BHP e Rio Tinto devem seguir preço da VALE para minério de ferro
22/12/06
SYDNEY (Reuters) – As mineradoras australianas Rio Tinto e BHP Billiton, duas das três maiores produtoras de minério de ferro do mundo, devem acompanhar a Companhia Vale do Rio Doce, que conseguiu aumento de 9,5 por cento para o preço do minério de ferro a ser vendido no ano que vem.
A Vale anunciou na quinta-feira que fechou acordo para aumento do preço em 2007 com o grupo siderúrgico Baosteel, o maior da China. A Rio Tinto e a BHP Billiton preferiram não comentar o acordo porque ainda não concluíram suas negociações.
Analistas disseram que a sul-coreana Posco, terceira maior produtora de aço do mundo, e as siderúrgicas japonesas, que tradicionalmente estabelecem preços antes dos chineses, teriam pouca escolha a não ser acatar o aumento, dada a crescente influência da China no setor siderúrgico.
“Isso estabelecerá a norma para os preços do ano que vem, e outras siderúrgicas seguirão o exemplo”, disse Andrew Harrington, analista de commodities no Australia & New Zealand Bank.
“Era evidente que os preços do aço não iriam cair, como alguns chineses vinham dizendo nos últimos meses, e por isso um novo aumento deve ser facilmente absorvido”, acrescentou. O prazo limite para as negociações normalmente é o dia 1 de abril, quando os novos preços entram em vigor.
O acordo entre a Baosteel e a Vale deve pressionar a Posco, já que ele fica perto do limite mais elevado das expectativas do mercado”, disse Moon Jung-up, analista de aço na Daishin Securities, de Seul.
O aumento de 9,5 por cento refere-se ao minério de qualidade mais elevada da Vale e ficou perto do limite mais alto das projeções dos analistas, que estimaram alta de entre cinco e 10 por cento.
O acordo entre a Vale e a Baosteel marca a primeira ocasião em que uma siderúrgica chinesa lidera o mercado nas negociações anuais de preços com as gigantes do setor de mineração, o que reflete a transformação da China em maior consumidora mundial de aço.
Um comunicado da Vale atribui a velocidade das negociações -as mais rápidas desde 1994- ao “alto profissionalismo exibido nas negociações” pela Baosteel. Este ano, duas tradings chinesas influenciaram mais o processo, e a Baosteel também teve mais poder de decisão, depois que interferências políticas fizeram com que os chineses perdessem a oportunidade de um acordo fixando aumento em torno de 10 por cento no ano passado.
(Reportagem adicional de Cheon Jong-woo e Rafael Nam em Seul, Richard Dobson em Taipé, Alfred Cang em Xangai, Lucy Hornby em Pequim e Yuko Inoue em Tóquio)
Reuters