Baosteel e Vale tentarão manter usina em Anchieta
08/12/08
A Baosteel, a maior siderúrgica da China, e a Vale do Rio Doce, estão conversando com o governo do Espírito Santo para entender porque ele quer mudar a localização da usina de aço a ser construída no Estado, uma joint-venture de US$ 4 bilhões para fazer 5 milhões de toneladas de placas. Querem manter a usina no distrito industrial de Ubú, em Anchieta, pois foi este é o local oferecido pelo próprio governo. Vale e Baosteel não descartam a hipótese de acatar a mudança se o EIA-RIMA do projeto, que fica pronto em janeiro, mostrar que isso é necessário.
Baosteel e Vale abandonaram os planos de instalar uma siderúrgica no Maranhão justamente porque o governo local decidiu que o projeto não podia ser feito na Ilha de São Luís, onde fica o eixo logístico da Vale. Como alternativa, escolheram Ubú, a partir de várias viagens do governo capixaba à China e visitas dos chineses a Vitória (ES), onde a Baosteel já instalou um escritório que abriga funcionários e dirigentes da futura usina, a CSV.
Os sócios da CSV defendem a posição de que só depois de examinar o EIA-RIMA do projeto, em janeiro, o governo capixaba tome uma decisão final sobre o local da siderúrgica. A posição da Vale é fazer em Ubú enquanto não tiver o EIA-RIMA para uma análise definitiva dos problemas, adiantou fonte próxima da mineradora.
A equipe de Paulo Hartung, governador do Estado, quer deslocar o projeto da CSV para 80 km ao sul de Anchieta, alegando problemas ambientais. Se isso acontecer, a primeira unidade siderúrgica da Baosteel fora da China pode ter sua construção adiada entre seis a nove meses, disse Liu An, da Baosteel, diretor do projeto.
“A Baosteel, que tinha planejado iniciar a obra em setembro de 2009, está estudando a proposta”, disse o executivo. A idéia da gigante chinesa é ter uma usina no Brasil para produzir semi-acabados aproveitando a disponibilidade de matérias primas no país, o que reduzirá os custos de transporte em até um terço. A solicitação de instalação do projeto em novo local vai aumentar seu custo, em reais, num momento em que as empresas estão reduzindo gastos devido a crise mundial de crédito. “Gastamos muito pelo estudo do projeto em Anchieta. Mudar para um local novo significa ter de refazer o projeto a partir do zero”, afirmou Liu.
A Vale, que tem 40% no projeto, e Baosteel 60%, tem a mesma posição. Segundo interlocutores, ela estranhou muito a posição do governo capixaba, pois foi tudo conversado antes sobre a ida do projeto para Ubú, onde já há uma terreno de 1 milhão de metros quadrados e planos para construção da ferrovia Litorânea Sul, uma extensão da Estrada de Ferro Vitória a Minas, que traria o minério até Ubú. Para a mineradora, não faz sentido estudar outra localização fora deste eixo logístico.
Valor Econômico