Bolívia quer reestatizar concessão de minas da suíça Glencore
24/10/06
LA PAZ – O governo da Bolívia está planejando reestatizar diversas concessões de mineração, que pertencem atualmente à mineradora suíça Glencore International, afirmou o presidente boliviano Evo Morales nesta segunda-feira. “Porque o país está pedindo por isso, essas minas serão resgatadas”, disse o líder de esquerda a repórteres.
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O anúncio é feito mais de uma semana antes da data em que espera-se que autoridades bolivianas anunciem um plano para revitalizar a frágil indústria de mineração do país. Representantes do governo boliviano informaram que o plano, que será revelado em 31 de outubro, vai ter como foco conceder ao Estado boliviano “uso irrestrito” dos recursos minerais.
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Companhias estrangeiras, com operações no país mais pobre da América do Sul, estão observando de perto as decisões do governo de Morales, depois que ele nacionalizou o setor de energia do país em maio. O prazo para assinatura dos novos contratos do setor energético esgota-se na sexta-feira.
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Em fevereiro de 2005, a Glencore comprou a Compania Minera del Sur, maior empresa de fundição de estanho da Bolívia, anteriormente controlada pelo ex-presidente Gonzalo Sanches de Lozada.
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A Glencore opera na Bolívia através de sua subsidiária doméstica, Sinchi Wayra, que detém cinco minas de zinco, prata, estanho e chumbo. Um executivo da Glencore na Bolívia disse à Reuters que a companhia não tinha conhecimento da decisão do governo. “Estamos preparando uma decisão importante sobre as minas de Gonzalo Sanchez de Lozada”, afirmou Morales.
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O governo boliviano está buscando extraditar Sanchez de Lozada, que vive nos Estados Unidos desde outubro de 2003, para julgá-lo pelas acusações da morte de 67 manifestantes durante demonstrações de rua que forçaram sua expulsão três anos atrás. Em decisão que alienou companhias multinacionais com investimentos na Bolívia, entre elas a Petrobras, Morales nacionalizou o setor de energia do país em maio, dando ao governo boliviano maior controle sobre a produção de energia e maior parcela de lucro.
Reuters