Alta no minério de ferro atinge consumidor de aço
20/02/08
O aumento de 71% no minério de ferro conseguido pela Vale do Rio Doce, em acordo assinado com siderúrgicas asiáticas anunciado anteontem, teve reflexo imediato no preço do aço no Brasil.Antes mesmo de as siderúrgicas nacionais serem atingidas pelo aumento da matéria-prima, grandes distribuidoras de aço ligaram a seus clientes, pedindo aumentos de até 13%.”Eles estão valorizando seus estoques”, afirma Edison Salgueiro Junior, diretor da Marksell, fabricante de equipamentos de movimentação de cargas para caminhões. “Como o consumo de aço está muito aquecido, as empresas estão com a carteira de pedidos completas e precisam da matéria-prima, haverá repasse.”Salgueiro foi um dos que receberam ligações de distribuidores alertando sobre o novo aumento de preços. Neste ano, o setor já havia sofrido reajuste médio de 6%. Segundo ele, o peso do aço para os equipamentos Marksell é de 15%, portanto o repasse a seus clientes não deverá ser muito alto.Montadoras e fabricantes de eletrodomésticos não quiseram se pronunciar sobre o assunto. Porém em boa parte das empresas desses setores discutiu-se ontem o que fazer, em caso de aumento expressivo do insumo. O aço responde por entre 52% e 55% do preço final de carros de passeio.Mesmo sem falar oficialmente, executivos de montadoras disseram à Folha que esperam aumento no preço do aço, que deve ser repassado parcialmente ao consumidor.Analistas de mercado também têm essa certeza: “Haverá aumento no preço do aço e repasse aos grandes consumidores”, diz Rodrigo Ferraz, analista de mineração e siderurgia da corretora Brascan.Para ele, as siderúrgicas brasileiras sofrerão menos do que as concorrentes internacionais porque produzem total ou parcialmente o minério de ferro que utilizam. É o caso da CSN, atendida integralmente pela mina Casa da Pedra e que vende parte de sua produção.Com a compra da JMendes, a Usiminas também conseguiu uma boa proteção contra oscilações de preços, e a Gerdau produz 30% do minério que usa, com perspectivas de chegar a 80%, até 2010.”Para a CSN, o cenário é particularmente bom, já que ela irá melhorar margens com a tendência de alta do minério”, diz Ferraz. “Mesmo assim, todas reajustarão suas tabelas para acompanhar o mercado e não perder lucratividade.”
Folha de S.Paulo