Argentina volta a extrair urânio para eletricidade
14/08/07
Os argentinos tinham interrompido a extração em 1998, quando o preço do quilo era US$ 25 no mercado internacional. Nos últimos três anos, foi para US$ 300. A meta é abastecer para energia elétrica duas centrais nucleares e uma terceira em construçãoOs argentinos voltaram a produzir urânio para abastecer suas usinas de energia nuclear, atividade suspensa há uma década, com o objetivo de reduzir os custos da importação do mineral como parte da reativação do projeto atômico anunciado pelo presidente Néstor Kirchner. “Estamos retomando a produção de urânio em uma mina (da província) de Salta”, adiantou ontem, em Buenos Aires, Rubén Calabrese, gerente geral da Comissão Nacional de Energia Atômica (CNEA), o órgão que regula a atividade. A Argentina deixou de ter extração de urânio em 1998, por decisão do governo de Carlos Menem (1989-1999), numa época em que o preço do insumo era de 25 dólares o quilo no mercado internacional, passando a importá-lo. Nos últimos três anos e ao longo da crise do petróleo, o valor do quilo de urânio aumentou para 300 dólares. O gasto do país para abastecer as centrais nucleares subiu para 45 milhões de dólares por ano.;”A retomada da produção de urânio significa uma economia de divisas importante. Atualmente, a Argentina precisa de 150 toneladas de urânio por ano, porém com o plano de expansão nuclear, precisaremos de entre 500 e 600 toneladas por ano em uma década”, apontou Calabrese. Em 2006, Kirchner anunciou um projeto nuclear com investimentos de US$ 3,5 bilhões, que previa a conclusão da terceira central atômica, a construção de uma quarta, além de estabelecer a produção de urânio com fins pacíficos. Desde 1974, a central nuclear de Atucha I, na província de Buenos Aires, está em funcionamento, assim como a central de Embalse, na província de Córdoba. A construção de Atucha II também está em andamento desde 1981. Os argentinos retomam a produção de urânio na mina de Don Otto, em Salta, cujas reservas podem ultrapassar as mil toneladas estimadas. Depois de sua extração, o mineral passará por um enriquecimento que será finalizado em uma usina da CNEA em Córdoba, para ser aplicado como combustível nas usinas nucleares. As duas usinas em operação geram entre 7% e 9% da energia elétrica consumida no país. Mas, o total de abastecimento energético de origem atômica aumentará a 16% quando Atucha II estiver pronta, com previsão para 2010 e 2011, segundo fontes da área. Foto: JUAN MABROMATA/AFP
O Povo