Alcoa mantém projeto de chegar à produção de alumínio no Pará
04/07/08
O presidente da Alcoa para América Latina e Caribe, Franklin Feder, garantiu nesta sexta-feira (4) que a intenção da empresa, que até o final do ano deve iniciar a produção de bauxita em Juruti, no oeste do Pará, continua sendo a de chegar uma redução de alumínio no Estado. Mas ressaltou que é preciso ainda vencer algumas etapas, como a garantia de energia firme, já que a indústria de alumínio é grande consumidora de energia elétrica. Ao comandar esta manhã a entrega de ajuda financeira a três instituições de Belém, Feder informou que uma pesquisa realizada pelo Ibope mostrou que 89% da população de Juruti está satisfeita com projeto Mina de Juruti. Franklin Feder disse que o fato da Alcoa ter feito um investimento pesado em infra-estrutura em Juruti, com a implantação de porto, ferrovia e toda uma estação de beneficiamento para 2,6 milhões de toneladas anuais de bauxita, mostra que seu planejamento inclui a ampliação de sua estrutura. Num primeiro momento, ele afirmou que o esforço será para expandir o volume de produção de bauxita. O segundo momento seria fazer o beneficiamento da bauxita. ?Eu sempre tenho dito que as melhores refinarias de bauxita do mundo que produzem alumina, sempre estão localizadas muito próximo às jazidas. E o terceiro passo, dependendo de decisões do governo brasileiro e estadual de buscar novos aproveitamentos hidroelétricos aqui no Pará, seria colocar uma redução de alumínio no estado. Mas esses não são investimentos pequenos e nem se implantam a curto prazo. Somente a implantação da mina leva três anos. Para se construir uma hidroelétrica são cinco anos. Mas a nossa intenção é seguir este caminho?, afirmou. O dirigente da Alcoa disse ainda que a empresa está acompanhando os movimentos para a implantação de novos empreendimento hidroelétricos, como os de Belo Monte e de São Luís, no Tapajós. ?Desculpem o trocadilho, mas muita água ainda tem que correr antes da implantação desses projetos. Do ponto de vista da Alcoa, só iremos participar desses projetos, se forem executados de forma responsável, tanto ambiental como socialmente. E temos certeza que o governo brasileiro fará dessa maneira?, disse Feder. Apoio da comunidade Desde o início da implantação do projeto, em 2005, Franklin Feder disse que a oposição de alguns segmentos da sociedade de Juruti sempre foi motivo de preocupação para a empresa. ?Obter a unanimidade é impossível. Já dizia Nelson Rodrigues, que a unanimidade é burra?. Mas ele informou que, quase três anos após o início da implantação, a pesquisa do Ibope indicou um grau de satisfação da população do município de 89%. ?Existe um segmento que ainda se opõe ao projeto, mas digo que o clima de distensão hoje prevalece. Nós estamos prestes a assinar um acordo com essa pequena parcela da população?, observou. Sobre as notícias da imprensa de que a Alcoa poderia ser adquirida por outra grande mineradora, como BHP Billiton, Rio Tinto e Vale, Feder disse que isso ocorre desde que, há dois anos, a Alcoa fez uma oferta pública para a compra da Alcan, que acabou sendo adquirida pela Rio Tinto. ?Desde o início tenho afirmado que não acredito que a Alcoa seja comprada. Porque, para essas empresas mineradoras, isso é complicado, porque elas no fundo estão interessadas na mineração e na transformação da bauxita em alumina. E a Alcoa é muito mais que isso. Somos os maiores produtores mundiais de alumina e também de alumínio e de transformados de alumínio e outros produtos. Essa parte de bauxita e alumina representa apenas um quinto do faturamento da Alcoa. A Alcoa tem o seu próprio projeto de crescimento. Nós inventamos essa indústria, somos líderes depois de 130 anos e vamos continuar sendo líderes por mais 130 anos?, acrescentou. A entrega dos cheques, numa cerimônia simples no Hilton Hotel, formalizou um investimento de R$ 450 mil em três entidades que atuam em Belém na inclusão social de crianças, adolescentes e jovens: a Fundação Curro Velho (para fortalecimento do artesanato regional, no intercâmbio entre Belém e Juruti), a Associação Damas Salesianas (que fez assistência social e prevenção da criminalidade em bairro carente da Grande Belém) e a Associação dos Pais e Amigos da Natação Azulina (que dá apoio a jovens atletas amadores, inclusive crianças carentes). Franklin Feder disse que, junto com a inauguração da Casa Alcoa, no final deste ano, o ato desta sexta-feira marca a ampliação da presença da Alcoa em Belém. ?Essa presença maior na capital fazia parte do conceito original de implantação do projeto Juruti. Fizemos isso quando chegamos a Minas Gerais e ao Maranhão e deveríamos ter feito isso há mais tempo aqui no Pará. Desde 2005 a idéia era essa. Demoramos, é verdade, por vários motivos. Mas como vamos ficar no Pará por décadas, não vai fazer muita diferença esse pequeno atraso?, garantiu Feder. Ao falar como represente do Governo do Pará, o secretário de Desenvolvimento, Ciência e Tecnologia, Maurílio Monteiro, disse que a indústria mineral é fundamental para que o estado consiga crescer algo entre 6% e 8% ao ano, como deseja a governadora Ana Júlia Carepa. Mas ressaltou que é preciso enraizar a atividade mineral. ?Nosso desafio não é apenas exportar o alumínio, mas que esse produto seja exportado com tecnologia. E isso se faz com diálogo, para convencer o empreendedor que é preciso enraizar o desenvolvimento para que todos ganhem com isso?, acrescentou Monteiro.
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