27/10/08

Abdo Filho afilho@redegazeta.com.brA Vale está em compasso de espera no curto prazo, mas não quer perder de vista os investimentos no futuro, apesar da crise mundial. Em entrevista coletiva ontem, quando foi anunciado, oficialmente, o lucro recorde de R$ 12,4 bi no terceiro trimestre de 2008, o presidente da mineradora, Roger Agnelli, disse que a expectativa é de que os últimos meses do ano não sejam “tão brilhantes”, mas garantiu investimentos de US$ 14,2 bilhões para 2009 (US$ 527 milhões no Espírito Santo). Estão mantidos, portanto, os investimentos na construção da oitava usina da mineradora no Espírito Santo. “Pode ser que o ritmo da obra seja reduzido, tudo vai depender de como estará o mercado em 2010 e 2011”, afirmou Felipe Guardiano, diretor de Pelotização da Vale no Estado. Para Agnelli, o último trimestre de 2008 será importante para “botar a casa em ordem”. Ele citou, entre outra medidas, a redução da produção de níquel nas plantas da Indonésia e China. “O mercado, em todos os sentidos, está passando por um ajuste severo. Alguns sistemas de produção já trabalham no limite. Essa é a hora de colocarmos a casa em ordem e nos prepararmos para 2009”. Segundo Guardiano, em Tubarão a situação deve ser a mesma. “Por enquanto, ainda estamos operando no limite, mas não afastamos a possibilidade de uma diminuição na produção. Diante disso, teremos mais tempo para dar manutenção, limpar as usinas e dar mais atenção para os compromissos ambientais, para a evolução do programa de segurança do trabalho e para a qualificação do nosso pessoal”. Guardiano revelou que, apesar da produção minério estar em 100%, o movimento no porto de Tubarão, que também opera grãos e carvão, já caiu. “É um reflexo da crise”. Em relação aos derivativos, os executivos da Vale garantiram que a companhia não ganhou nem perdeu com as operações.Portas abertas Agnelli também disse que a Vale precisa aproveitar as oportunidades que serão abertas pela crise. Por conta disso a companhia manteve um forte investimento para 2009 e a construção da sua oitava usina. “A Vale está calma, quieta e esperando as oportunidades. Todos os projetos programados para serem concluídos em 2009, serão concluídos, e iniciaremos projetos importantes. Vamos estar preparados quando a economia mundial se reaquecer”.Em relação a Ferrovia Litorânea Sul, outro grande investimento da Vale no Estado, o executivo disse que a empresa ainda aguarda a conclusão da fase de licenciamentos. “Ainda não estamos com a licença definitiva. Quando tivermos podemos falar alguma coisa, mas, também nesse caso, o ritmo das obras pode ser reduzido”, disse Guardiano, que não confirmou o início da construção da ferrovia para os primeiros meses de 2009. Menos minério para a Arcelor Mittal Tubarão O diretor de Pelotização da Vale no Espírito Santo, Felipe Guardiano, revelou que o volume de minério comprado pela ArcelorMittal Tubarão caiu. “Para nós, não mudou quase nada, porque a produção acabou indo para outras empresas, mas realmente o volume de pelotas vendido para a Arcelor Mittal Tubarão caiu”. Há duas semanas, saiu a informação de que a siderúrgica havia reduzido em 25% a sua produção, número até hoje não confirmado pela companhia.Bovespa cai 6,91%, e BC não contém alta do dólar Conjunto de notícias negativas derrubou pregões: PIB inglês caiu pela primeira vez desde 1992nnA Bolsa de Valores de São Paulo (Bovespa) fechou em baixa de 6,91% ontem, aos 31.481,55 pontos. É o menor nível em quase três anos. No dia 28 de novembro de 2005, a Bolsa havia encerrado com 31.357,55 pontos. Para comparação, em 2008, a pontuação mais alta da Bolsa havia sido de 73.153, em 28 de maio.Pela primeira vez neste ano, a perda anual passou de 50%, atingindo 50,72%. Só nesta semana, a Bovespa caiu 13,51%. Os prejuízos acumulados apenas em outubro somam 36,45%. O dólar comercial fechou em alta, a R$ 2,30 na venda, apesar das três intervenções do Banco Central no mercado de câmbio. Um conjunto de notícias pessimistas em diversos países derrubou os mercados de ações em todo o mundo ontem. Uma forte contribuição negativa vem do Reino Unido, cujo PIB encolheu no terceiro trimestre, fato que não ocorria desde 1992. As montadoras de automóveis francesas Renault e Peugeot Citröen anunciaram medidas para reduzir a produção. O motivo é a queda nas vendas. O desemprego na Espanha aumentou para 11,33%, maior taxa desde 2004. BNDES estuda ajuda às empresas com prejuízo Aracruz e Sadia perderam cerca de R$ 5 bilhões com operações de derivativos cambiais Rio de JaneironnO presidente do BNDES (Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social), Luciano Coutinho, afirmou ontem que a instituição pretende ajudar empresas exportadoras que tiveram perdas com derivativos cambiais. Sem dar muitos detalhes, Coutinho explicou que o processo será feito em conjunto com bancos. “É uma parte de empresas exportadoras, que tinham gestão financeira mais sofisticada que entraram nesse tipo de derivativo. É um conjunto limitado e é um processo que está em curso”.O executivo destacou que o BNDES vai avaliar caso a caso. Ele acrescentou que o setor bancário privado está disposto a refinanciar as perdas dessas empresas e “diluir isso na frente”. O BNDES, segundo ele, atuaria de forma complementar. “Uma vez que isso seja solucionado vai desaparecer um elemento de incerteza que tem travado um pouco o processo de concessão de crédito dentro do sistema bancário”, completou. Por enquanto, Sadia, Aracruz e Votorantim anunciaram perdas de R$ 5 bilhões com as operações de “hedge” (proteção) cambial. Ele disse A Vale está calma, quieta, e esperando as oportunidades””O mercado, em todos os sentidos, está passando por um ajuste severo””É hora de colocarmos a casa em ordem”Roger Agnelli presidente da Vale

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