontem, o que representa um decréscimo de 2,33% sobre a cotação da semana passada. Nas casas de câmbio paulistas, o dólar turismo foi cotado por R$ 2,260, em baixa de 2,16%. ´O que nós estamos vendo hoje (ontem) está totalmente lastreado nas Bolsas de Valores: os investidores estão voltando e parece que não tem o que segure os preços do dólar. É um conjunto de fatores, principalmente em se tratando dos EUA, onde alguns acham que a economia já bateu ´o fundo do poço´, sem esquecer dos indicadores mais positivos que saíram hoje´, comenta Marcos Trabold, da mesa de operações da corretora B&T. ´Acho que nós já podemos dizer que há um novo patamar de oscilação entre R$ 2,10 e R$ 2,20´, acrescenta.Nos EUA, o Departamento de Comércio apontou um crescimento de 0,3% no nível de gastos da construção civil, surpreendendo os analistas que esperavam um decréscimo de 1,5% para o período.As notícias também foram positivas no setor imobiliário, onde as vendas pendentes de casas cresceram 3,2% no mês de março, de acordo com a entidade privada NAR (Associação Nacional dos Corretores de Imóveis, na sigla em inglês). Já no front doméstico, o Ministério do Desenvolvimento contabilizou um superávit comercial (exportações maiores que importações) de US$ 3,7 bilhões. O resultado é 113% superior ao registrado no mesmo mês do ano passado (US$ 1,737 bilhão) e 109% maior que o verificado em março deste ano (US$ 1,772 bilhão).Menos pessimismoE o boletim Focus, do Banco Central, mostrou que os economistas do setor financeiro estão um pouco menos pessimistas sobre a economia brasileira: em vez de uma contração de 0,39%, a mediana das projeções feitas por bancos e corretoras aponta uma retração de 0,30%. O mercado futuro de juros, que referencia as tesourarias dos bancos, revisou para cima as taxas projetadas. No contrato que projeta as taxas para janeiro de 2010, a taxa prevista subiu de 9,72% para 9,73%.
Diário do Nordeste