Benefícios vão atingir múltiplos setores
12/08/07
TrabalhadoresInvestimentos vão abrir mercado a uma extensa variedade de profissionaisAs mais beneficiadas com a criação de novos empregos, em decorrência dos investimentos bilionários do setor mineral paraense, serão as áreas de serviços, indústria de base, metal-mecânica e elétrica, engenharia e logística, sobretudo de transporte de cargas. Nos níveis básico e médio, eis as principais áreas beneficiadas e as respectivas funções em alta: construção civil (pedreito, armador, carpinteiro, instalador hidráulico, eletricista hidráulico e pintor de parede), mecânica (caldeireiro, mecânico montador, soldador, serralheiro, mecânico de automóveis, pintor industrial e torneiro), elétrica (eletricista de força, eletricista montador, automação e controle), administração (atendimento ao público, técnica de vendas, orçamentos e custos, técnica de liderança, secretária, estoquista, motorista e cozinheiro). As áreas de nível superior mais beneficadas serão geologia, engenharias, administração e economia. De acordo com David Leal, coordenador geral do PDF (Programa de Desenvolvimento de Fornecedores), o paraense da capital, por características culturais, não valoriza os empregos gerados no interior do próprio Estado. Por incrível que pareça, o paulista, o mineiro e o carioca estão mais dispostos a morar em Marabá do que um belenense do Marco. David Leal, ex-gerente regional da Companhia Vale do Rio Doce no Pará, disse que várias vezes testemunhou esta situação na prática. `Às vezes, numa sala com 50 pessoas em Belém, anunciávamos oportunidades no interior e as respectivas vantagens, e apenas cinco ou seis pessoas se ofereciam para as vagas. Quando isso acontecia noutros Estados, principalmente do Sudeste, a maioria dos profissionais agarrava a oportunidade de trabalho.` Como dica aos interessados nas vagas, David orienta a fazer cursos de qualificação e capacitação em áreas afins à da própria especialização, em nível técnico ou superior. `É preciso que o profissional não se conforme em ter apenas um certificado ou diploma, mas vários, agregando experiência e conhecimento e às vezes até se habilitando a vagas em mais de uma função`, ensina Leal. CAPACITAÇÃODe acordo com o titular da Secretaria de Estado de Desenvolvimento, Ciência e Tecnologia (Sedect), Maurílio Monteiro, a capacitação do trabalhador é um dos gargalos para a geração de empregos e a mobilidade funcional no Pará. `É urgente, no Pará, o investimento em capital social, mais educação, mais qualificação, sobretudo no interior`, diz o secretário. `Esta capacitação faz parte dos programas de várias secretarias, como a do Trabalho, Emprego e Renda, e será feita dentro de um projeto maior do governo, que é a implantação de um novo modelo de desenvolvimento no Estado.` Maurílio destaca que o novo modelo pretende agregar mais ciência, tecnologia e inovação aos processos e produtos, tanto que o governo do Estado vai construir três centros de ciência e tecnologia (em Belém, Santarém e Marabá), com pesquisas e oportunidades de incubação de empresas de acordo com a vocação de cada região. `Um sistema de inovação não se integra só de alta tecnologia (high tech), mas também das especializações que demandam apenas a baixa tecnologia (low tech) e é nesse contexto, de um programa de governo mais amplo, que entra essa capacitação urgente nos níveis fundamental e médio`, diz o secretário. `Além disso, essas atividades representam oportunidades imediatas a uma grande parcela da população que sofre com o desemprego.` Audiências sobre mina de ferro de Serra Leste terminam quinta-feira Empresários, autoridades, ambientalistas e políticos devem se reunir na próxima quinta-feira, 16, na última audiência pública que a Secretaria Estadual de Meio Ambiente (Sema) promoverá para debater com os diversos segmentos da sociedade o projeto de mina de ferro Serra Lesta, que a Companhia Vale do Rio Doce (CVRD) pretende instalar em Curionópolis, no sudeste do Pará. O encontro acontecerá na Federação das Indústrias do Estado (Fiepa), em Belém. As audiências começaram por Curionópolis, na quarta-feira, 8, e prosseguiram em Parauapebas, dia 9, e Marabá, na última sexta-feira, 10. Com os encontros, o governo do Estado atende a recomendação do Ministério Público Estadual (MPE). Para o MPE, os dados apresentados até agora são insuficientes para garantir maior sustentabilidade ao empreendimento. Para os promotores de Justiça Laércio Guilhermino e Eliane Moreira, os estudos têm `alguns aspectos frágeis`. Dentre eles, estão a fragmentação do projeto e a ausência de alternativas tecnológica e de locação, que possibilitariam a mudança do curso de uma estrada. Ainda segundo a análise dos representantes do MPE, não foram feitos estudos prévios do patrimônio espeleológico (cavernas) da região. `Ademais, o empreendedor não prevê a absorção de mão-de-obra após a conclusão do empreendimento, caso ele seja licenciado. Os estudos também superestimam os impactos positivos e minimizam ou omitem os negativos`, avaliam. Os pontos foram abordados nas audiências de Curionópolis e Parauapebas, onde a questão da absorção da mão-de-obra local foi destacada. Para o MPE, o Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (Ibama) precisa dar sua anuência ao licenciamento. `Essas medidas não significam que o empreendimento não vai ser feito. São apenas exigências para prevenir problemas ambientais, sociais e econômicos futuros`, ressalva Eliane Moreira. BENEFÍCIOS Durante o período de implantação do projeto, Curionópolis deverá receber cerca de R$ 12 milhões em tributos, segundo estimativas da prefeitura local. A receita mensal atual do município é de cerca de R$ 600 mil. O projeto da mina de ferro Serra Leste está localizado a 50 quilômetros da cidade de Curionópolis e a quatro quilômetros do distrito de Serra Pelada. Segundo o Estudo de Impacto Ambiental (EIA), a cava dimensionada visava ao aproveitamento de 90 milhões de toneladas de minério, mas durante os estudos foram identificadas várias cavernas, o que levou à redução dos estudos para duas cavas. Conforme os estudos de viabilidade econômica, a jazida tem capacidade instalada de 29 milhões de toneladas, que deverão ser exploradas durante um período de 14,6 anos.
O Liberal – PA