Alternativas para o financiamento
09/10/08
O BNDES tem uma clara estratégia de apoio ao desenvolvimento de empresas de vários setores da economiaEm maio deste ano, comemoramos a entrada do Brasil no clube dos países que têm os seus débitos classificados como grau de investimento. A sensação de um futuro promissor para a captação de recursos pelas empresas de nosso país foi suplantada por uma grande preocupação, em virtude da eclosão da crise de liquidez no mercado financeiro internacional, deflagrada pelos problemas com os créditos subprime.No Brasil, muitos lançamentos de ações de empresas no mercado de capitais acabaram sendo postergados, interrompendo um ciclo virtuoso para as empresas que tiveram acesso aos recursos do mercado de capitais. Na seqüência, também passamos a registrar algumas dificuldades na obtenção de linhas de financiamento externas, que podem prejudicar operações com o mercado externo. As conseqüências dessa crise ainda não terminaram e não se sabe a real extensão dos danos causados nos mercados internacionais.Para entendermos melhor o cenário que se apresenta no mercado financeiro em nosso país, precisamos analisar como se apresenta a demanda de recursos e debater quais instrumentos e instituições poderão atender da melhor forma as nossas necessidades de financiamento.As empresas brasileiras estão em diferentes estágios de desenvolvimento, sendo que em alguns setores já temos empresas que podem competir internacionalmente, e, em outros, empresas que se encontram atrasadas tecnologicamente até para atender aos mercados regionais. As empresas mais competitivas estão ligadas direta ou indiretamente à produção de commodities e sua competitividade tem favorecido a balança comercial de nosso país. No entanto, as empresas que podem fabricar produtos e prestar serviços com alto valor agregado ainda precisam de muitos investimentos. As pequenas e médias empresas, que empregam um maior número de pessoas no País, também têm poucas linhas de captação de recursos para as suas operações.As empresas dos setores de informática, eletrônica, biotecnologia, robótica e outras, que exigem importantes volumes de investimentos para pesquisas, estão necessitando de programas de incentivo e linhas especiais de financiamento. Por sua vez, as empresas dos setores de fabricação de aeronaves e automobilístico se apresentam como exceção à regra e competem em mercados internacionais de forma muito eficiente. Nos setores de mineração, siderurgia e papel e celulose temos empresas com capacitação internacional, que têm operações em outros países e efetuam sofisticadas operações no mercado internacional.Os instrumentos de captação de recursos estão em constante aperfeiçoamento, sendo relevantes os fundos de captação de recursos: FIDC, ou Fundos de Investimentos em Créditos, Fundos de Private Equity (investem em empresas que ainda não têm ações cotadas em bolsas) e Imobiliários (especializado em créditos imobiliários). A captação desses fundos vem sendo aperfeiçoada, estando em estudo pela Comissão de Valores Mobiliários várias modificações que visam a incrementar a eficiência desses instrumentos.A fusão das duas mais importantes bolsas do Brasil acabou determinando a criação da BMF Bovespa, a maior bolsa da América Latina. Nela temos a negociação de modernos instrumentos de derivativos, que possibilitam sofisticadas operações mercantis e financeiras e um mercado aberto de ações de companhias localizadas no Brasil e no exterior (BDR, ou Brazilian Depositary Receipts). Além disso, nos mercados de balcão temos a negociação de quotas de fundos e papéis de dívida como debêntures e commercial papers. Como resultado da auto-regulação, promovida pela Bovespa, através das normas para inclusão de ações de empresas no chamado Novo Mercado, o interesse dos investidores aumenta de forma significativa. Infelizmente, a crise dos créditos subprime trouxe dificuldades para esse mercado e o volume de lançamentos de ações diminuiu de forma significativa. Esse fato traz uma grande interrogação para o futuro de muitas empresas que planejaram investimentos, que dependem da captação de recursos na Bolsa.A conseqüência da interrupção do processo de captação de recursos na Bolsa também poderá trazer dificuldades aos Fundos de Private Equity, que adquiriram empresas fechadas, tendo como objetivo a venda de ações dessas empresas ao mercado acionário.O Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) tem uma clara estratégia de apoio ao desenvolvimento de empresas de diversos setores de nossa economia, dependendo do grau de desenvolvimento do setor em que a empresa atua e da sua importância dentro do contexto econômico nacional. A gama de financiamento passa de setores que precisam aumentar a sua competitividade a setores onde as empresas já ocupam uma posição relevante em nível internacional, mas que precisam de apoio para ampliar ainda mais o seu espectro de atuação. Felizmente, as notícias que nos vêm do BNDES revelam que não deverão faltar recursos para importantes projetos de investimento.A rede de bancos comerciais é bastante forte e depois de um processo de fusões apresenta índices saudáveis de liquidez. Ela pode atuar de forma eficiente nos financiamentos de curto prazo de capital de giro, exportações e créditos ao consumidor, bem como intermediar linhas de longo prazo para financiar projetos de investimentos. Destaca-se um crescimento significativo no volume de financiamentos, o que vem possibilitando uma aceleração na demanda de bens e serviços. O aspecto positivo, que é o crescimento econômico, tem de ser confrontado com o eventual recrudescimento da inflação, que pode decorrer de uma excessiva elevação da demanda.Esses temas de grande relevância para a comunidade de negócios serão debatidos durante o 19° CONEF -Congresso Nacional de Executivos de Finanças, promovido pelo Instituto Brasileiro de Executivos de Finanças, que será realizado nos próximos dias 27 e 28 de outubro, no hotel The Royal Palm Plaza & Resort, em Campinas (SP).Para entendermos o cenário, precisamos analisar como se apresenta a demanda de recursos.
DCI