Arcelor Mittal descarta alteração na oferta a minoritários
27/10/06
Vera Saavedra Durão
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Apesar da reação negativa do mercado com a proposta da Arcelor Mittal de oferta para aquisição de ações (OPA) dos minoritários da Arcelor Brasil , o gerente de Relações com Investidores da multinacional, Rony Stefano, disse que a siderúrgica “não tem a intenção de mudar nada na oferta para os minoritários da sua controlada, caso ela não seja aceita por eles”.
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O executivo, que aterrissou no Brasil com a missão de explicar os termos da proposta aos investidores locais, afirmou em entrevista ao Valor que a Arcelor Mittal só está fazendo a oferta por respeito à determinação da CVM, órgão regulador do mercado de capitais brasileiro. Mas, a companhia continua entendendo que não houve troca de controle entre a Arcelor e a Mittal. Por esta razão, no caso de uma eventual contestação da oferta, “a empresa se reserva o direito de recorrer à Justiça”.
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Stefano passou o dia explicando a acionistas o cálculo pelo qual a Arcelor Mittal fixou o preço de referência para os acionistas brasileiros que optarem por receber em dinheiro. O preço de 12,1184 euros, ou R$ 32,71 por ação, frustrou os minoritários, que calculavam um valor entre R$ 47 a R$ 52 por ação. Muitos demonstraram a intenção de contestar o valor na Justiça se considerarem que não houve tratamento igualitário entre a oferta da Arcelor Europa e a do Brasil.
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Segundo Stefano, a preocupação da empresa foi fazer uma oferta aos brasileiros com base no mesmo critério usado pela Mittal para avaliar os ativos da Arcelor Europa. O valor da empresa lá fora e da sua controlada no Brasil foi calculado a partir do Lajida (geração de caixa das operações da empresa). O Lajida da Arcelor Europa foi estimado em 2006 em 4,967 bilhões de euros.
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O valor encontrado para a Arcelor Brasil foi de 1,062 bilhão de euros. Este valor da Arcelor Brasil foi dividido pelo Lajida da Arcelor Europa para se obter o percentual de participação do Lajida da controlada brasileira no da Arcelor Europa, em 2006. A empresa brasileira participa com 21,38% da geração operacional de caixa da Arcelor Europa. Foi usada, porém, nos cálculos da Arcelor Mittal, a média de projeções desta participação em 2006 e 2007, de 21,62%.
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Este percentual foi multiplicado pelo valor da Arcelor Europa de 28,085 bilhões de euros. O resultado foi dividido por 67% (participação da Arcelor Mittal na Arcelor Brasil). Com isso, chegou-se ao valor (EV/Lajida) da Arcelor Brasil, de 9,052 bilhões de euros, dos quais foram deduzidas as dívidas da Arcelor Brasil (e a participação da Acindar, siderúrgica argentina). Dessa forma, obteve-se o valor justo da controlada brasileira, de 7,848 bilhões de euros. Este valor foi dividido pelo número de ações da Arcelor Brasil, de 647.578.059, e assim encontrado o preço de 12.1184 euros por ação.
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Stefano considera que, ao oferecer aos acionistas da Arcelor Brasil a mesma forma de cálculo, seguindo os critérios que foram usados na Arcelor Europa, a empresa está dando um “tratamento igualitário” aos minoritários, conforme exigência do estatuto. Ele lembra que a oferta de fechamento de capital, que é obrigatória. “Os acionistas que acharem que suas ações valem mais que os R$ 32,71 por ação podem optar por continuar parceiros da companhia.”
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Ontem, a Arcelor Mittal protocolou seu pedido de registro de oferta na CVM. Depois de despencar 7,42% na quarta, as ações da Arcelor Brasil subiram 3,26%, fechando a R$ 38,00. O gerente de RI da Arcelor Mittal celebrou o fato e considerou a queda do dia anterior como uma especulação.
Valor Econômico