Amazônia é destaque na balança mineral
01/10/08
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A;mineração é uma das atividades econômicas que mais investem no Brasil. Em 2007, a produção mineral brasileira foi de R$ 46 bilhões, bens primários, excluídos petróleo e gás. Em 2008, deverá registrar nova ascensão e chegar a R$ 54 bilhões, aumento de 18% devido à elevação de produção e forte reajuste no preço dos minérios. “Teremos um quadro ascendente na mineração, pelo menos, para os próximos 15 anos”, declarou Paulo Camillo Penna, presidente do Instituto Brasileiro de Mineração (IBRAM), em coletiva à imprensa nesta terça-feira, em Belém, durante o lançamento da “Balança Comercial Mineral da Amazônia”, levantamento inédito dos indicativos do setor mineral na região amazônica de janeiro a agosto de 2008.
A publicação mostra que, neste período, a exportação brasileira atingiu 130 bilhões de dólares e que, juntas, as indústrias extrativas e de transformação mineral contribuíram com 20% deste valor.
O estudo também destaca que na Amazônia Legal, a indústria extrativa e a de transformação mineral têm uma participação maior nas exportações. A primeira responde por 25% do total da exportação da região, enquanto a segunda, por 21% do total da exportação da região. Comparativamente ao mesmo período do ano passado, observa-se um crescimento de 48% na exportação da indústria extrativa e de 21% na de transformação mineral.
De acordo com a “Balança Comercial Mineral da Amazônia”, Pará e Maranhão responderam por 26% da exportação da indústria extrativa e de transformação mineral da Amazônia Legal, cujo saldo da balança comercial foi superavitário em US$ 6,6 bilhões neste período. Na pauta mineral, destacaram-se as exportações de ferro, cobre e manganês, que representam 89% da comercialização de minérios da Amazônia ao exterior.
Nacionalmente, o Pará destaca-se como o segundo maior estado exportador de minérios – atrás de Minas Gerais e seguidos na Amazônia Legal pelo Maranhão e Amapá, que ocupam, respectivamente, a quinta e a sétima posição entre os maiores exportadores minerais do Brasil.
Na pauta de transformação, destacaram-se as exportações de ferro gusa, alumínio e alumina, que representam 88% da exportação deste segmento na Amazônia Legal. China, Japão e Alemanha são os principais mercados consumidores, recebendo 49% do total das exportações. As importações de minérios atingiram US$ 630 milhões e se restringiram basicamente a compras de carvão mineral, fosfato de cálcio, cimento, derivados de ferro e aço.
Crise – Nem a atual crise financeira originada nos Estados Unidos deve afetar diretamente o setor: até o final de 2008, os investimentos minerais na Amazônia Legal devem atingir US$ 24,8 bilhões. Em 2012, devem chegar a US$ 57 bilhões. “Não acredito em redução de investimentos por conta da crise, pois o setor mineral tem demanda alta e oferta apertada. Além disso, esses valores de investimentos já estão fechados e contratos, a longo prazo, tendem a proteger as empresas do setor”, comentou Paulo Camillo.
Desses US$ 57 bilhões, 41% destes investimentos estão previstos para o estado do Pará, 30% para Minas Gerais e o restante para os demais estados do Brasil. O Pará tem papel de destaque nos projetos de minério de ferro, bauxita, caulim, cobre, níquel, logística e geração de energia.
Paulo Camillo também sinalizou que o setor precisa vencer desafios como a modernização da legislação ambiental, melhorias na logística, principalmente dos portos e garantir oferta de energia para dar suporte à atividade no estado. “Podemos perder investimentos estrangeiros para países como a África. Precisamos resolver a questão da energia, que é crescente no Brasil.
Temos como suprir essa demanda, mas precisamos da celeridade de órgãos ambientais para implantar os projetos”, relatou.A balança mineral da Amazônia será um indicador econômico com periodicidade trimestral.
DEBATE
Os resultados do setor mineral mostram a importância do Pará sediar o I Congresso de Mineração da Amazônia, evento que será realizado pelo IBRAM – com apoio da Federação das Indústrias do Estado do Pará e Governo do Estado – paralelamente à Exposição Internacional de Mineração da Amazônia (EXPOSIBRAM), de 10 a 13 de novembro, no Hangar – Centro de Feiras e Convenções da Amazônia.
Durante estes eventos, o público terá a oportunidade de conhecer melhor a evolução tecnológica da indústria da mineração, que é um dos setores que mais investe em sustentabilidade, e de que forma a atuação empresarial do setor leva em conta a preservação do meio ambiente, a saúde e segurança de seus trabalhadores e a responsabilidade social junto às comunidades com que se relaciona.
Questões como globalização, mão-de-obra, ciência e tecnologia, mercado, economia emergente e conservação ambiental serão tratadas em palestras e painéis temáticos por autoridades conceituadas no setor de mineração como Evando Mirra de Paula e Silva (Gerente de Tecnologia e Inovação da Agência Brasileira de Desenvolvimento Industrial), que vai palestrar sobre “Necessidades de formação de mão-de-obra para o setor mineral”; o economista Paulo Haddad (ex-ministro da Fazenda e do Planejamento), que vai tratar sobre as exigências do mercado mineral na palestra “Novas externalidades e barreiras não-alfandegárias para a mineração brasileira”; e Anthony Hodge, presidente do Conselho Internacional de Mineração e Metais (ICMM), que terá no congresso seu primeiro grande compromisso oficial à frente do conselho.
Ele vai proferir a palestra “Mineração na era da sustentabilidade”. “O ICMM também participará do evento com um workshop sobre as melhores práticas sustentáveis do setor mineral para a região”, completa Paulo Camillo.
Empresários e representantes de associações do Canadá, Austrália, Chile e Peru, que têm forte economia mineral já confirmaram presença na EXPOSIBRAM Amazônia. Entre os 121 expositores, 36 são empresas paraenses. Também já garantiram participação no evento grandes mineradoras que atuam na região como Vale Alubar, Imerys, MRN, Alcoa e Globe Metais.
CONTRIBUIÇÃO
Em 2007, a indústria da mineração no Brasil (extrativa e de transformação mineral – metálicos e não-metálicos) contribuiu com US$ 65 bilhões (5%) para o Produto Interno Bruto (PIB), total de US$ 1,3 trilhão.; Para 2008, a previsão é de US$ 90 bilhões, 12% superior (variação nominal em reais).
O setor também representou 44% do saldo da Balança Comercial em 2007, sendo US$ 8,6 bilhões (22% do saldo) de bens primários. Em 2008 esta participação deve ultrapassar 50% do saldo total brasileiro (estimado em US$ 30 bi), sendo que US$ 10 bilhões (34% do saldo) de bens primários.
A mineração gerou, em 2007, 1 milhão e 800 mil empregos diretos no país, sendo 145 mil da indústria de extração mineral; em 2008,; a previsão é que esse número ultrapasse 2 milhões (sendo 160 mil na indústria de extração). Considerando essa taxa de crescimento para os próximos 4 anos, podemos prever que o setor mineral criará 75 mil novos empregos diretos até 2012. “Quase 30 mil empregos devem ser gerados entre 2008 e 2012 no Pará”, adiantou Paulo Camillo.
Ecoamazônia