As riquezas minerais da Paraíba
18/07/10
O território tem 98% de área com formações rochosas, mas falta mão de obra especializada para exploração
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O “mapa do tesouro” da Paraíba revela uma gama de minérios espalhados em 98% do território do estado. São rochas ornamentais, quartzitos, bentonitas, feldspatos, caulim, argilas e granitos explorados de forma comercial e que escoam principalmente para a construção civil, indústria de porcelanato, indústria química e indústria de extração de petróleo. Entre as pedras preciosas está a turmalina, cujo valor de mercado é maior que o próprio diamante. A estimativa do Departamento Nacional de Produção Mineral (DNPM) é de que a atividade deve movimentar em torno de R$ 200 milhões por ano no estado. A maior parte das atividades se concentra em 17 municípios da mesorregião do Seridó.
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O montante do negócio chama atenção, mas os ganhos só não são maiores por falta de qualificação e de utilização de novas tecnologias na extração e processamento dos minerais. Para se ter uma ideia, uma tonelada de feldspato bruto (empregado na cerâmica) chega a ser vendido por R$ 60; mas esse mesmo material, ao passar pelos processos de britagem e moagem, poderia ser vendido por até R$ 180. Ontem (sábado), na data em que se comemora o Dia Nacional do Garimpeiro, um Termo de Cooperação Técnica foi assinado entre a Secretaria de Estado da Receita e o DNPM, com o objetivo de impulsionar a atividade. A assinatura ocorreu no município do Junco do Seridó e, na oportunidade, mais de 300 garimpeiros puderam participar de palestras sobre desenvolvimento sustentável e fortalecimento das produções da pequena mineração.
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Na base da produção mineral, os garimpeiros (são oito mil na Paraíba, atuando na extração, transporte e beneficiamento) enfrentam uma dura jornada de trabalho e com pouca qualidade de vida. A atividade clandestina realizada por parte desses trabalhadores, que dispensam ou desconhecem as medidas de prevenção, ainda tornam comum a ocorrência de acidentes e a invalidez por doenças, como no caso da silicose, enfermidade que atinge os pulmões devido à inalação do pó de sílica, acompanhados pelo Centro de Referência em Saúde do Trabalhador (Cerest).
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A agregação de valor com investimentos em capacitação são apontados pelo coordenador do Programa de Desenvolvimento da Mineração Paraibana (Promin), Marcelo Falcão, como meta a ser atingida para o crescimento da economia no setor: “A qualidade dos minérios é boa, mas os equipamentos estão ultrapassados”, revela o coordenador, acrescentando que há um projeto em andamento no valor de R$ 289 mil para a aquisição de máquinas para lapidação de pedras e equipamentos para a fabricação de joias finas e bijuterias.
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“O projeto está na fase de análise pelo Ministério da Integração Nacional para seguir com a assinatura do convênio e liberação dos recursos”, explicou Marcelo Falcão, acrescentando que a ação também tem parceria com diversas instituições, a exemplo do Serviço de Apoio às Micro e Pequenas Empresas da Paraíba (Sebrae), que atualmente está investindo R$ 160 mil juntamente com a Superintendência de Desenvolvimento do Nordeste (Sudene) na formação de profissionais em lapidação: “A ideia é tornar as regiões potenciais em rotas de turismo e fazer com que os turistas conheçam nossas riquezas minerais. Assim, ao invés de visitar a região e levar uma pedra, o turista terá a oportunidade de levar uma joia, que tem valor agregado”, defendeu o coordenador que integra a Secretaria de Turismo e Desenvolvimento Econômico (Setde).
O Norte