Aliados pedem desfecho de Doha
20/11/08
Os presidentes do Brasil e da Coréia do Sul se encontraram ontem no Palácio do Planalto para fechar acordos de cooperação em áreas como agricultura e mineração. Mas os apelos para a conclusão da Rodada de Doha sobre o comércio mundial é que chamaram a atenção. Durante o brinde para Lee Myung-Bak, no almoço realizado no Itamaraty, Luiz Inácio Lula da Silva afirmou que a conclusão da rodada é hoje uma ?necessidade urgente?. O tema foi citado no documento final do encontro, no qual os dois chefes de Estado ressaltaram ?que uma rápida conclusão das negociações da Rodada de Doha de Desenvolvimento é fundamental para o revigoramento da economia global?. O texto ressalta, também, que ambos são favoráveis a uma reforma na Organização das Nações Unidas, com a ampliação do número de membros permanentes no Conselho de Segurança ? máxima instância decisória da instituição. O Brasil é candidato a uma vaga fixa no conselho. Lula previu que o Programa de Aceleração do Crescimento (PAC) poderá abrir novas oportunidades de negócios entre as duas nações. ?Penso em projetos como o do trem de alta velocidade, o Plano Nacional de Dragagem e a construção naval, em que a capacidade tecnológica coreana é reconhecida internacionalmente?, afirmou o brasileiro. Essas parcerias, segundo o presidente, são ainda mais importantes por conta da crise financeira global. Em 2002, o montante do comércio do Brasil com a Coréia do Sul foi de US$ 1,9 bilhão. No ano passado, pulou para US$ 5,4 bilhões. Entre os projetos bilaterais acertados, dois ganham destaque. O memorando de entendimento sobre cooperação tecnológica em agricultura promoverá uma parceria entre a Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa) e a Agência de Desenvolvimento Rural da Coréia. Laboratórios de pesquisa coreanos serão instalados no Brasil, e a Embrapa vai abrir laboratórios no país asiático. Já os memorandos de entendimento na área de mineração aproximarão o Instituto Brasileiro de Mineração (Ibram) e seu equivalente coreano. Lee Myung-Bak disse ter ficado ?impressionado com o esforço? do Brasil nas negociações internacionais. Segundo o sul-coreano, o Brasil, que atualmente preside o G-20 (que reúne os países mais ricos e os principais emergentes), e a Coréia do Sul começam a se destacar no ?papel de liderança? das discussões econômicas. Neste terceiro encontro entre os presidentes, Myung-Bak convidou Lula a visitar a Coréia do Sul no ano que vem. Sobre a Rodada de Doha, o ministro das Relações Exteriores, Celso Amorim, afirmou considerar improvável que o governo de Barack Obama nos Estados Unidos rejeite um acordo final. Segundo Amorim, o democrata, que tomará posse em 20 de janeiro, tem uma visão muito multilateralista e dificilmente contrariaria um consenso celebrado por 153 países, entre eles os próprios Estados Unidos. ?Nesse caso, é muito melhor ele aceitar?, ressaltou o chanceler. Para Amorim, a conclusão do texto de Doha, que até poucos meses atrás poderia ser considerado ?chocho?, hoje daria um sinal positivo para a economia real. Penso em projetos como o do trem de alta velocidade, o Plano Nacional de Dragagem e a construção naval, em que a capacidade tecnológica coreana é reconhecida internacionalmente
Luiz Inácio Lula da Silva, sobre possíveis parcerias com a Coréia do Sul
Correio Braziliense