Associação chinesa vê excesso de minério de ferro em 2010
02/10/09
Os mercados de minério de ferro apresentarão excesso de oferta no próximo ano e a produção global de aço vai se recuperar lentamente, afirmou a Associação de Ferro e Aço da China nesta terça-feira, montando um quadro para uma nova rodada de negociações anuais sobre preços da commodity.
O secretário geral da associação, Shan Shanghua, que não conseguiu assegurar um corte de preços do minério maior nas negociações ainda não resolvidas deste ano, também afirmou que seu grupo vai buscar uma mudança nos termos dos contratos para que se refiram ao ano calendário, não ao ano fiscal de abril a março.
“A produção (de aço) nos Estados Unidos e Europa não deverá se recuperar totalmente, especialmente considerando que a crise econômica global ainda não acabou de fato”, afirmou Shan.
Os comentários marcam a primeira declaração pública da associação sobre o início não oficial das negociações de preços entre siderúrgicas chinesas e as maiores fornecedoras mundiais de minério de ferro, que tradicionalmente começam em uma grande conferência da indústria realizada em meados de outubro.
Shan afirmou que a China, maior país produtor de aço do mundo, vai participar das negociações de 2010/2011 buscando um resultado de ganhos para os dois lados que leve em consideração os fundamentos do mercado, custos de produção e lucros de mineradoras e produtoras de aço.
A posição de barganha da indústria chinesa nas negociações deste ano foi enfraquecida depois do pacote de estímulo econômico promovido pelo governo de Pequim, de quase US$ 600 bilhões. O plano impulsionou a demanda por aço, aumentou o lucro das siderúrgicas e encorajou produção, que deve provavelmente crescer 20% este ano, para mais de 600 milhões de toneladas.
Shan também afirmou que as discussões sobre os preços de 2009/2010 prosseguem com a Vale e a australiana BHP Billiton, no que ele também afirmou que são preparativos para as negociações relativas aos preços do próximo ano.
Ele acrescentou, porém, que a associação não está conversando com a australiana Rio Tinto. A mineradora adotou uma posição de “pegar ou largar” sobre uma oferta de corte de 33% no preço do minério de ferro aceita por siderúrgicas japonesas e outras da Ásia meses atrás.
Sobre a proposta de que as negociações do próximo ano definam o critério de ano calendário, Shan afirmou: “Será o princípio que seguiremos… porque o ano-calendário é compatível com o sistema de contabilidade das siderúrgicas chinesas”.
Reuters